Sem ressalvas

por Aninha Franco

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Publicado em 16 de junho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Beleza, me sugeriu a atriz/diretora Rita Assemany, ontem, sobre a trilha de hoje. Junho de 2013, me provocou um cientista político abordando o enigma das Ruas de Junho de 2013, vividas há cinco anos. Que queriam as ruas de 2013? Queriam... A invasão da Reitoria, em 1968, numa matéria de jornal, me incendiou a memória. Instigada por tudo isso, escuto os candidatos às eleições de 2018 prometerem. Bolsonaro promete ordem e porrada. João Amoedo promete renovação política. Lula, preso por corrupção, promete consertar o Brasil que ele quebrou. E Ciro Gomes - em entrevista a Caetano Veloso - promete devolver felicidade ao Brasil.

Ciro nem quer se “eleger presidente do Brasil”. Ele quer “mexer na história do Brasil.” Ciro não quer “sair pela porta dos fundos, no meio de crise, me atolando em dificuldades.” Ele quer se “projetar para a história, ser o cara que devolveu a felicidade ao Brasil.” Ele só quer isso... Apenas. Mas seu currículo não ajuda. Aliás, se político tivesse que aprovar currículo pra receber o Poder que recebe, como Artista tem que aprovar currículo pra receber os trocados que recebe, o Brasil seria outro. Não que os Artistas brasileiros sejam todos admiráveis. Há artistas deploráveis como os políticos, mas a possibilidade de fazer o Brasil que os políticos recebem e promovem infelicidade é descomunal diante do Brasil que nem sabe que artistas existem.

Andam espalhando por aí que o que estraga o currículo de Ciro são os partidos políticos que ele percorreu: PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, Pros e PDT. Bobagem. O problema de Ciro é seu último partido, propriedade de Carlos Lupi que, com a vitória de Ciro estará oficialmente na presidência do País. É possível felicidade coletiva com o PDT de Carlos Lupi? Deem uma googada em Lupi antes de responder.

Porque apesar das ruas de Junho de 2013, da Lava-Jato de 2014, os políticos continuam não sabendo para que são eleitos. E talvez essa seja a querência de Junho de 2013. Brasileiros foram às ruas contra a ditadura e pelas Diretas Já em querências diretas. Milhares de pessoas pediram a ditadura em 1964 e a democracia em 1983/1984. Em Junho de 2013 pediu-se Governo. Talvez isso que nunca se pediu antes e que continua se pedindo agora sem muita expectativa: Governo!

Que quando votarmos num deputado estadual, ele fiscalize o poder executivo, e atenda aos interesses dos eleitores, não do governador. Que quando votarmos num deputado federal, ele fiscalize o presidente da república, e não se venda quando ele for denunciado por corrupção. Queremos votar em políticos que representem os eleitores que lhes elegem e sustentam. Básico assim. Tudo que o Brasil precisa é de políticos que façam aquilo para que foram eleitos, sem verbas extras para o paletó, o sex shop, a gasolina, os correios, etc.

Pensem num político desses na memória brasileira, um político que tenha sido eleito para trabalhar e tenha trabalhado sem ressalvas. Ele existe? Um só! Agora, ou antes? Um político que fuja à regra geral do sim, ele era inteligente mas... Sim, ele era competente mas... Sim, ele era corrupto mas...