Salvador pode voltar a ter um dos maiores portos do Brasil

Porto de Salvador pode voltar a se posicionar entre os maiores terminais do mundo

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 24 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Construído numa cidade fundada muito em função das condições de navegação propriciadas pela Baía de Todos os Santos, o Porto de Salvador pode voltar ao seu apogeu. Pelo menos estes são os planos da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba). Ancorada no conceito de porto-cidade, a autoridade portuária federal aqui na Bahia pretende desenvolver as vocações do porto para a movimentação de contêineres, determinadas cargas gerais, como grãos e celulose, e ajudar a fortalecer o turismo na capital por meio do seu  terminal de passageiros. 

“Nós somos muito felizes em relação ao Porto de Salvador porque apesar de estar no centro da cidade, possui um acesso terrestre privilegiado através da Via Expressa”, destaca o presidente da Codeba, Rondon Brandão do Vale. Para ele, os acessos terrestre e marítimo, somados a investimentos na ampliação dos terminais, vão permitir a implantação de um hub port em Salvador – um superporto que vai funcionar como um distribuidor de cargas para todo o país. 

A capacidade de movimentação de contêineres no Porto de Salvador deve aumentar quase 10 vezes nos próximos anos. Para alcançar o status de super porto devem ser somadas as obras de ampliação do Terminal Salvador (Tecon), que já estão adiantadas, e a criação de um novo terminal do tipo, ainda no plano das ideias. Juntos, os dois equipamentos irão garantir disponibilidade para movimentar até 2 milhões de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) por ano.

Prevista para ser concluída em 18 meses, a ampliação do Tecon, operado pelo Grupo Wilson Sons, irá permitir que o terminal mais do que dobre a sua capacidade de movimentação. No ano passado, foram movimentados 203.979 contêineres, mas com a ampliação a capacidade passará a ser de 715 mil. Segundo a diretora comercial da empresa, Patrícia Iglesias, a principal melhoria está na construção de 423 metros de berço de atracação.

“Isso vai permitir que a gente tenha um cais linear de 800 metros, com  17 metros de calado [profundidade]. Contamos com estrutura e equipamento, acessibilidade rodoviária e marítima para o recebimento dos navios e daquilo que vem por terra”, explica Patrícia. “Dentro das oportunidades que projetamos lá na frente, o momento é de captar maior volume da área de influencia  do Porto de Salvador e proporcionar também uma melhoria continua aos atuais  movimentadores de carga”, completa.

Ao todo foram investidos R$ 390 milhões - mais da metade do volume de recursos aplicados no terminal desde 2000, ano em que o Tecon ganhou a concessão para operar o porto. “Com esta ampliação queremos captar volumes, principalmente, de estados da região Centro Oeste, do Norte de Minas Gerais, de Espírito Santo, Tocantins e Sergipe”, ressalta a executiva. 

Posição superior A ideia de um super porto se consolidaria com o projeto do novo terminal de contêiner, que operaria em paralelo ao Tecon. Apresentado pelo diretor-executivo da Associação de Usuários dos Portos da Bahia (Usuport), Paulo Villa, o conceito prevê a construção de um novo espaço com capacidade para movimentar 1,4 milhões de contêineres, além da operação como terminal de transbordo.

“O porto de Salvador é uma mina de ouro, que nós não estamos sabendo explorar. A nossa provocação é essa. A Bahia precisa pensar grande, do tamanho do seu estado e da sua economia”, afirma Paulo Villa, que estima investimentos na ordem de R$ 1,2 bilhão para tirar o projeto do papel até 2022. 

O Seminário Portfólio de Investimentos nos Portos da Bahia - Oportunidades de Outorgas foi uma realização do CORREIO e Codeba, com o patrocínio da J. Macêdo e UItracargo, apoio institucional da Braskem e apoio da Fieb, Usuport, Associação Comercial da Bahia e Contermas.

Perfil

Principais produtos Os principais produtos movimentados são trigo, celulose, manganês, fertilizantes e contêineres.

Acesso marítimo O canal de acesso possui um comprimento de 2,2 quilômetros, uma largura mínima de 200 metros e profundidade mínima de 15 metros. Á área destinada a manobras das embarcações soma  700 metros. 

Proteção Possui uma proteção lateral (molhe) de 920 metros de extensão e uma proteção frontal (quebra-mar) com 1,1 mil metros.  

Cais O Porto de Salvador possui 2 mil metros de cais contínuo, dividido em dois trechos. O cais comercial possui 1,4 mil metros e é dedicado a cargas gerais, granéis sólidos e passageiros, enquanto o Tecon Salvador conta com 615 metros dedicados à movimentação de contêineres. 

Retroárea pública Possui seis armazéns para a armazenagem de granéis sólidos ou cargas gerais. O pátio para a recepção de cargas diversas é de 8,6 mil metros quadrados. 

Área do Tecon Um pátio com 118 mil m² e um armazém de 4 mil m² de pallets, além de um pátio da empresa Intermarítima, com 12,6 mil  m², para contêineres. 

Acesso terrestre Possui ligação direta com a BR-324 através da Via Expressa Baía de Todos os Santos, que tem uma extensão de 4,3 quilôme- tros, com dez faixas de trânsito, sendo seis para o tráfego urbano e quatro dedicadas ao transporte de cargas. Tem capacidade para 3,5 mil veículos de carga por dia e 60 mil de outros tipos.