Salvador investe menos em infraestrutura do que outras capitais do país

Em palestra, presidente da Fieb diz que capital baiana precisa de planejamento urbanístico

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  • Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2012 às 15:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/CORREIO

Salvador é um caso crítico. A constatação foi do presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), José de Freitas Mascarenhas, ao comparar indicadores da capital baiana com outras metrópoles brasileiras. Seja no ensino fundamental, na taxa de homicídio ou na mobilidade urbana os números refletem uma realidade de falta de planejamento, de acordo com o presidente da Fieb.

Na palestra Planejando o Futuro: A Infraestrutura para Salvador e Região Metropolitana, José Mascarenhas mostrou que, em 2010, Salvador foi a capital do Nordeste que menos investiu (R$ 169 milhões) na modernização da cidade, ficando atrás inclusive de São Luís, que aplicou R$ 205 milhões no mesmo período.

Metrópoles de maior porte, como Rio de Janeiro e São Paulo, investiram respectivamente 10,6% e 10,5% de suas receitas (o que representa R$ 1,6 bilhão e R$ 3.1 bilhões).  Salvador, apenas metade (5,6%). Mesmo considerando o cenário como ruim, Mascarenhas não deixou de apontar soluções. Segundo ele, não adianta pensar os problemas isoladamente, usando “esparadrapos”. Mas sim como um mosaico em que “as peças se encaixam”. O primeiro ponto a ser atacado, destaca o presidente da Fieb, é planejamento urbanístico. “É esse planejamento urbanístico que responderá pela reorganização dos espaços, do plano geral dos transportes públicos, áreas destinadas à habitação, locais para equipamentos públicos e outros benefícios à população”, comenta Mascarenhas.

Um exemplo de que a cidade precisa de planejamento é citado pelo presidente da Fieb com a obra da Via Portuária, ou Via Expressa. “Demorou tantos anos para fazerem essa obra que o Porto de Salvador não tem mais a mesma função do passado. Essa tarefa de receber e entregar maior número de carga pertence hoje ao Porto de Aratu”, salienta.

O presidente da Fieb lembrou que nem a prefeitura e o estado têm capacidade financeira de resolver os problemas. “O estado até fez um esforço agora ao realizar novo empréstimo. Mas a taxa de investimento é de apenas 6,5% do orçamento”, lembra. Como solução, restam recursos do governo federal. Fundo

“A solução é criarmos fundo federal a fundo perdido, pois estas cidades têm capacidades limitadas de empréstimos”, acrescentou Mascarenhas. Os fundos federais serviriam, segundo o presidente da Fieb, para o planejamento destas obras e para a sua execução, não deixando de lado a participação da iniciativa privada.

Mascarenhas enumerou outras ações: redução de custos da infraestrutura de serviços públicos, através do planejamento; redução de conflito de interesses, como em obras do metrô; e uso de tecnologias modernas para cidades mais sustentáveis.

Região Metropolitana

Já quando questionado sobre os problemas de infraestrutura da Região Metropolitana de Salvador, o presidente da Fieb citou duas cidades que preocupam na falta de planejamento urbano. “A princípio, acho que toda essa Região Metropolitana deve ser tratada como um conjunto. Camaçari, por exemplo, é uma área industrial, mas é preciso que se planeje um sistema de transporte decente para as pessoas resolverem onde vão morar, se aqui, ou lá”, disse.

Mascarenhas também falou sobre Lauro de Freitas, cujo problema volta a ser a mobilidade urbana. “Estão jogando em cima de Lauro de Freitas uma série de problemas que estão acontecendo aqui em Salvador. Como não há uma rede geral, você vai resolvendo os problemas aos poucos e vai transferindo daqui para mais para frente”, criticou.

Mascarenhas também ressaltou a urgência destas medidas, lembrando que a cidade sofre com a falta de investimentos há alguns anos. Por fim, o presidente da Fieb lembrou que é preciso reconquistar a confiança da população, com medidas efetivas e com transparência. E criar sintonia entre os projetos. 

“O que adianta esse metrozinho? Sem conexão com um sistema de transportes para a cidade e para a Região Metropolitana?”, questionou. José Mascarenhas sugeriu que seja contratada uma consultoria internacional que junto com os especialistas locais planejem o futuro da terceira maior cidade do país. “É preciso ter uma visão ampla. Isso terá reflexo nos próximos 40 anos.”