Segurança diz que não apertou vítima pelo pescoço e alega ameaça

Segundo ele, rapaz repetia sem parar "Vou matar, vou matar"

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  • Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 15:03

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O segurança Davi Ricardo Moreira, suspeito de matar um homem após uma "gravata" dentro de um mercado no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (14), disse que foi ameaçado e que não apertou Pedro Henrique Gonzaga, 25 anos, pelo pescoço. Segundo o segurança, o rapaz falava seguidamente: "Vou matar! Vou matar!".

No depoimento, Davi diz que imobilizou Pedro Henrique apenas com o peso do corpo por cima do da vítima.“O rapaz simulou um ataque epiléptico, o Davi se aproximou para prestar os primeiros socorros e teve a arma retirada do corpo. Ele chegou a apontar a arma para os presentes no mercado e, neste momento, um segundo segurança conseguiu intervir. Neste momento, o Davi e o jovem entraram em luta corporal e o segurança cai por cima dele, o deixando imobilizado até a chegada de reforços", disse ao Uol o advogado André França Barreto, que defende o segurança.O defensor afirma que o segurança acompanhou a vítima até o hospital, foi para a delegacia prestar esclarecimento e só foi solto após pagar R$ 10 mil de fiança.

Apesar da versão do suspeito, as imagens que circulam nas redes sociais mostram apenas o segurança imobilizando o jovem com uma "gravata", com o segurança sobre ele. Mesmo com pedidos para que solte o rapaz, o vigilante não o faz. 

O segurança afirmou ainda que antes de ser detida a vítima se jogou no chão, se debatendo, parecendo que estava passando mal. Ele contou que se abaixou na intenção de prestar os primeiros socorros, mas que ao ajudá-lo a ficar de lado notou que "ele estava simulando" e não tinha problemas. 

As imagens gravadas no local mostram Pedro Henrique já desacordado, com o segurança o imobilizando. Há gritos. “Tá sufocando ele. Ele tá com a mão roxa. Ele tá desacordado”, diziam testemunhas. Outro vigilante chega a tentar impedir a gravação do vídeo, dizendo que não é autorizado filmar e perguntando porque a pessoa não liga para pedir socorro. Bombeiros foram acionados e tentaram reanimar o rapaz ainda no mercado. Depois, ele foi levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, onde morreu após uma parada cardíaca. 

O segurança foi preso em flagrante, mas deixou a delegacia na madrugada desta sexta (15), após pagar fiança. Ele foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. 

O advogado da Group Protection, empresa que faz vigilância do mercado Extra, afirmou que o jovem tentou roubar a arma do segurança. Disse ainda que os seguranças do local acharam que, ao desacordar, Pedro Henrique estaria simulando um desmaio.

Problemas mentais O padrasto de Pedro Henrique afirmou que o jovem era usuário de drogas e tinha problemas mentais. A mãe dele viu o momento em que o filho foi imobilizado. A Polícia Civil disse que a mãe chegou a ligar para um amigo pedindo ajuda, afirmando que levava Pedro para uma clínica de reabilitação em Petrópolis quando resolveram parar no mercado.

Ela própria, em estado de choque, ainda não foi ouvida. Mas uma testemunha que já prestou depoimento contou que a mãe contou que Pedro e o segurança entraram em luta corporal e que a arma do vigilante se soltou durante o confronto. Em seguida, o filho foi imobilizado.

De acordo com a polícia, imagens de câmeras de segurança mostram o rapaz correndo em direção ao segurança, porém devido a qualidade das imagens não é possível ter certeza sobre o que aconteceu.

Excesso Para o delegado responsável pelo caso, Cassio Comte, houve excesso na legítima defesa. Contudo, afirma que não há sinais de que havia intenção de matar. Ele acredita que o segurança foi imprudente, por se tratar de uma pessoa treinada para esse tipo de situação, e que não seguiu as normas para sua profissão.

Até agora, foram ouvidos três funcionários do local, incluindo dois seguranças, o padrasto da vítima e dois amigos - um que estava no mercado com a família, mas não viu a cena, e outro para quem a mãe da vítima ligou.