Série imagina como seria o mundo se a humanidade não temesse morrer

A Bênção, do Canal Brasil, tem o baiano Aldri Anunciação como um dos protagonistas

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  • Roberto Midlej

Publicado em 29 de setembro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Edu Rabin/divulgação

O que aconteceria se a humanidade perdesse o medo de morrer? É a partir dessa pergunta que nasce A Bênção, série do Canal Brasil que estreia nesta terça (29) às 21h e será exibida uma vez por semana. A série está também no Globoplay e no Canal Brasil Play.

Na produção gaúcha, o baiano Aldri Anunciação vive o cientista Arthur, que, com o colega Lerner (Werner Schünemann), cria um medicamento experimental, batizado de Bênção, que promete bloquear o medo da morte. Inicialmente, o remédio é usado em pacientes em estado terminal, mas por insistência de Lerner, ganha um uso mais amplo e logo passa a ser consumido por pessoas sem nenhum problema de saúde, o que desencadeia uma série de dilemas éticos e filosóficos.

Além disso, a rotina dos usuários da Bênção muda completamente: o traumatizado policial Júlio (João Campos) perde o medo de entrar na linha de fogo ao experimentar a substância. Já Eleonora (Áurea Baptista), uma pacata chaveira, começa a invadir as casas de seus clientes.

Como a finalidade original da invenção é desviada, Arthur muda de ideia: “Ele sabe das consequências que a Benção vai trazer para o mundo e Lerner também sabe. O problema é que ele não quer dar continuidade ao projeto, mas Lerner quer. Então, entram em conflito um com o outro”, diz Aldri, que além de ator é apresentador de do Conexão Bahia, na Rede Bahia.

Convite Aldri foi convidado para o papel depois que os diretores e os criadores de A Bênção viaram sua atuação no filme Ilha (2018), que deu a ele o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília. A escolha provocou uma pequena alteração na história: O personagem Arthur, que inicialmente era gaúcho - a série é passada em Porto Alegre - ganhou origem baiana, tendo se mudado para o Rio Grande do Sul ainda criança. Leo Garcia e Frederico Ruas, criadores da série  Mas, ainda assim, Aldri teve que incorporar um leve sotaque gaúcho ao protagonista. Na época das gravações, passava três dias por semana no RS, onde gravava as cenas com o sotaque local. “Aí, eu vinha gravar o Conexão e a diretora [Mira Silva] dizia que eu usava o sotaque gaúcho”, lembra o ator.

Aldri relaciona o medo da morte com a pandemia de covid-19: “O novo coronavírus acionou esse medo nas pessoas. Uns, mais temerosos, aderiram logo ao uso da máscara, enquanto outros abrem mão. Acho que isso simboliza o medo da morte. E se nós tomássemos a Bênção, será que quebraríamos o distanciamento?”, questiona.

Para o ator, o medo da morte pode ser interpretado como um fator estimulante para a vida: “É o medo da morte que me faz ter uma relação mais intensa com as pessoas mais velhas, por exemplo. Com certeza, se eu não tivesse medo que eles morressem, teria uma outra relação”.

A criação da série é de Leo Garcia e Frederico Ruas, sendo que o primeiro é o principal showrunner, função específica de séries que designa alguém que acumula a função de criador, chefe de roteiristas e produtor.

“Arthur não deixa de ser um Dr. Frankestein, já que ele é autor de uma invenção e depois se arrepende, querendo destruí-la”, diz Leo Garcia. Segundo o showrunner, Bênção é um drama com pitadas de de thriller e algumas cenas de ação. “E, embora sua premissa seja fantástica, tem um tom realista”, diz.

Frederico Ruas, segundo showrunner de A Bênção, diz que a série é um comentário sobre o mundo contemporâneo. “É uma reflexão sobre nossa sociedade no século XXI, nossa relação com a violência, a morte e sua banalização”.