Salvador quer implantar o Porto 4.0

Codeba terá projeto-piloto; portos podem aplicar conceito da indústria

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  • Murilo Gitel

Publicado em 24 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

“O porto do futuro é totalmente automatizado, dotado de sistemas independentes e, ao mesmo tempo, conectados”. Foi dessa forma que a diretora de Gestão e Modernização Portuária da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Fernanda Rumblesperger, explicou a importância do conceito de porto 4.0 durante o Seminário Portfólio de Investimentos nos Portos da Bahia – Oportunidades de Outorgas, realizado no dia 15/3, no Terminal Marítimo de Passageiros de Salvador. Ela também afirmou que, para além da teoria, a capital baiana terá, em breve, uma experiência piloto com o que há de mais moderno em automação portuária.

Ainda desenvolvendo o conceito, a especialista apontou que a adoção de tecnologias digitais, que avançam rapidamente em todos os segmentos industriais, também precisará integrar os terminais portuários brasileiros. Para ela, quem não incorporar os conceitos da chamada Quarta Revolução Industrial - como internet das coisas, automação e big data, perderá competitividade.

“Um porto 4.0 tem foco no compartilhamento de dados. O nível em que isso acontece terá impacto na maturidade digital de um porto e nos benefícios associados. Para implementá-lo é fundamental integração e articulação com toda a cadeia de valor, além de saber bem quem são os parceiros tecnológicos e de negócios, e de difundir os conceitos de forma intensa e constante na empresa”, afirmou a representante do Ministério da Infraestrutura.

Em uma realidade 4.0, o carregamento é feito por sensores de peso, os navios são abastecidos por energia solar e a liberação de caminhões se dá através de leitores óticos. “Não é coisa de filme futurista e nem caro. Hoje, os sistemas são modulados, feitos em pequenas entregas. A tecnologia é constantemente atualizada e o custo acaba sendo reduzido”, defendeu.

Benefícios

Entre os benefícios de um porto 4.0 estão a ampliação do conhecimento sobre os clientes, velocidade de resposta sem precedentes às demandas de mercado e linhas de produção mais flexíveis, que geram aumento da produtividade. No evento, a especialista citou como referência o Porto de Rotterdã (Holanda), totalmente automatizado. Um dos grandes desafios, na avaliação dela, é fazer com que os portos brasileiros – que já têm um certo nível de automação, mas em uma infraestrutura antiga – se adequem à indústria 4.0.

“Você pode começar aos poucos, com a implementação de um determinado módulo de um sistema, simplesmente agregando sensores no seu ‘gate’ ou no cais para ter mais condições de identificar variações meteorológicas. São pequenos ajustes na tecnologia que vão sendo feitos, que fazem com que você caminhe em uma direção de automação”, apontou.

Bahia

Ainda durante o evento, a especialista anunciou que um projeto-piloto de porto 4.0 será realizado em breve, em Salvador; “A Codeba está bem estruturada e tem mecanismos de gestão de qualidade, o que facilita”, afirmou. 

Um indicativo de que a Codeba está atenta à necessidade de modernização foi a participação de diretores da companhia, entre o final de fevereiro e o início de março, em um curso internacional de gestão portuária realizado em Valência, na Espanha. O evento teve como objetivo servir de aprendizado em relação ao que há de mais inovador nas indústrias portuária e marinha.

“Precisamos estar atentos às novidades do mercado para garantir sempre uma melhor efetividade das operações e dos serviços nos portos de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus”, afirmou o diretor-presidente da Codeba, Rondon Brandão do Vale.

O Seminário Portfólio de Investimentos nos Portos da Bahia - Oportunidades de Outorgas foi uma realização do CORREIO e Codeba, com o patrocínio da J. Macêdo e UItracargo, apoio institucional da Braskem e apoio da Fieb, Usuport, Associação Comercial da Bahia e Contermas.

OS SETE PRINCÍPIOS

1. Transposição  É fundamental a qualificação de pessoas para interagir com novas tecnologias. Espelhamento, em ambiente virtual, das operações verificadas no ambiente físico do porto.

2. Modelo virtual  Digital twin de terminais;

3. Instantaneidade  As novidades do mercado garantem melhor efetividade das operações. Capacidade de coletar e analisar dados em tempo real; 

4. Registro distribuído  Normatização e padronização: tecnologia blockchain no controle de carga do aduaneiro. 

5. Movimentação de carga É preciso ter o entendimento das demandas de mercado amarração automatizada. No conceito do todo, processo é digital. 

6. Acompanhamento  Possibilidade de operação a distância, mesmo em caso de sinistro. 

7. Sensores inteligentes Veículos autônomos com sensores para a movimentação de contêiner.