São João: Salvador registra, em média, três pessoas queimadas por hora

Comerciante está em estado grave após se jogar em fogueira; veja dicas de prevenção

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  • Milena Hildete

Publicado em 24 de junho de 2018 às 11:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

O comerciante Sírio Porto Barros, 47 anos, está internado neste domingo (24) em estado grave do Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador. De acordo com informações de um amigo da vítima, o pedreiro José Carlos dos Santos, Sírio  se jogou em uma fogueira após terminar o relacionamento com a namorada, não identificada pelo CORREIO, no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), no sábado (23). José Carlos está no HGE aguardando o amigo, Sírio; Marcelina foi para o hospital com o marido, que se queimou na fogueira Foto: Milena Teixeira/CORREIO Ainda segundo José Carlos, a vítima começou a beber no início da manhã "por estar separado da mulher". No início da noite, Sírio se jogou no fogo. "Ele se jogou na fogueira e para tirar deu foi trabalho. Eu pedia pra ele sair, mas ele se jogava na fogueira grande. Quando chegou aqui, ele me me contou que tinha feito isso por causa da paixão por essa mulher, que eu nem conheço", disse o amigo.

Sírio é um dos 20 pacientes que deram entrada no Hospital Geral do Estago (HGE) com ferimentos causados por  queimaduras e explosões com bomba entre entre 18h e meia-noite de sábado (23). Para de ser ideia, a unidade registrou, em média, três casos a cada hora.

Dos 20 casos registrados da unidade, 13 foram causados por explosões por bomba e sete por queimaduras.Conforme informações de boletins de ocorrências registrados pela Polícia Civil da unidade, seis das vítimas são crianças. A menor delas, João Miguel Silva Neri, que tem apenas um ano.  

Segundo Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), em 2017, o HGE - que é o centro especializado em queimados do estado --  realizou 53 atendimentos entre os dias 23 e 25 de junho, sendo 24 de queimaduras por fogos e 29 por explosão de bomba. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que vai divulgar o balanço dos acidentes envolvendo bombas e queimaduras nesta segunda-feira (25).

A comerciante Mariluce de Jesus, 54 anos, foi acompanhar o marido, o também comercainte Gabriel de Jesus, 60 anos, no HGE. De acordo com ela, o acidente ocorreu por volta das 18h, quando a  vítima começou a acender uma fogueira com gasolina. "Ele pegou a mangueira com gasolina e começou se queimar. Ele todo ano faz essa fogueira, porque é uma tradição da nossa família, mas esse ano aconteceu um estrago danado", disse ela. O casal mora em Porto de Sauípe, localidade de Entre Rios no Litoral Norte.

Como Mariluce, a lavradora Marcelina Santos, 58  anos, também foi acompanhar o marido, o aposentado Gilberto Conceição, 69 anos, no HGE. Gilberto se queimou quando foi acender a fogueira que estava no fundo de sua casa na cidade de Valença. "Ele fez a fogueira de dia e quando foi de noite, ele jogou a gasolina. Quando meu marido despejou a gasolina, o fogo subiu. Eu estava na cozinha e só ouvi o estrondo", conta.

Durante o acidente, Marcelina ainda queimou as mãos. "Quando eu vi que ele estava se queimando fui tentar tirar e acabei queimando as mãos", diz ela.

Dicas para se prevenir das queimaduras Os fogos de artifício fazem parte das comemorações juninas, dos traques de massa aos rojões, tudo é válido para animar e embelezar a festa. Mas, o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA) alerta para os cuidados com o manuseio dos materiais. Os artefatos são distribuídos por categoria de acordo com o público, devem ter o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), e devem ser adquiridos em locais certificados pelo CBMBA.

Existem as categorias A e B que são para crianças e adolescentes e as C e D, apenas para maiores de 18 anos. É imprescindível que as normas de utilização sejam seguidas, assim como as orientações dos fabricantes e a validade dos materiais. O CBMBA alerta ainda, que mesmo dentro da faixa etária apropriada para usar o artefato, as crianças devem sempre ser supervisionadas por um adulto.

Alguns tipos de fogos não podem ser comercializados no varejo, só devem ser vendidos a caixa fechada, contendo as instruções de uso. Outro destaque para que os acidentes sejam evitados é soltar os artefatos em locais apropriados, sem aglomeração de pessoas, nem próximo de árvores ou fiações elétricas, dessa forma o artefato consegue subir com segurança.

No caso de queimaduras, deve-se lavar bem o local com água corrente e em temperatura ambiente e caso tenha uma grande extensão, o ferido deve ser levado para a unidade de saúde mais próxima. É importante que as pessoas não usem as receitas caseiras como passar manteiga, borra de café ou pasta de dente, pois podem agravar a situação.

As bolhas causadas pela queimadura também não devem ser estouradas, pois elas hidratam a área afetada e são uma proteção contra bactérias, já que sem elas, a lesão pode ficar exposta.

Dicas de segurança

1. Não solte balões. É crime. A tradição de soltar balões pode provocar morte e destruição. Após ganhar os céus, os balões fogem do controle, podendo atingir residências, indústrias, hospitais, flora e fauna.

2.  Solte fogos apenas em locais seguros. Não solte fogos em meio às pessoas, próximo a veículos, próximo às barracas de fogos ou a postos de gasolina.

3.  Não pule sobre fogueiras. Esse costume pode lhe custar a saúde ou até mesmo a vida e acabar com a alegria dos festejos juninos para toda a família.

4. Não acenda fogueira embaixo da rede elétrica e nem jogando líquidos inflamáveis. Caso seja extremamente necessário, prepare uma pequena lata com um pedaço de estopa ou tecido embebido com combustível, dessa forma a ignição da fogueira se dá a partir de uma queima controlada.

5. Mantenha-se ainda mais vigilante em relação às crianças, elas não têm noção do perigo. Não dê fogos às crianças e monitore-as mesmo quando usarem apenas os traques de massa. Não permita que brinquem próximo a barracas de fogos ou fogueiras.

6.  Em caso de queimaduras, procure lavar o local atingido com água corrente em temperatura ambiente, até que a área queimada seja resfriada. Caso haja a necessidade de cobrir o ferimento a caminho do serviço de saúde, o indicado é envolvê-lo num pedaço de pano limpo. Não use qualquer produto que não o indicado por médicos após o atendimento.

7.  Se precisar, ligue o número de emergência do Corpo de Bombeiros (193), passando informações claras sobre o tipo de ocorrência.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier