Se Eu Fechar Os Olhos Agora aposta na fórmula do ‘quem matou?’

Adolescentes são acusados injustamente da morte da jovem Anita na minissérie de suspense

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  • Naiana Ribeiro

Publicado em 7 de abril de 2019 às 06:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação
Isabel (Débora Falabella): Primeira-dama de São Miguel, casada com Adriano e mãe de Cecília e Vera Lúcia. Mantém a ordem dentro de casa e cuida para que as filhas não saiam da linha.

Racismo, intolerância e direito das mulheres são alguns dos temas tratados em Se Eu Fechar Os Olhos Agora, minissérie de Ricardo Linhares que estreia na Globo/TV Bahia dia 15 de abril, logo após O Sétimo Guardião, e vai ao ar às segundas, terças, quintas e sextas, no horário das 23h, até o dia 30. Cheia de mistérios, suspense e reviravoltas, a obra estará disponível amanhã para assinantes do GloboPlay, plataforma de streaming da Globo.

A história, que se passa na  década de 1960, já começa com um assassinato, que abala a pequena cidade fictícia de São Miguel, no Rio de Janeiro, e muda as vidas de Paulo (João Gabriel D’Aleluia) e Eduardo (Xande Valois). Depois de se depararem com o corpo da jovem Anita (Thainá Duarte) à margem de um lago, os adolescentes são acusados injustamente do crime e resolvem investigá-lo por conta própria. O thriller psicológico acontece ao longo de dez capítulos e é narrado por Paulo (Milton Gonçalves), já adulto.  Milton Gonçalves narra a história (Foto: Raquel Cunha/TV Globo/Divulgação) “A investigação é apenas a espinha dorsal que dá o arco dramático da minissérie. Eu uso a estrutura de thriller psicológico para abordar os dramas dos personagens, as frustrações, os segredos e os desejos reprimidos daquelas pessoas”, afirma o autor Ricardo Linhares. 

A sociedade da cidade de São Miguel é controlada pelo patriarcado branco, que ditava a hipocrisia do jogo de aparências.“É um microcosmo do Brasil, das relações de poder e opressão. A discriminação, a intolerância com comportamentos que desafiam as regras e o racismo são questões atuais, cujas raízes estão no passado”, completa Linhares. (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação) Logo no início da série, os protagonistas percebem que o mistério envolve figuras importantes da alta sociedade de São Miguel, como o prefeito Adriano Marques Torres (Murilo Benício), a primeira-dama Isabel (Débora Falabella), o empresário Geraldo Bastos (Gabriel Braga Nunes) e sua esposa Adalgisa (Mariana Ximenes), além do dentista e marido da vítima, Francisco (Renato Borghi). Todos mantinham relações obscuras e dúbias com Anita.

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Protagonista Em vida, Anita era uma jovem vulnerável e reservada, que veio de um passado simples. “Ela se torna uma mulher cobiçada pelos homens e mulheres, mas carrega uma história de muita crueldade, solidão e preconceito. A gente vai descobrindo um pouco de cada personagem através dela e as máscaras vão caindo ”, explica a atriz Thainá Duarte, em entrevista ao CORREIO.  Anita (Thainá Duarte): Esposa do dentista Francisco. Seu assassinato desencadeia a investigação de Paulo, Eduardo e Ubiratan, que trará à tona segredos de figuras importantes de São Miguel (Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação) Aos 23 anos, ela já esteve na novela I Love Paraisópolis e no filme Mundo Cão. Também é uma das protagonistas da série Aruanas, ao lado de Leandra Leal, Taís Araujo, Débora Falabella, prevista para ser lançada na Globo no segundo semestre deste ano.

Filha de uma menina de 12 anos que foi engravidada por um senador, Anita é um dos destaques da minissérie. Ela aparece em vários flashbacks, à medida em que vai sendo mostrado o envolvimento com essas pessoas. “Mesmo que determinado personagem não tenha a ver diretamente com o crime, provavelmente foi conivente de alguma forma”, acredita Thainá.  Linda como uma artista de cinema, Anita (Thainá Duarte) é casada com o dentista Francisco Andrade (Renato Borghi). Seu assassinato é o motor da história (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação) Antes de morrer, a mocinha passou por uma série de humilhações e violências em vida, “vive   uma espécie de escravidão”. “Para descobrir quem foi Anita, tive que me relacionar com o  que ela foi submetida. É uma personagem misteriosa, que o público vai entender aos poucos”, antecipa a atriz. Para Thainá, Anita foi destruída muito antes de ter sido assassinada.

O público, então, muito provavelmente irá se identificar com ela. “Não vão apenas se ver, mas ter o gostinho de a conhecer melhor toda vez que ela aparece. Vamos, aos poucos, saber realmente o que aconteceu com ela. Mas há reviravoltas o tempo todo e não será possível saber quem realmente a matou até o  último segundo”, antecipa. 

O trio de investigadores Durante a perigosa investigação, Paulo e Eduardo conhecem o enigmático Ubiratan (Antônio Fagundes), a quem pedem ajuda.“A história tem uma atualidade, embora se passe em outra década. É fascinante”, resume Fagundes. Ubiratan Duarte (Antônio Fagundes): Vive num asilo em São Miguel. Misterioso, seu caminho se cruza com o de Paulo e Eduardo. Ele ajuda os dois a investigar a morte de Anita (Thainá Duarte) (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação) Misterioso e introspectivo, o homem esconde de todos a verdadeira razão por viver em São Miguel e inicialmente rejeita qualquer aproximação com os meninos, mas depois aceita ajudá-los. Juntos, os três continuam a investigação. Eles nem imaginam o perigo que correm quando decidem vasculhar segredos que as pessoas mais poderosas da cidade fariam de tudo para manter esquecidos.   (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação) “É uma relação curiosa porque o Ubiratan já é um homem cansado, angustiado, cheio de problemas, e encontra essas crianças cheias de vida. Eles se complementam: o Ubiratan dá uma certa maturidade aos meninos e as crianças dão vigor a ele”, comenta o veterano.

Apesar de muito diferentes um do outro, Paulo e Eduardo sempre foram inseparáveis. Negro, Paulo perdeu a mãe cedo e cresceu se sentindo rejeitado. Já Eduardo cresceu cercado pelo amor dos pais. Filho único, é estudioso, responsável e sonha um dia recompensar os pais pelo esforço que fizeram para criá-lo da melhor forma possível. Eduardo e Paulo encontram corpo de Anita (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação) Além de colegas na escola, são amigos para todas as horas. Essa amizade fica ainda mais forte quando encontram o corpo de Anita coberto de sangue. De início, ter encontrado o corpo da jovem parece complicar a vida dos meninos, que passam por um extenso interrogatório. Porém, quando Francisco (Renato Borghi) confessa ter matado a esposa, os meninos são liberados e a situação é aparentemente resolvida. 

A desconfiança aumenta quando o repórter Cassiano (Pierre Baitelli) suspeita que algo na história não faz sentido e ameaça investigar o ocorrido, mas logo é morto. Paulo e Eduardo ficam ainda mais assustados e têm a certeza de que alguma peça está fora do lugar.  (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação) Ao passar dos capítulos da trama, as cores - que antes eram mais vivas - vão ficando esmaecidas. Apenas Adalgisa (Mariana Ximenes), esposa de um grande empresário, aparece com roupas de cores mais fortes.“Muito bem-humorada, ela é uma mulher à frente do seu tempo. Chega até a ser sarcástica. Mas todos os personagens da minissérie têm seus mistérios, inclusive ela”, avisa Mariana. Adalgisa Bastos (Mariana Ximenes): Exuberante e carismática, é mãe de Edson. Foi Miss Distrito Federal e era a favorita para o Miss Brasil, mas abdicou do concurso para casar com Geraldo (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação) Obra é inspirada em livro de Edney Silvestre Inspirada no livro homônimo do jornalista Edney Silvestre, vencedor dos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura em 2010, a minissérie Se Eu Fechar os Olhos Agora foi adaptada por Ricardo Linhares, com direção artística de Carlos Manga Jr. Se Eu Fechar os Olhos Agora é inspirada no livro homônimo do jornalista Edney Silvestre (Foto: Divulgação) Por se tratar de um livro, a adaptação não poderia seguir fielmente o texto original, explica Ricardo Linhares. “Fui crescendo a trama, mas mantendo o universo dramático da obra, e fazendo que a cidadezinha se transformasse num microcosmo do Brasil”, revela o autor. Débora Falabella, sendo dirigida por Carlos Manga Jr. (Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo/Divulgação) “Criei personagens como o da Mariana Ximenez, a Adalgisa, que no livro não existe e é mulher do empresário Geraldo Bastos, vivido por Gabriel Braga Nunes, personagem que eu ampliei a participação e ainda criei uma historinha de amor adolescente”, diverte-se o autor ao falar das artimanhas para levar essa história para a telinha. Ricardo Linhares é o autor da série (Foto: Estevam Avellar/TV Globo) Autor do livro, Edney Silvestre deixa claro os assassinatos conduzem a história, mas há a ramificação ao trabalhar temas que descortinam a hipocrisia da sociedade. “A minissérie consegue enfatizar detalhes do livro”, pontua o escritor. Silvestre ficou surpreso pela produção ter encontrado uma cidade que passasse o clima do que imaginou na história.Minissérie foi gravada durante três meses na pequena cidade de Catas Altas, em Minas Gerais.“Encontraram Catas Altas, em Minas, que estava pronta para se transformar em São Miguel. É linda”, conta. “E o que dizer da atuação de Débora Falabella num papel que a gente não a vê fazendo uma mulher sensual, mas contida? Ela leva vantagem nisso, pois é mineira (risos)”.  Edney Silvestre elogia elenco da série (Foto: Editora Globo) O escritor revela que a personagem Anita é uma homenagem à atriz Anita Ekberg e se diz satisfeito com a escalação do elenco. “Fiquei encantado, começando pelos dois meninos, que são ótimos, João Gabriel e Xande, e tem ainda a escolha do Fagundes, que foi um presentão”, elogia. “Tem um monólogo dele, quando o personagem se lembra da tortura sofrida por sua mulher pela polícia, que é comovente. Cena digna de Fagundes”, completa. 

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