Senta e levanta do público atrapalha Paulinho e Marisa na Concha

Barulho abafou o som das primeiras músicas do show

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  • Rafaela Fleur

Publicado em 23 de outubro de 2017 às 05:40

- Atualizado há um ano

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Com camisa social branca e instrumento na mão, Paulinho da Viola, 74 anos, subiu ao palco da Concha Acústica às 19h, de ontem, todo cheio de elegância. Sentou e começou a cantar uma das suas canções mais famosas, Tudo Se Transformou. Sua voz, no entanto, foi completamente abafada pelo público logo no primeiro minuto de show. O motivo? O chamado ‘senta/levanta’, protagonizado por algumas das pessoas que lotaram a casa para assistir ao espetáculo inédito Paulinho da Viola encontra Marisa Monte.

Alguns queriam ficar sentados, outros preferiam ficar em pé. Sem consenso, pipocaram gritos. Quem estava mais longe do palco não conseguiu ouvir nada. Foi o caso da engenheira Andressa Santana, 35, que deixou a irmã no fundo da plateia e foi até frente do palco para poder ouvir melhor. “Quando começou a discussão, ela não quis descer, mas eu vim. Paulinho fez parte da minha infância, precisava ouvir”, relata. Para o autônomo Wellington Santos, 35, mandar sentar é desrespeitoso. “É chato, as pessoas querem dançar. Ninguém tem obrigação de estar sentado”, afirma ele, que permaneceu em pé durante todo o show.

Quem frequenta o lugar, afirma que a celeuma não é novidade, como comenta o segurança na Concha Acústica, Leivy Rogério, 37. “Sempre acontece. Uma hora todo mundo senta, outra hora todo mundo levanta”, explica. Leivy ainda conta que ninguém se dirige até eles para reclamar. “Fica nessa discussão”, admite. Para a bancária Milena Almeida, o problema poderia ser evitado se houvesse uma recomendação prévia. “Deveria vir determinado no ingresso se o espetáculo seria em pé ou sentado. Acabaria com a confusão. Até porque, muitas vezes, isso atrapalha o show”. E atrapalhou mesmo. Até a terceira música. Mesmo com a confusão por causa do ‘senta/levanta’, o clima na plateia da Concha foi de emoções em família (Foto: Marina Silva/CORREIO) Segue o som Quando Paulinho começou a cantar os versos de Onde a Dor Não Tem Razão, parte do público se rendeu: alguns que estavam em pé começaram a sambar e outros que estavam sentados levantatram para dançar junto. O cantor, que não se apresentava na capital baiana desde novembro do ano passado, era aguardado por muitos.

Vestindo um longo vermelho e usando sapatos prateados, Marisa Monte, 49 anos, pisou no palco e foi ovacionada pela plateia, enquanto cantava Para Ver As Meninas, música de Paulinho que ela regravou em 2000, no álbum Memórias.

Além das canções de Marisa e do repertório de Paulinho, os artistas revisitaram o samba produzido pelos compositores da Velha Guarda da escola de samba carioca Portela, paixão comum dos dois.

Famílias Aos 79 anos, a aposentada Milta Silveira estava só felicidade. “Sou muito fã de Paulinho, coloque aí uns 40 anos. Estava esperando muito por isso”, assume. E ela não foi sozinha. Ao seu lado, Ari Silveira, de 83 anos. “Vamos fazer 60 anos de casados”, comemora.

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Há 28 anos, em 1989, quando Marisa Monte lançou seu primeiro disco, Sônia Cathala estava lá. Hoje, acompanhada da filha Débora, 29, e da irmã Ana Clara, 59, esperava ansiosa pela cantora. “Sou muito fã dela, minha filha também ama. Temos um gosto musical parecido”. Sônia confessa que cresceu ouvindo os artistas, em especial em especial a música Dança da Solidão. “Aguardo por isso desde os 10 anos”, relata. A espera valeu a pena.

Após agradecer ao público, a cantora Marisa Monte abraçou o Paulinho da Viola. “É uma honra estar aqui com ele. Nós dois temos uma relação muito forte com o samba”.