Será que Alisson vale mesmo ser o goleiro mais caro do mundo?

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  • Clara Albuquerque

Publicado em 24 de julho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Um goleiro que não passa segurança. Que não faz defesas difíceis e que não sabe sair da área. Que falha em gols de cabeça. Um goleiro que não convence, que não deveria nem ser convocado, que não merece a camisa 1 e que fez uma Copa do Mundo fraca. Que seria reserva até em alguns clubes do Brasil. 

O melhor goleiro da temporada no mesmo país que Gianluigi Buffon, um dos maiores da história. Que teve o melhor percentual de defesas no campeonato e foi o mais votado em todas as pesquisas entre torcedores para a seleção ideal. Um goleiro apontado como um dos grandes responsáveis por levar seu time até as semifinais da Liga dos Campeões depois de mais de 30 anos. O camisa 1 da Seleção Brasileira, pentacampeã mundial. Um goleiro desejado por Real Madrid, Chelsea e Liverpool. 

Por incrível que pareça, nos dois primeiros parágrafos, estamos falando do mesmo goleiro: Alisson Becker. O mais caro da história, aliás, que acabou de trocar a Roma pelo Liverpool. As primeiras frases são uma coletânea de opiniões que li de torcedores brasileiros que, claramente, não acompanharam a última temporada do número 1 na Itália. As outras relatam fatos e opiniões de praticamente toda pessoa que assiste futebol europeu e, especial, o italiano. 

Alisson é um grandíssimo goleiro. Se você tem alguma dúvida disso e, por exemplo, foi um dos que disseram que ele deveria ser reserva de Cássio, do Corinthians, deixe de teimosia e faça uma pesquisa no YouTube pra ver algumas muitas defesas milagrosas do brasileiro atuando pela Roma. Você pode continuar achando que outros são melhores que eles (muitos colocam Ederson, do Manchester City, à frente, por exemplo), mas dizer que Alisson é  ruim depois de acompanhar o trabalho dele na última temporada significa dizer que você não entende de futebol. 

Dito isso, é preciso falar sobre o rótulo de goleiro mais caro do mundo. Será que Alisson, por melhor que seja, vale 62,5 milhões mais 10 milhões de euros em variáveis (R$ 325 milhões)? Ele está tão acima de todos os outros no mundo? Provavelmente não. A questão é que estamos vivendo um mercado enlouquecido. Os valores atuais têm menos a ver com a qualidade do brasileiro e mais com a inflação do mercado. Transferências gigantescas deixaram de ser exceção e viraram regra. O próprio Ederson foi comprado pelo City, há um ano, por 40 milhões de euros do Benfica. Não acredito que seja fácil encontrar goleiros dessa qualidade em cada esquina, mas a tendência é que em um ou dois anos, surja um novo goleiro mais caro do mundo. São valores até difíceis de imaginar, mas pode se acostumar. 

Às claras Por falar no assunto, o agora segundo goleiro mais caro do mundo, Buffon, comprado pela Juventus do Parma, há mais de 15 anos, por 52 milhões de euros, tem muito a ensinar ao jogador mais caro do mundo: Neymar. No PSG, o italiano pode exercer uma influência positiva ao craque brasileiro, que teve uma Copa do Mundo desastrosa em relação a sua imagem. Nunca vi o comportamento de um jogador ser tão criticado quanto o do camisa 10 do Brasil foi durante a Copa. Pois, se tem alguém que está no extremo oposto, e vive regado de elogios sobre sua postura, esse alguém é Gianluigi Buffon.

* Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa