Sejamos sinceros: Bahia e Vitória merecem mesmo disputar a Série A?

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  • Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Esta semana, o CORREIO promoveu um encontro de assinantes com a turma que escreve na seção esportiva - repórteres e colunistas. No descontraído bate-papo, causou certo burburinho a assertiva de uma leitora chamada Isabel Gonçalves, pelo conteúdo e pela forma lapidar com que ela deu a voz: “Bahia e Vitória não merecem jogar a primeira divisão!”.

Risada daqui, grunhido dali, concordâncias silenciosas e um “peraííí, minha amiga” ecoando na sala. A celeuma foi rápida, é verdade, mas, sejamos sinceros: dá pra discordar de Isabel?

Veja bem, nem a tricolor leitora e nem ninguém naquela sala, tricolores ou rubro-negros, desejam ver os times na zona de rebaixamento ou na segunda divisão, mas quando ela puxa o raciocínio para o merecimento, torna-se imbatível em sua posição.

Para que não me chamem de preguiçoso, evitei o Google e fui ao Grande Dicionário Sacconi, um monstrengo de uns sete quilos que ocupa minha prateleira. Ali, o verbete “merecer” dispõe nada menos que oito significados. Transcrevo alguns: 1) Ser merecedor ou digno de. 2) Estar em condições de obter. 3) Fazer jus a. 4) Prestar relevantes serviços.

Alguém aí, baseado apenas na lógica, acha que Bahia e Vitória estão sendo dignos de ficar na Série A, têm apresentado condições de fugir do rebaixamento, fazem jus à primeira divisão ou prestam relevantes serviços no campeonato? Acho que não, né?

Sejamos sinceros, caro leitor ou bela leitora: o Vitória está, neste momento, fora da zona de rebaixamento por mera obra do acaso, e não porque apresentou futebol para isso. O elenco rubro-negro é de dar dó, o futebol é apavorante e as escolhas de Mancini são inexplicáveis. A atuação da diretoria, por sua vez, é lamentável em todos os sentidos. Como merecer algo diferente do que a queda?

No caso do Bahia, atualmente ocupante da vice-lanterna, as primeiras questões que surgem são as seguintes: está em condições de obter algo diferente um time que em cinco jogos não consegue fazer um gol fora de casa? Faz jus a coisa melhor uma diretoria que se iludiu com um futebol medíocre contra equipes medonhas (Vitória e Vasco inclusos) enfrentadas na primeira parte da temporada?

Há quase um ano, no dia 1º de julho de 2017, publiquei nesta coluna um texto intitulado Vexame de Independência. É que no dia seguinte, 2 de julho, Bahia e Vitória disputariam um clássico com os dois time dentro da zona de rebaixamento.

Como se sabe, o tricolor melhorou um pouco seu desempenho e evitou o sofrimento até o final do torneio, coisa que o Vitória não conseguiu, sendo salvo, também naquela época, por obra do acaso.

O que mudou de lá pra cá? A grosso modo, mudaram basicamente os presidentes dos dois clubes, mas o planejamento ruim, a falta de criatividade, os erros recorrentes e as desculpas mal acabadas parecem imutáveis.

A esperança dos torcedores, neste momento, é que durante a Copa do Mundo os times sejam reforçados (o que é diferente de simplesmente contratar) e que os treinadores, quem quer que seja, consigam fazer as equipes evoluírem.

Se isso acontecer, talvez Bahia e Vitória mereçam jogar a primeira divisão. Se tudo ficar como está, eles podem até não cair, mas ninguém poderá tirar a razão de Isabel.

*Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados