'Se desconfiar que é PM, matam', diz capitão amigo de policial morto em shopping

Subtenente Fortuna, 40 anos, foi o 17º policial militar morto este ano na Bahia

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  • Tailane Muniz

Publicado em 29 de setembro de 2017 às 09:25

- Atualizado há um ano

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O capitão da Polícia Militar André Prado trabalhou cinco anos com o subtenente Fabiano Fortuna e Silva, 40 anos, que morreu após ser baleado na tarde desta quinta-feira (28), no Shopping Paralela, em Salvador. Ele acredita que o porte físico do PM pode ter motivado a morte do amigo. "Ele era um cara forte. O corte do cabelo, o jeito de se portar, tudo denunciava que ele era policial", afirmou o capitão que, nesta sexta-feira (29), esteve no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) acompanhando a liberação do corpo do subtenente. Fortuna foi o 17º policial militar morto este ano na Bahia. 

André não acredita que o amigo reagiu à abordagem. "Eu duvido muito. Hoje em dia, é aquela coisa: quando o marginal percebe um PM, ele mata mesmo. Ele atira para matar, como esses dois bandidos fizeram quando atiraram nele covardemente, à queima roupa. Se desconfiar que é PM, eles matam mesmo", lamentou o amigo. Fortuna será enterrado nesta sexta-feira (29), às 16h, no Cemitério Bosque da Paz. 

Após o crime, os amigos de Fortuna se desesperaram ao ouvir um áudio atribuído ao PM, que circulou em grupos de WhastApp. Conforme o colega de trabalho e amigo, capitão André Prado, no áudio, um homem que seria Fabiano gritava: "Alfa 11, pelo amor de Deus, alguém me ajuda. Eu tô baleado no Shopping Paralela. Socorro! Socorro", lembrou o capitão. "Era um pedido desesperador, de alguém que sabia que estava morrendo". A autenticidade do áudio não foi confirmada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Fabiano trabalhava há cinco anos na 9ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Pirajá). Ele não estava de serviço no momento do crime e integrava a corporação há 19 anos, com passagens pelas especializadas Rondas Especiais (Rondesp), Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto), Polícia de Choque, e, por quatro anos, chefiou a equipe de segurança da Prefeitura de Salvador. 

[[saiba_mais]]Filho único da mãe e primogênito do pai, o PM era solteiro e tinha um filho de 18 anos. Ao CORREIO, sem se identificar, o irmão contou que a principal característica de Fabiano era a honestidade. "Ele vivia a PM e amava o que fazia. Era um homem íntegro, muito honesto", disse, com os olhos marejados. 

Bastante abalado, o também amigo da vítima, o servidor Rodrigo Cseko, 38, disse que o subtenente vai ser lembrado para sempre. "Com muito carinho. Pelo homem de caráter, integridade e amor a tudo o que fazia na vida", destacou.