Série 'Orgulho Além da Tela' mostra importância de personagens LGBTQIA+

Série no Globoplay revela histórico da identidade de gêneros na dramaturgia da Globo

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  • Roberto Midlej

Publicado em 16 de outubro de 2021 às 06:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: fotos: divulgação

"Fui obrigado a abortar o assunto", diz o autor de novelas Silvio de Abreu. Outro criador, Aguinaldo Silva, diz que os personagens "pareciam ter um problema". A atriz Fernanda Montenegro revela sua indignação: "Não se esperava que isso virasse um horror". É chocante, mas essas frases falam apenas da presença de personagens LGBTQIA+ na televisão brasileira e elas estão na série documental Orgulho Além da Tela, que chegou no Globoplay no dia 11.

Em três episódios, o programa mostra como a abordagem da sexualidade na dramaturgia da Globo evoluiu desde 1970, quando, pela primeira vez, um personagem gay integrou um roteiro da emissora. Ary Fontoura, então com 37 anos, vivia Rodolfo Augusto, na novela Assim na Terra como no Céu, do baiano Dias Gomes (1922-1999).

Um recurso muito interessante da série é convidar pessoas LGBTQIA+ anônimas para darem depoimentos sobre a importância de se verem representados na dramaturgia. Um desses convidados é o estilista Almir França, de 61 anos, que fala sobre Rodolfo Augusto:"Havia uma estranheza em relação a essa identidade e isso era um incômodo pra mim que era uma criança curiosa com tudo. As pessoas riam, mas não sabiam do quê. Os comentários eram velados", lembra o estilista. Almir é surpreendido pela presença de Ary Fontoura, com quem debate a importância do personagem para a quebra de um tabu. Esses encontros entre os intérpretes e anônimos LGBTQIA+ acontecem em diversos momentos e são sempre muito emocionantes, especialmente quando os convidados falam sobre o que os personagens e as novelas representaram para sua vida.

As novelas são apresentadas cronologicamente, o que dá uma boa ideia de como a sociedade foi evoluindo, ainda que muito gradualmente, nestes 50 anos. O primeiro episódio vai desde a citada. Assim na Terra Como no Céu e passa por O Rebu, Dancin Days, Malu Mulher, Vale Tudo e outras, até chegar em Torre de Babel (1998). 

É aí que o autor Silvio de Abreu relembra os problemas que teve: "Foi um escândalo porque tinha um casal de lésbicas, como se isso fosse uma coisa absurda. O púbico dizia que gostava, mas dizia que, diante do que a imprensa dizia que ia acontecer, não ia mais assistir". Creia, leitor: isso ainda ocorria há pouco mais de 20 anos! O casal era formado por Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Sílvia Pfeiffer).

Claro que o primeiro beijo gay, entre Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso), que aconteceu bem tardiamente, em Amor à Vida, também é relembrado.

Orgulho Além da Tela, além de ser um valiosíssimo retrato da sociedade brasileira e um registro de sua memória, mostra a responsabilidade fundamental que a mídia tem e, especialmente, a TV aberta já teve, de não ser apenas um reflexo da sociedade. Seu papel é também quebrar barreiras, ousar e enfrentar preconceitos, mesmo que isso, às vezes, signifique perda de audiência e faturamento.

Aproveite o fim de semana

Neojiba O Neojiba, este importantíssimo patrimônio cultural baiano fundado há 14 anos e sempre comandado pelo maestro Ricardo Castro, volta a se apresentar neste sábado com a presença do público, em sua sede, no Parque do Queimado. Serão dois recitais com integrantes da Orquestra 2 de Julho e da Orquestra Castro Alves, duas das principais formações musicais do projeto. As apresentações acontecem às 11h e às 19h. Os eventos seguirão todos os protocolos de prevenção à covid-19 e deverá ser apresentado comprovante de vacinação. Os ingressos estão disponíveis gratuitamente no Sympla. Também haverá transmissão ao vivo pelo Facebook e pelo Youtube. Ainda no sábado, às 16h30, será inaugurada a Arca Neojiba. Nesta primeira apresentação, estarão no palco integrantes do projeto e convidados, como o grupo A Pombagem, que atua com recitais, musicais e espetáculos de teatro de rua, e um grupo musical da OAF (Organização de Auxílio Fraterno), que irá mostrar um número de maculelê.

Música brasileira O jornalista mineiro Bernardo Carvalho, no canal Causos Musicais, no YouTube, fala, muito informalmente, sobre compositores, intérpretes e músicas que são representativos de uma região brasileira. "O importante é que seja material de qualidade, não muito conhecido, por causa de um sistema de comunicação dominado por interesses comerciais", diz Bernardo, que já viveu na Bahia. Por isso, artistas baianos como Matheus Aleluia já foram temas dos vídeos. O mais recente é sobre o também baiano Roque Ferreira. E sobre ele tem um ótimo causo que envolve a gravação de um DVD de Beth Carvalho. 

Céu canta Rita Lee Já está nas plataformas musicais o primeiro single do novo álbum de Céu, Chega Mais, versão para o sucesso de Rita Lee e Roberto de Carvalho. A canção estava no primeiro álbum solo da ex-Mutantes. “Rita Lee é uma das nossas grandes feministas, a mulher da música brasileira que peitou os caras desde sempre”, diz Céu. Chega Mais integra o próximo álbum da cantora, Um Gosto de Sol, em que ela interpreta exclusivamente repertório de outros compositores e que chega às plataformas em novembro.

Os velhos clichês do cinema Está na Netflix o divertido Clichês de Hollywood: O Cinema como Você Sempre Viu. O documentário é apresentado por Rob Lowe, da série 9-1-1: Lone Star. No média-metragem, roteiristas, acadêmicos e críticos de cinema são convidados para falar sobre clichês que acontecem dentro no cinema americano, incluindo alguns bem inusitados, como a maneira como as pessoas comem maçã nos filmes e também aquele saco de pão que os personagens carregam e sempre tem a ponta de uma baguete aparecendo.