Sem clube, ex-joia do Bahia vira jogador de Fifa e professor

Lourival teve grande destaque na base tricolor, mas não ganhou oportunidades no profissional

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  • Da Redação

Publicado em 19 de março de 2021 às 06:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: EC Bahia/Divulgação

Ele foi uma grande promessa da divisão de base do Bahia no início da década. Um dos maiores artilheiros das categorias inferiores do clube chegou aos 25 anos precisando se reinventar e, mesmo ainda como jogador profissional, Lourival "Guegué" encontrou novos caminhos, através dos e-sports e da educação. Em entrevista ao CORREIO, o atacante falou sobre o atual momento dele.

Hoje morador do Alto de Coutos, em Salvador, e pai de Mateus, de 5 anos, Lourival ainda jogava pela Jacuipense, em 2019, quando começou a ter interesse pelo mundo dos e-sports, através do jogo de videogame Fifa. Desde aquele ano, o atacante também se dedica ao Fifa Pro Clubs, modo de jogo onde se cria um jogador e o usuário o controla, ao lado de outros amigos que formam o time com os 11 jogadores. "Sempre gostei de jogar videogame. Fiquei sabendo desse modo de jogo e não parei mais de jogar", conta.

Ainda em 2019, o baiano fechou com o Duque de Caxias-RJ, que havia iniciado uma parceria com o clube Games Futebol (GF) para cessão do nome. "Eu tinha um time do meu bairro e estava em alguns grupos no Facebook. Nessa de combinar para jogar, o manager do GF entrou em um jogo, gostou da gente, e nos convidou para fazer parte". 

Entre algumas paradas, ele ficou na equipe até o início de 2021 e aproveitava a instabilidade do time carioca para acertar com outras agremiações. No Duque de Caxias, não recebia salário. "Às vezes, o Duque parava as atividades e eu acertava com outros clubes por um tempo. Em alguns eu recebia uma pequena ajuda de custo", explica. Ele revelou também que está perto de fechar com o time de e-sports do América-RN.

Diferente do jogador de campo, o Lourival dos e-sports atua como volante. No entanto, garante que sua versão atacante, dentro do gramado, é melhor que a virtual. "Para pegar a velocidade de movimentos do controle, você precisa ser muito viciado, e eu não tenho tempo para isso", diz, aos risos. Lourival é pai de Mateus, atualmente com 5 anos, e teve como último clube o Jacuipense (Foto: Reprodução/Instagram) Professor Guegué No clube carioca, Lourival conta que rapidamente foi para a diretoria e virou não só jogador, mas também o “manager”. Isso significa que era responsabilidade dele treinar e organizar treinos, contratações, titulares e outras funções como mandar propostas e marcar os jogos, como se fosse um modo carreira do Fifa com pessoas reais. Essas funções poderiam ser terceirizadas, mas ele não quis.

"Como eu sempre gostei da coisa certinha, preferia eu mesmo tomar conta", diz Guegué, que ganhou o apelido do irmão mais velho quando era criança. A responsabilidade de gestão trouxe à tona algo que ele afirma ser uma vontade antiga: a função de treinador. Sem clube desde o fim de 2019, é professor de uma escolinha de futebol em Salvador.

"Eu gosto da tática, de orientar. (Ser treinador) É uma coisa que eu já planejava desde antes, e quero ser quando encerrar minha carreira oficialmente", projeta Lourival, que tem alunos na faixa dos 11 anos e trabalha junto com o irmão, Lucas Almeida.

Relação com o Bahia Se no Fifa, o volante está perto de se acertar com um clube, no futebol real o atacante segue em busca de um novo contrato. Ele conta que teve apenas conversas e que não há propostas oficiais por enquanto. Lourival fez parte do elenco que conseguiu o acesso do Jacuipense para a Série C, em 2019, e foi dispensado ao fim da temporada.

Dispensa essa que também aconteceu no Bahia, onde era tratado como uma grande promessa nas divisões de base. "Eu não sei se teve interferência pessoal, mas acredito que o Bahia errou muito comigo pelo que eu já tinha feito e pelo que eu demonstrava em campo", desabafa Lourival.

Sem ser aproveitado na equipe profissional, o jogador teve passagens por Bahia de Feira e Ypiranga, neste último sendo um dos artilheiros da equipe na segunda divisão estadual de 2016, com quatro gols. "Sinto que ali eles (o Bahia) viram que eu tinha condições de fazer parte do grupo, mas já era tarde demais", lamenta. O atacante relata que, no último ano de contrato, não chegava a treinar com o elenco e ficava apenas na academia.

Apesar dessa relação conturbada, Guegué diz que não tem problemas com o clube pelo qual torce desde a infância. "Não vou guardar mágoa, só tenho essa dificuldade de entender o porquê das coisas terem acontecido assim", resume.

*Sob supervisão de Herbem Gramacho.