'São trabalhadores', diz irmã de um dos suspeitos de atacar grupo na Ribeira

Manifestação bloqueou trecho da Av. Suburbana por 3 horas

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  • Nilson Marinho

Publicado em 17 de setembro de 2018 às 11:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Familiares, amigos e vizinhos de José do Carmo de Jesus Reis, 32 anos, e Maurício Ferreira Cavalcante, 23, suspeitos de jogar quatro jovens no mar da Ribeira, fizeram um protesto na manhã desta  segunda-feira (17), na Avenida Suburbana, ocupando a via no sentido Centro, por quase três horas. 

O grupo de manifestantes pedia mais clareza na apuração do caso. Eles alegam que os dois foram acusados injustamente de homicídio, tentativa de homicídio, tentativa de estupro e lesão corporal leve, após um passeio de barco com quatro amigos - um deles morreu afogado. 

No final da tarde da quarta-feira (5), os quatro jovens - dois homens e duas mulheres - entraram no barco de pesca dos dois suspeitos para um passeio. 

De acordo com o registro policial, já na região da praia do Alvejado, em Plataforma, as vítimas disseram ter sido obrigadas a se jogar no mar, depois das duas meninas sofrerem uma tentativa de estrupo dentro da embarcação.

Um dos jovens, que também embarcou no passeio, identificado como Robson de Jesus dos Santos, 19, morreu  afogado e o seu corpo foi encontrado por pescadores dois dias depois na praia do Alvejado. José e Maurício acabaram presos no último dia 11 por uma equipe da 29ª Delegacia (Plataforma).

As famílias dos suspeitos relatam que os dois, no dia do crime, saíram de casa à tarde no Lobato para consertar a embarcação de José que estava ancorada no bairro da Ribeira. Às 17h, os dois disseram que o grupo de amigos se aproximou pedindo para fazer um passeio para ver o pôr do sol. Prontamente, José e Maurício convidaram o grupo para subir no barco. 

Às 17h30, eles teriam retornado para costa onde os três jovens - duas meninas e um rapaz -, encontraram com Robson, que só integrou o passeio na segunda viagem. 

Ao cair da noite, relatam ainda a família dos suspeitos, por volta das 18h, os dois avisaram ao grupo que era preciso retornar até à margem da praia. Mas eles, afirmam, preferiram ficar em um banco de areia, conhecido como 'coroa da praia da Ribeira', que fica a cerca de 50 metros da praia. Essa foi a última vez que os dois teriam visto os amigos."O meu irmão está sendo acusado injustamente. Temos provas, testemunhas que viram que os dois saíram de lá esse horário, ancorando o barco no mesmo lugar que estava antes. São trabalhadores e pais de família. Não entendemos os motivos para serem acusados dessa forma", disse a irmã de José, a dona de casa Tatiane Maria de Jesus, 36.  Tatiane segura cartaz durante protesto, na manhã desta segunda (17) (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A versão, no entanto, é diferente da que os próprios suspeitos disseram ao delegado Luís Henrique Costa, responsável pelas investigações."Eles foram interrogados na frente do advogado de ambos, e me disseram com todas as letras que abandonaram os jovens no mar. Não acho que sejam bandidos de facção, mas inocentes eles não são e agora a Justiça decidirá o futo deles", disse ao CORREIO.Ainda segundo o delegado, o inquérito foi finalizado e enviado ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) na sexta-feira (14). Conforme a Polícia Civil, um juiz autorizou a prisão dos suspeito. O MP-BA, no entanto, tem poder de solicitar à Justiça a revogação das prisões. O CORREIO procurou o MP-BA mas não obteve retorno.Outra versão Segundo a irmã de de José, Tatiane Maria, depois de ancorarem o barco, os dois suspeitos retornaram para suas casas e, logo depois, por volta das 20h, voltaram para Ribeira para assitir um jogo de futebol. 

"Meu marido esteve em casa. Eu quero que a verdade venha à tona porque ele não deve nada. É uma injustiça o que estão fazendo", desabafa a dona de casa Laís dos Santos, 21, esposa de Maurício, que trabalhava antes da prisão como vendedor ambulante. José é frentista. Os dois suspeitos são vizinhos e costumavam pescar juntos.

Os amigos, durante o passeio, fizeram uma foto dentro da embarcação onde é possível ver os jovens e, ao fundo, os dois suspeitos na companhia deles. "Você acha que se meu filho fosse cometer o crime se deixaria ser fotografado? Eu estou doente com isso. Quero justiça", questiona a mãe de José, Erenita Maria de Jesus, 56. (Foto: Reprodução) Desde que se apresentaram à polícia na companhia de advogados os dois não têm contato com a família. Mas, por meio da defesa, os suspeitos disseram estar assustados e com medo da repercussão do caso. Segundo a família, os dois permanecem em uma única cela separados do restante dos detentos do Presídio da Mata Escura.

Os manifestantes ocuparam a faixa da Suburbana cinco vezes. Eles permaneceram no local das 6h às 9h30. Agentes da Transvaldor e uma viatura da polícia acompanhavam a movimentação.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier