Salvador receberá edição do Black Film Festival em novembro de 2020

Lançamento aconteceu nesta quinta-feira (5), no Espaço Cultural da Barroquinha

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 21:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marília Moreira

Um dos maiores festivais de cinema negro do mundo,  o Black Film Festival, desembarca  em Salvador ano que vem. O lançamento do projeto, que fará parte das celebrações do mês  da Consciência  Negra, aconteceu na noite desta quinta-feira (5) no Espaço Cultural  da Barroquinha, com presença de autoridades, artistas e produtores  culturais. Essa será a primeira vez que o evento acontece na América Latina, após  quinze anos divulgando a diversidade dentro e fora das telas em cidades como Toronto e Montreal. 

Idealizado pela haitiana Fabienne Colas, o Black Film Festival é  um das dezenas de projetos culturais realizadores pela fundação que leva  seu nome, e que desde 2005 atraíram juntos cerca de um milhão  de telespectadores, e envolveram mais de dois mil artistas. "Estamos ansiosos para fornecer uma potente plataforma para artistas sub-representados, enquanto alavancamos a força do cinema como provocador de mudanças sociais positivas e de forte impacto econômico”, afirma Fabienne Colas, que chegou a Salvador esta semana e já começou a articular conversas com pessoas ligadas ao setor audiovisual da cidade.

Uma delas, a montadora e produtora Daiane Rosário, coordenadora-geral da Mostra Itinerante de Cinemas Negros - Mahomed Bamba. "É importante um festival com essa potência e visibilidade internacional vir para Salvador porque permite à gente fazer conexões. Claro que é importante não esquecer que há muitos movimentos já sendo feitos aqui. E o festival chega entendendo isso, tendo esse cuidado", avalia, ao destacar como é difícil ser cineasta e ser negro na cidade, e no país. 

O circuito que promove o intercâmbio da arte com protagonismo afro através do audiovisual contempla a exibição de filmes baianos, brasileiros e internacionais. Parte da verba arrecadada com a bilheteria será destinada para o fomento de projetos brasileiros no desenvolvimento de novos filmes ou séries.

"A importância  de sediar o BFF em Salvador  é conectar esta cidade, com uma das maiores populações negras da da África, ao cenário internacional  do audiovisual. Também ajudará a fortalecer  indústria audiovisual identitária e poderosa do Brasil, melhorando  sua cadeia de produção  e gerando riqueza", defende Maurício  Magalhães,  cofundador do Salvador Black Film Festival e CEO da Giros Filmes, que realiza o evento  junto a Zaza Produções com o apoio institucional da prefeitura  de Salvador.  Claudio Tinoco, Fabienne Colas, ACM Neto e Maurício Magalhães (Foto: Max Haack/ Secom) De acordo com o prefeito ACM Neto, a vinda do festival a Salvador no mês de novembro está conectada a outras ações previstas para o mês da Consciência Negra. ""Tudo vem dentro de uma estratégia e de um planejamento de trabalho. Na semana passada, lançamos um edital voltado para o turismo étnico, com ações voltadas para as artes, culinária e turismo. Agora, a gente anuncia o Salvador Black Film Festival, no dia do lançamento do filme Revolta dos Malês. Também vamos receber, em novembro do ano que vem, o Afropunk, no novo Centro de Convenções de Salvador. Então, tudo isso vem para mostrar que a cidade está enxergando os elementos da cultura, da negritude, e de seu potencial criativo, dentro de uma estratégia econômica", detalha o prefeito. 

Para ele, todo o potencial criativo e cultural da negritude tem de ser pensado dentro de uma estratégia econômica, que diminua as desigualdades ainda caracterizadoras da cidade.“Sabemos que a população afrodescendente já oferece os principais ativos para isso: dança, música, gastronomia, festas populares, e o cinema também”, elencou Claudio Tinoco, secretário de Cultura e Turismo de Salvador."A prefeitura tem uma programação de editais que ocupa o ano inteiro. Nesse caso específico, está dentro da nossa estratégia criar o novembro como um produto, como um marco importante no calendário. A gente reconhece o marco importante da Consciência Negra, mas a gente quer que Salvador assuma o papel de protagonismo como a capital afro no Brasil. Por isso essa concentração, esse planejamento" - Claudio TinocoTransformar Salvador num destino, dar condições para o fomento da produção audiovisual local e disseminar a economia criativa da própria cidade são as principais metas previstas pela prefeitura, que também apoiou o filme A Revolta dos Malês. A première do longa também aconteceu na noite desta quinta-feira (5), no Espaço Itaú Glauber Rocha. A sessão contou com as presenças do diretor Belisario Franca e da protagonista Shirley Cruz. "Ele tem um caráter educativo importantíssimo, por isso queremos que os estudantes da rede municipal vejam. Ele aborda fatos significativos da história da Bahia e do Brasil", salientou o prefeito."Óbvio que quando você traz pela primeira vez, na América Latina, o Black Film Festival, para Salvador, que é uma das cidades com maior influência da negritude e mais negras fora da África, isso tudo tem um sentido muito maior, que é deixar plantadas aqui as sementes que vão se espalhar por essa cidade, estimulando a criatividade a produção de diversos grupos artísticos em geral" - ACM Neto