Salvador está em alerta para surto de dengue, zika e chikungunya

Índice de infestação de 2,3 casas a cada 100 foi divulgado pelo Ministério da Saúde

  • Foto do(a) author(a) Raquel Saraiva
  • Raquel Saraiva

Publicado em 29 de novembro de 2017 às 03:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tasso Marcelo/AFP

Salvador está em estado de alerta para surto do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya - a cada 100 residências, 2,3 têm focos do mosquito Aedes aegypti. No total, 44,1% dos municípios baianos estão em situação de alerta e 27% apresentam risco de contaminação pelo mosquito. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (28), em Brasília, pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Em todo o país, 3.946 cidades responderam ao levantamento, sendo 281 baianas. Dentre as 18 capitais que participaram do chamado Levantamento Rápido de Índices de Infestação de Aedes aegypti  (LIRAa), nove estão em situação satisfatória, com menos de 1% das residências com larvas do mosquito em recipientes com água parada, e as outras nove em alerta, dentre elas Salvador, Vitória (ES) e Manaus (AM).

Para realizar o levantamento, o Ministério da Saúde separa em faixas de risco, alerta e satisfatório. Aqueles que apresentam um índice de infestação de mosquito acima de 3,9% estão em situação de risco - ou seja, a cada 100 residências, quatro ou mais estão infestadas pelo mosquito. A situação de alerta é atingida quando o índice é entre 1% e 3,9% - caso de Salvador, com 2,3%. Já o índice satisfatório é atingido por aqueles bairros em que as residências apresentam índice menor do que 1%.

Ações De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), nos locais da cidade em que o índice de infestação chega a até 8%, é realizado “um trabalho exaustivo”, como na região do Subúrbio. "Vamos intensificar o trabalho agora, por causa das altas temperaturas, mas, desde o começo de novembro, nós fazemos mutirões de limpezas e, com essas ações, vários bairros apresentaram um índice abaixo de 1%”, afirmou a Diretora de Vigilância da Saúde da SMS, Geruza Morais.

Segundo a subgerente de Arboviroses do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Isolina Miguez, ações estão sendo realizadas em 22 bairros de Salvador. “As pessoas estão acostumadas a esperar os agentes irem lá e fazerem as ações de três em três meses, mas a gente quer tornar o cidadão o seu próprio agente de endemia”, explicou Isolina.

Os mutirões de limpeza para combater o mosquito são resultado de parceria entre a Limpurb e o CCZ. No próximo dia 30 de novembro, serão realizados mutirões nos bairros de Pernambués e Saramandaia. O Bom Juá recebe o mutirão no dia 4 de dezembro e a Fazenda Grande do Retiro, em 5 de dezembro. Sete mutirões foram realizados de setembro a novembro e outros nove estão programados para acontecer até o final de dezembro.

Ações educativas, como a divulgação de informações sobre o mosquito, serão realizadas em escolas, hospitais, postos de saúde e também em estabelecimentos religiosos, como igrejas e terreiros de candomblé. Antes de grandes festas, como o réveillon e o carnaval, inseticida será pulverizado em áreas estratégicas da cidade. “Vamos intensificar o trabalho que vem sendo feito desde setembro”, afirma Isolina Miguez.

Um estudo da Universidade Federal da Bahia (Ufba), divulgado na segunda-feira, demonstrou, no entanto, que a possibilidade de um surto de zika similar ao episódio de 2015 e 2016 é improvável em futuro próximo. “Devido à taxa altíssima de infecção no período de um ano e segundo um modelo matemático, podemos afirmar que a possibilidade de um novo surto é muito pequena”, diz Carlos Brites, professor de Infectologia da Faculdade de Medicina e coordenador da pesquisa.