Série documenta samba que mora nas casas em Salvador

O Samba Que Mora Aqui será lançado no Itaú Glauber Rocha e exibido na TVE

Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 06:25

- Atualizado há um ano

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O samba nasceu nos quintais, se fez em roda e ganhou o mundo. Há quem diga que ele nasceu no Rio de Janeiro, há quem defenda que foi mesmo na Bahia. Em Salvador, o gênero carrega consigo histórias de um povo e de uma cultura muito ligada à religiosidade dos terreiros. São essas histórias que são contadas na série O Samba Mora Aqui, dirigido por Vitor Rocha, e que estreia neste domingo (10), na TVE. Antes de chegar a TV, os quatro episódios que integram a série serão exibidos em sessão única no Cine Glauber Rocha, nesta sexta-feira (8), às 19h - a entrada é gratuita, sujeita à lotação da sala. Ao abordar diferentes rodas de samba de Salvador, mestras e mestres sambistas como Ganhadeiras de Itapuã, Riachão e Walmir Lima, a produção discute as origens do samba e sua relação umbilical com os rituais de matriz africana. A obra tem participação do maestro Letieres Leite, da líder religiosa Makota Valdina, e do ritmista Gabi Guedes e suas mãos forjadas nos toques dos atabaques. Eles apresentam as origens rítmicas do samba nos quintais que abrigavam, e abrigam, o toque sagrado do Cabula (também chamado de Cabila), sobretudo nas casas de nação Angola. (Foto: Divulgação) Segundo Vitor Rocha, a ideia de documentar a história do samba feito nos quintais das casas de Itapuã surgiu há pelo menos dez anos. "Desde quando conheci e comecei a frequentar os sambas na casa de Dona Cabocla, em Itapuã, eu senti vontade de registrar aquela movimentação", recorda.

Lucila Ferreira, conhecida como Dona Cabocla de Itapuã, foi uma influente figura na cultura baiana e integrava o grupo Ganhadeiras de Itapuã. Morta em março do ano passado, vítima de um infarto, Dona Cabloca é uma das figuras entrevistadas na série. A equipe ainda acompanhou alguns sambas em sua casa. "O samba saiu dos terreiros, das manifestações religiosas, e foi para os quintais, onde essas mulheres lavavam as roupas de ganho. Também foi para as salas das casas, durante as festas, assumindo esse caréter festivo hoje muito ligado ao gênero", recupera Vitor Rocha.

A casinha de Dona Cabocla no larguinho da rua do Gravatá aglutinava a comunidade criada no samba e tinha tamanha potência que favoreceu, inclusive, na criação do grupo As Ganhadeiras de Itapuã, em 2004. (Foto: Divulgação) Financiada pelo Edital Arte na TV – Ano I, da Fundação Gregório de Mattos, a série vai ao ar aos domingos, às 18h, com horário alternativo às terças-feiras, às 23h15. Os quatro episódios com 26 minutos cada também podem ser acompanhados pelo portal www.tve.ba.gov.br/tveonline. 

Quem for ao lançamento no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha,  está convidado a sambar com o Grupo Botequim no Pátio da Igreja de Santo Antônio Além do Carmo. Quem apresentar o canhoto do cinema tem desconto e paga R$ 10.  "É um momento de celebração. O Grupo Botequim é um antigo parceiro, ia fazer esse show, e decidimos comemorar isso juntos", conta.