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Salvador Vai de Bike: destaque no incentivo ao uso de bicicletas, Salvador se prepara para ampliar ações


 

Novas capacitações, geração de renda, bicicletas elétricas e multa moral 2.0 estão nos planos do projeto

  • Do Estúdio

Publicado em 30/06/2021 às 06:00:00
Atualizado em 22/04/2023 às 09:54:08
. Crédito: Fotos: Divulgação

Em busca de uma atividade física que lhe ajudasse a manter um bom condicionamento e, também, servisse como um momento de lazer e distração, Karina Silveira, 50 anos, resolveu dar uma chance ao ciclismo de rua e tentar se reconectar com uma atividade que tanto lhe agradava quando era mais jovem. A assistente social se habituou a usar a bicicleta como meio de transporte quando morou nos Estados Unidos, mas abandonou o hábito quando voltou a morar em Salvador. “Há nove anos, o cenário era muito ruim, a cidade não tinha infraestrutura nenhuma, os motoristas eram hostis e a maior parte dos praticantes eram homens. Um cenário completamente diferente do atual”, diz. 

A assistente social percebe um boom no número de ciclistas durante a pandemia e o que era uma atividade de lazer se tornou sua fonte de renda. “Ano passado, com a pandemia, perdi meu emprego e encontrei dificuldade de me recolocar no mercado, principalmente por conta da idade”, explicou. “De repente, alguns conhecidos me estimularam a virar personal biker (uma espécie de personal trainer para ciclistas) e fiquei surpresa com o número de pessoas que estão querendo entrar no mundo da bicicleta. Mas isso só é possível em Salvador porque avançamos muito. Ainda tem muita coisa a ser feita, mas hoje vemos a diferença do que era”, completa. 

Vai de Bike Ainda com muitos desafios pela frente, Salvador saiu, nos últimos anos, das últimas para as primeiras colocações entre as cidades que mais avançaram nos investimentos para criar um ambiente mais seguro para os ciclistas. Através do Movimento Salvador Vai de Bike, implantado pela Prefeitura por meio da Saltur, em 2013, a capital ganhou centenas de novos adeptos ano após ano.

De acordo com o presidente da Saltur e coordenador do Salvador Vai de Bike, Isaac Edington, a Prefeitura hoje entende que, além dos benefícios individuais que a bicicleta oferece para quem a utiliza por esporte ou como meio de locomoção, a cidade também se beneficia com o aumento das magrelas no dia a dia.“Há uma equação que já é testada e aprovada em todo o mundo: mais bicicletas resultam em menos estresse e conflitos. Como lazer ou como transporte, não tem contraindicação e pode ser utilizada por pessoas de qualquer idade. Grandes metrópoles do mundo já entenderam isso, por isso incentivam, e nós não poderíamos ficar para trás”_ Isaac Edington, presidente da Saltur e coordenador do Salvador Vai de BikeSomado aos investimentos em infraestrutura cicloviária, campanhas permanentes de conscientização, implantação do sistema de bike compartilhada e diversas ações desenvolvidas para estimular o uso das bicicletas pela população - como a permissão do tráfego das bicicletas em todos os ascensores em funcionamento na cidade, a exemplo do Elevador Lacerda e Planos Inclinados e nas embarcações que fazem a travessia entre a Ribeira e o Subúrbio Ferroviário -, a Prefeitura planeja reeditar e ampliar ações de sucesso, a exemplo da “multa moral”, advertência introduzida em 2018, e aplicada aos condutores que forem flagrados com o veículo estacionado sobre as ciclovias ou ciclofaixas da cidade. É permitido o tráfego das bicicletas em todos os ascensores em funcionamento na cidade A “multa” será em formato de adesivo fixado sobre o veículo do infrator. “Vamos trazer de volta a multa moral, nesse modelo 2.0, para chamar a atenção dos motoristas que obstruem o espaço reservado às bicicletas. É uma questão de segurança, pois quando a ciclovia está obstruída o ciclista é obrigado a ir para a pista e passa a correr o risco de sofrer um acidente”, afirma. 

Trânsito consciente  Para Karina Silveira, a maior transformação capaz de trazer segurança para a turma do pedal é a conscientização não só dos próprios condutores como também dos ciclistas que estão começando a pedalar. “Hoje a situação melhorou, mas ainda é comum lidar com motoristas que buzinam, gritam, fecham os ciclistas no trânsito e, também, dos ciclistas mais novos que não sabem como se comportar no meio do tráfego”, aponta. “É preciso conscientizar sobre o uso de sinalização e equipamentos adequados, através de campanhas, e levar isso também para as comunidades para as pessoas que não tem acesso à informação”, completa.  Cerca de 2 mil motoristas de ônibus foram capacitados para lidar com a presença dos ciclistas nas ruas O titular da Saltur revela que uma das iniciativas que tiveram maior impacto positivo na relação entre ciclistas e demais veículos no trânsito foi a capacitação de motoristas de ônibus, que treinou mais de 2 mil rodoviários para lidar com a presença dos ciclistas no dia a dia. Agora a Prefeitura planeja expandir essa capacitação para taxistas e motoristas por aplicativo. “São dinâmicas que fazem as pessoas sentirem na pele a vulnerabilidade dos ciclistas, e isso ajuda à construção da empatia, assim o trânsito vai se tornando mais seguro para as bicicletas. Por isso queremos trazer esse trabalho de volta e expandir os públicos alcançados”, comenta. 

Dentro das comunidades, a bike assumiu um papel estratégico. Através de amplas campanhas de conscientização, a Prefeitura implantou como parte das 101 ações apresentadas para contribuir com a retomada da economia da cidade, o projeto Bike Comunidade que tem por objetivo estimular o uso da bicicleta com instrumento de geração de renda. “A bike também pode ser uma ferramenta para o cidadão ganhar dinheiro por meio de serviços de entregas, transporte de materiais, prestação de serviços de maneira geral”, ressalta Isaac. “Nosso objetivo é seguir expandindo esse e outros novos programas que ampliem cada vez mais a ciclomobilidade em nossa capital”, diz.  O projeto Bike Comunidade estimula o uso da bicicleta com instrumento de geração de renda Vai uma forcinha? 

Uma novidade que deve agradar quem acha que Salvador não combina com bicicleta por conta das ladeiras é o “pedal assistido ou pedelec”. Trata-se de uma bike elétrica que, conforme você pedala, aciona o motor, proporcionando uma propulsão maior, sendo útil especialmente subidas. A potência pode variar entre 30% e 200%, a depender do modelo. 

Ainda pouco utilizada em Salvador por conta do preço, o modelo deve chegar por aqui através do sistema de compartilhamento. Isaac Edington comenta que a Prefeitura vem estudando formas de viabilizar a modalidade.“Estamos em busca de parcerias com a inciativa privada para trazer o pedal assistido para Salvador. Nosso objetivo é estimular cada vez mais o uso da bicicleta na cidade, já que o cidadão se torna mais saudável, o trânsito mais tranquilo e o meio ambiente agradece”_Isaac EdingtonEm 2014, Salvador foi a quinta cidade brasileira a receber o sistema de bikes compartilhadas. Inicialmente, a operação era exclusiva da parceria mantida entre a prefeitura e o Itaú e, posteriormente, passou a contar com as magrelas disponibilizadas também pela própria Saltur. Atualmente são 50 estações de compartilhamento e 400 bicicletas disponíveis para uso da população. 

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