Sem lances, leilão de imóvel do primo de Serra é adiado em Trancoso

Leilão busca quitar dívida milionária dele com o Banco do Brasil

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 24 de abril de 2018 às 05:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Gabriel Carvalho/Saltur

Realizado entre as 9h e às 16h desta segunda-feira (23), o leilão do imóvel avaliado pela Justiça em R$ 60 milhões, pertencente ao empresário espanhol Gregório Marin Preciado, primo do senador José Serra (PSDB), foi encerrado sem ser arrematado. Apesar do site que realizou o evento ter recebido 461 visitas na página de informações sobre o imóvel, não houve um lance sequer. O imóvel tem tamanho equivalente a 112 campos de futebol em Trancoso, povoado de Porto Seguro, Extremo Sul da Bahia.

O leilão foi realizado a mando da Justiça para pagar uma dívida milionária que Preciado tem com o Banco do Brasil, onde tomou um empréstimo, na agência de São Bernardo do Campo (SP), de US$ 2,5 milhões de dólares, em 1993.

No processo de cobrança, a dívida aparece em 2005 com o valor de R$ 28.248.911,78. O Banco do Brasil não se manifesta sobre o caso, alegando sigilo bancário, e a defesa de Preciado não confirmou o valor atual da dívida.

No leilão adiado, o lance mínimo era de R$ 30,2 milhões. O imóvel foi comprado em 1989 de Moacyr Costa Pereira de Andrade, Cônsul de Portugal em Porto Seguro, por valor equivalente hoje a R$ 1.031.668,40. Parte dele fica de frente para a praia. Procurado, o advogado Vagner Aparecido Alberto, que está na defesa de Preciado no caso, não deu retorno ao CORREIO sobre o assunto. Com o adiamento do leilão, o processo volta para nova análise da Justiça.

Naturalizado brasileiro, ao ter se casado com uma prima de primeiro grau de Serra, para quem já fez doações em campanhas eleitorais, Preciado está envolvido em caso de corrupção na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), por parte da Petrobras.

Em 18 de dezembro, Preciado e mais dez pessoas foram denunciadas por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo R$ 17 milhões. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), em 1º de setembro de 2006 a Astra Oil e a Petrobras assinaram um acordo de fechamento da negociação para compra de Pasadena. Logo após, um outro denunciado, Alberto Feilhaber (ex-vice-presidente da Astra Oil), e funcionários corrompidos da Petrobras fizeram uso de contrato fraudulento de consultoria firmado entre a Astra Oil e a empresa Iberbras Integración de Negocios Y Tecnologia, de propriedade de Preciado, “para concluir o pagamento da propina”.

Assim, a Astra Oil transferiu, em 10 de outubro de 2016, o valor de US$ 15 milhões para a conta da empresa Iberbras, no banco Caixa Bank, na Espanha, conforme mostram documentos e informações bancárias obtidos durante a investigação, inclusive por meio de cooperação jurídica internacional.

O advogado Vagner Aparecido Alberto tem de fazer a defesa de Preciado até a próxima sexta-feira (27). Em conversa anterior, ele disse que ainda iria estudar o caso.