Série de games baianos voltados para questões históricas ganha novo lançamento

Novo jogo foca na Revolta dos Búzios e é indicado para escolas; veja também dicas com outros games baianos

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 30 de outubro de 2018 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação
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Em 1798, um movimento de caráter emancipacionista entrou para a história. Entre outras profissões, sapateiros, alfaiates, ex-escravos e escravos se uniram a advogados, padres e médicos pela solicitação de um governo democrático e pelo fim da escravidão. A revolta baiana, que foi inspirada pela Revolução Francesa, teve como lema os dizeres “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”. Agora, 220 anos depois, o fato histórico vira tema do novo jogo da Strike Games, empresa soteropolitana que lança o projeto no sábado (03 de novembro), no Museu Nacional de Cultura Afro Brasileira (Centro). O evento com apresentação do produto tem entrada franca e acontece das 14h às 16h. O game totalmente gratuito, intitulado de Revolta dos Búzios – 220 anos, traz músicas de Tonho Matéria e é o segundo de uma série da empresa que dá foco à cultura do povo baiano e ao empoderamento negro. Desde a última novidade da Strike, que contou com um game sobre a Revolta dos Malês (com o nome de Sociedade Nagô – O Início), os lançamentos da equipe vêm sendo pensados especialmente para que professores possam utilizar com seus alunos: seja no Windows ou como aplicativo para Android.       “Sem dúvidas, qualquer criança ou adulto pode se divertir em casa jogando, seja sozinho ou em família. Mas o nosso foco é mesmo para as escolas. É uma forma diferenciada para prender a atenção do estudante, que vai aprendendo enquanto é entretido”, afirma o baiano Alexandre Santos, 37, idealizador e desenvolvedor do game.Na equipe que formula os jogos, estão ainda profissionais como pedagogos e historiadores, que indicam as melhores formas de dar suporte ao conhecimento dos jovens. [[galeria]] Com faixa etária mínima de 10 anos, Alexandre afirma, porém, que o jogo tem ganhado cada vez mais o interesse dos adultos. “O ensino médio e os mais velhos têm adorado. Vemos a empolgação deles pelos fatos históricos e por essa diversão que testa mais os seus conhecimentos. Mas, de qualquer forma, é um jogo também para quem ainda está aprendendo, e a graça é toda essa”, afirma o criador do produto, explicando que, apesar do jogo não ser multiplayer (que une jogadores de diferentes locais), é possível jogar em equipe em um mesmo computador, tirando dúvidas com os professores e interagindo com colegas.    Assista ao teaser do novo game: De acordo com a pesquisa The Class of 2030 (A Sala de Aula de 2030, em tradução livre) da Microsoft, divulgada neste ano, as salas de aula do futuro vão desconstruir diversos dos padrões estéticos que ainda podem ser encontrados nas instituições atuais. Entre as mudanças, está um novo estilo de ensino que, de acordo com o estudo, vai ser costumeiro nas escolas. O estilo é conectado, justamente, a games e outros aspectos tecnológicos. Com as novas produções, a Bahia parece estar seguindo o que fica como promessa. Os exemplos demonstrados pela pesquisa, porém, apresentavam adaptações de jogos já existentes, além de novos criados. O jogo Minecraft, por exemplo, que é querido pelos jovens, ganhou uma edição especial para educação (Education Edition) na demonstração da Microsoft na Bienal do Livro de 2018. A marca mostrou como os videogames e as redes sociais serão utilizadas nas salas, que vão gerar adaptações nos acessos dos alunos para que joguem focados em aprender o ponto desejado.  Baixe o jogo para Android clicando aqui; baixe o jogo para Windows clicando aqui (Foto: Unsplhash/Divulgação) COMO FUNCIONA O NOVO LANÇAMENTO      Totalmente original, o game Revolta dos Búzios – 220 anos firma seu formato no gênero Point and Click, com influências de Graphic Novel.“Jogos desse estilo trazem interações entre o jogador com personagens fictícios e com objetos. Neles, essas interações geram desafios a serem cumpridos. É como em jogos de ‘escape’, nos quais o usuário precisa achar e saber onde usar os objetos para que consiga sair do local”, explica o criador do jogo.   O game é dividido em quatro etapas. Na primeira, o usuário interage com diários que apresentam informações históricas. Após, os personagens surgem junto com outros itens que apresentam os novos desafios. Em um terceiro momento, aparecem também livros, os quais trazem perguntas sobre a época da revolta. O jogo é então finalizado com as chamadas de ‘perguntas do mundo real’, que trazem questões conectadas ao mundo contemporâneo, para que o discente debata com colegas e escreva no caderno.           “Sem a etapa final, o jogo dura, em geral, entre 20 e 25 minutos. Com as perguntas finais, o tempo acaba sendo em torno de uma hora”, define o desenvolvedor do projeto.PERSONAGENS REAIS      Mas não é somente nos objetos que estão os lados mais reais do game. Os personagens com os quais o usuário pode interagir no jogo não são exatamente fictícios. A lista deles conta com nomes como Luiz Gonzaga, Lucas Dantas, Manoel Faustino, João de Deus e Ana Romana. “Eles vão explicando seus importantes papéis históricos e vão trazendo curiosidades, além de acréscimos nos desafios para o jogador”, explica Alexandre. Mais precisamente, a revolta envolveu seis soldados da tropa paga, cinco alfaiates, três oficiais militares, dois ourives, um pequeno negociante, um bordador, um pedreiro, um professor, um cirurgião e um carpinteiro. Ao todo, 33 pessoas foram processadas por tentarem promover o levante na cidade de Salvador contra a dominação Portuguesa. E promete ser representado nas imagens e situações do game.           No 04 de março de 2011, os quatro protagonistas da Revolta dos Búzios (os alfaiates Manoel Faustino e João de Deus, e os soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga) foram considerados heróis devido à importância que tiveram para o Estado Brasileiro. Também foram incluídos no livro dos Heróis Brasileiros. A presença feminina de Ana Romana também foi aclamada e continua a ganhar acréscimos para essa trajetória.   IMPLANTAÇÃO NAS ESCOLAS    Para as escolas que desejam aderir ao game, a empresa criadora dá todo o suporte. É possível receber aulas de capacitação para os professores, além de gincanas para os alunos totalmente organizadas e voltadas para os jogos da Strike. No dia 16 de dezembro, inclusive, mais um lançamento vai acontecer. “Vamos lançar a segunda parte do primeiro game e já estamos pensando em um outro que vai tratar de temas como a ditadura”, conta Santos. Os contatos da empresa e todos os links possíveis para baixar o jogo estão disponíveis no site oficial da marca.SERVIÇO: Lançamento do game com apresentação: Museu Nacional de Cultura Afro Brasileira (Muncab. Rua do Tesouro – Centro). Sábado, das 14h às 16h. Entrada gratuita.

OUTROS GAMES BAIANOS QUE O DESENVOLVEDOR INDICA:

2 de Julho Tower Defense (baixe agora) Game que trata das batalhas da Independência do Brasil na Bahia.

Sociedade Nagô: O Inicio (baixe agora) Game sobre a Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador em 1835.

Guerreiros Folclóricos (fique por dentro para baixar) O game traz algumas conhecidas figuras do folclore brasileiro, como o Saci, Mula Sem Cabeça, Caipora, Iara, Matinta Perera, entre outros.

Sociedade Nagô: O Resgate (ainda não disponível) Game é a continuação do Games Sociedade Nagô - O Incio, mas alterna entre 1835 e 2018. O jogo será lançado em dezembro deste ano.