Salvador terá seis unidades de acolhimento para pessoas em situações de rua

Prefeito convocou entidades para edital que será lançado nesta terça-feira (2)

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  • Tailane Muniz

Publicado em 1 de abril de 2019 às 16:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr./SECOM

Não se sabe, ao certo, quantas e qual o perfil das pessoas que moram nas ruas de Salvador. A certeza, no entanto, é de que são muitas as que vivem em situação de total vulnerabilidade, de acordo com a Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps). O acolhimento a este público que, em muitos casos, vive sob reação de substâncias psicoativas, motivou a prefeitura a criar uma rede de apoio e resgate. ACM Neto divulga projeto para moradores de rua (Foto: Betto Jr/Secom) Lançado pelo prefeito ACM Neto na manhã desta segunda-feira (1º), no Palácio Thomé de Souza, o projeto, que ainda não tem nome definido, busca parceiros - grupos ou ONGs - que já tenham entendimento de como vivem estas pessoas e quais são suas maiores fragilidades. A previsão é de que seis unidades de acolhimentos a moradores de rua sejam criadas, em localidades distintas da capital. Entidades de Salvador podem se inscrever no edital, que será lançado nesta terça-feira (2).  

Os equipamentos, que vão dispor de atendimento médico, psicológico e social, deverão ficar pronto ainda este ano. Eles vão atender a um total de 210 pessoas, sendo 35 por unidade, de acordo com o secretário da Semps, Leonardo Prates. "Estamos esperançosos de que seja uma referência na cidade, queremos nos cercar de instituições que já são atuantes. É o maior investimento que esse setor já viu. Serão R$ 4,1 milhões investidos em despesas anuais", afirmou Prates, ao citar o valor total do investimento, de R$ 346,5 mil. O prefeito ACM Neto explicou que um censo, que vai ser realizado em conjunto com o Projeto Axé - um dos pioneiros em ações sociais da cidade -, deve dar uma ideia mais clara do perfil dos moradores de rua da capital baiana. Sejam eles dependentes químicos ou não, ACM Neto afirmou que o problema será tratado sob uma perspectiva clínica, econômica e social.

Também estiveram no lançamento o vice-prefeito e secretário de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Bruno Reis; a subsecretária da Saúde (SMS), Lucimar Rocha e representantes de entidades sociais.

17 mil nas ruas O Projeto Axé já tem um indicativo de qual seja esse público. Seu presidente e fundador, Csare de Florio La Rocca, disse ao CORREIO que o primeiro segmento de pesquisa, finalizado no meio de 2018, indicou que 17 mil pessoas sobrevivem nas ruas da capital. 

Por meio das cerca de 1800 entrevistas realizadas nas ruas, o Axé identificou que o morador de rua mais novo tem 9 e, o mais velho, 91 anos. A maior parte delas é de homens, adiantou Cesare. Segundo ele, o resultado foi apresentado à prefeitura, que solicitou pesquisas mais específicas, para que um perfil dessas pessoas seja traçado."Muitos ambulantes que se tornaram moradores de rua porque têm a necessidade de resguardar a mercadoria, por exemplo. Há também a especificidade da população de rua LGBT, que é uma população marginalizada. Os próximos passos buscam revelar esse perfil específico", afirmou o presidente do Projeto Axé, em referência à solicitação da prefeitura.Cesare acrescentou, ainda, que a pesquisa é realizada com os pesquisadores do projeto, junto com membros do secretariado municipal, com parte teórica apoiada pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). 

"Há anos, o Axé luta por políticas públicas em favor das populações de rua, dos ambulantes e LGBT. Nossos estudos estão sendo muito bem absorvidos pela Semps. Estou muito feliz em ver que tudo isso está acontecendo, a prefeitura está assumindo uma postura moderna, inovadora e respeitosa".

Atenção diferenciada Neto reiterou que reconhece que as pessoas não moram na rua por questão de escolha. O prefeito apontou problemas familiares, uso de drogas e problemas de relacionamento como as principais causas. 

"Eles precisam de cuidado e atenção. São pessoas que vivem em situação de extrema vulnerabilidade porque têm limitações em casa, ou de relacionamento, ou porque sofreu atos preconceituosos. Tudo isso somado, em alguns casos, ao uso de substâncias psicoativas e falta de expectativa", explicou."Queremos que enxerguem saída, que tenham alimento, abrigo, mostrar que existe uma luz no fim do túnel. A ideia é que tenhamos uma distinção no atendimento para cada tipo de público e necessidade, porque se você mistura o acolhimento, às vezes a pessoa se sente vítima de preconceito", completou ACM Neto.O gestor apontou, ainda, alguns locais aos quais classificou como "críticos", como a região da Gamboa de Baixo, na Avenida Contorno, Ladeira da Preguiça, dentre outros lugares, por onde é comum encontrar pessoas vivendo sob viadutos e sem nenhuma estrutura.