Seis agências de turismo são vítimas de golpe em Salvador; prejuízo supera R$ 50 mil

Saiba o que fazer caso nessas situações

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  • Bruno Wendel

Publicado em 27 de março de 2019 às 04:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Pelo menos seis agências de viagens foram lesadas por uma mesma pessoa em Salvador em dois dias do mês fevereiro deste ano. O prejuízo de duas empresas, que registraram queixa na polícia, é estimado em R$ 50 mil.

Um homem, ainda não localizado, confeccionou uma identidade e um cartão de crédito, usando a própria foto e os dados pessoais de terceiros. Em alguns casos, ele usou o RG e o CPF de um advogado.

Duas delegacias realizam a investigação, já que os golpes foram aplicados em bairros distintos. Uma das unidades é a 16ª Delegacia (Pituba), onde duas vítimas do golpe foram ouvidas na manhã dessa terça-feira (26) pela delegada Maria Selma.  A outra unidade é a 14ª Delegacia (Barra). A Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur) também foi acionada para dar apoio.“Já estamos cientes de tudo e tomamos providências. A Polícia Civil foi acionada e fornecemos todas as informações necessárias. Essa pessoa deu um prejuízo de R$ 50 mil a duas empresas que registraram queixa em delegacias. Outras quatro que tivemos conhecimento optaram em somente comunicar o fato à associação, provavelmente por temer exposição da empresa”, declarou ao CORREIO Jorge Pinto, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-Bahia).Vítimas Os golpes foram aplicados nas seis agências nos dias 27 e 28 de fevereiro (abertura oficial do Carnaval de Salvador). O advogado Bruno Sampaio de Carvalho não atua no ramo de turismo, mas também foi vítima quando o seu nome foi usado no golpe em pelo menos três casos.

“No dia 27, um dos donos de uma agência de turismo me ligou dizendo que alguém queria comprar na loja dele com os meus dados. Ele desconfiou pelo valor da compra, porque ninguém chega quinta-feira (de Carnaval) à noite para gastar, mesmo que parcelado, R$ 41 mil em quatro apartamentos triplos para 16 pessoas no Iberostar. Então, o dono conseguiu o meu número e avisou. Ele não efetuou a venda e deu uma desculpa ao criminoso”, contou Bruno, que foi ouvido nesta manhã na 16ª Delegacia.

Ele disse ainda que, no dia 27 de fevereiro, o acusado conseguiu com os seus dados aplicar o golpe em uma agência de turismo no bairro do Itaigara.“Ele comprou um pacote em hotel de luxo na Praia do Forte no valor de R$ 33 mil. Uma hospedagem para sete pessoas, incluindo um adolescente de 13 anos para passar os cinco dias de Carnaval. Só que, até agora, o dono da agência não foi à delegacia prestar queixa”, falou o advogado.O advogado disse ainda que não sabe como o acusado teve acesso aos seus dados. “Não tenho a mínima ideia de como os meus dados foram parar com ele. Nunca perdi documento, mas sei que nossos dados estão espalhados por aí. Minha casa foi revirada em 2014 em Lauro de Freitas, mas não dei por falta de nenhum documento. Uma coisa afirmo: essa pessoa da foto não sou eu. Utilizaram os meus dados pessoais para cometer as fraudes. Até agora, com os meus dados, foram só três agências. Acredito que tenham mais vítimas”, declarou.  Barra O CORREIO entrevistou o dono de uma agência de turismo na Barra que também foi lesado pelo acusado. Ainda usando os dados pessoais de Bruno, o homem deu prejuízo de R$ 5.100 na compra de três passagens aéreas – duas Rio/ Salvador e uma Salvador/Rio.

“Ele ligou aqui, dizendo que queria comprar passagens, disse que o cartão era dele mesmo e veio pessoalmente, com a documentação aparentemente em ordem. Disse que as passagens eram para duas mulheres do convívio dele. A documentação foi xerocada. Tudo em nome dele, o cartão, RG e o CPF, com a foto dele. A compra foi aprovada e ele recebeu os bilhetes”, contou o proprietário do estabelecimento que preferiu não revelar o nome.

Cerca de dez dias depois, a surpresa. “Recebi um comunicado da companhia área dizendo que o titular do cartão não era aquele, que a pessoa não reconheceu a compra, porque o cartão usado não pertencia a ela. Só depois entendemos que ele (golpista) confeccionou o cartão com os dados de uma pessoa. No caso, um advogado”, contou a vítima.

Após o golpe, o dono adotou algumas medidas de segurança. “É muito difícil alguém identificar um golpe desse. Os sistemas cruzam os dados, nome, data de nascimento, mas não cruzam foto. Por isso, a minha empresa não vende mais para passante, passageiros que não tenham cadastro aqui. Só vende agora para quem tem cadastro ou quem for indicado”, declarou.Consumidor A ideia de ter o cartão de crédito clonado ou os dados falsificados deixa qualquer pessoa assustada, mas existem algumas dicas que podem ajudar a evitar esse transtorno. Segundo o titular da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon BA), Filipe Vieira, a regra número 1 é nunca perder o cartão de vista na hora das compras.“Nas compras em lojas físicas o dever do consumidor é ter sempre sob o seu poder o cartão de crédito e não deixar ele sair de seu campo de visão, para evitar que o número e o código de segurança sejam copiados ou fotografados”, afirmou.É importante também memorizar os três dígitos do código de segurança para poder apagá-los do cartão, seja raspando a numeração ou usando uma fita adesiva. Isso para evitar que, em caso de perda ou roubo, o cartão seja usado em compras online, já que muitos sites não exigem outros documentos para efetivar as despesas.

Segundo o superintendente do Procon, queixas relacionadas a assuntos financeiros é a terceira maior demanda do órgão. Em 2018, foram 972 processos relacionados a essas questões, ficando atrás apenas de problemas com Produtos (2.241) e Serviços Essenciais (1.556). No total, o Procon-BA atendeu 62,3 mil pessoas no ano passado, com percentual de 94% de resoluções.

“As cobranças indevidas, como por exemplo as provocadas por esse tipo de golpe do qual foram vítimas os personagens da matéria, fazem parte dessa categoria de Assuntos Financeiros. Por isso, é importante checar cada item da fatura, para identificar o que está sendo cobrado de forma indevida e exigir a correção”, afirmou Vieira.

A responsabilidade por resolver o problema é da operadora de cartão de crédito e da loja onde foi feita a compra. Depois que identificar o erro, o consumidor deve acionar a central de relacionamento do cartão e aguardar a correção na fatura.

Antes, durante ou depois desse processo ele pode também procurar o Procon para maiores esclarecimentos, pessoalmente, em um dos postos do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) ou através da internet, no site www.consumidor.gov.br.

Confira o que fazer:Na hora da compra, nunca perca o cartão de vista, para evitar que os números do cartão e do código de segurança sejam copiados ou fotografados. Memorize o código de segurança e, em seguida, raspe ou cubra os dígitos com uma fita adesiva para evitar que seja usado em compras online. Jamais forneça a senha para terceiros. Confira um por um os itens da fatura e, caso identifique uma compra indevida, avise imediatamente a central do cartão de crédito. O consumidor tem até 60 dias para fazer a reclamação. Se o valor da cobrança não for devolvido na fatura ou em caso de dúvidas, sempre procure o Procon da sua cidade.