Sete casas são interditadas após desabamento no Alto da Sereia

Casa desabou parcialmente no local; terreno argiloso, chuva e maré mantém riscos

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  • Gil Santos

Publicado em 8 de maio de 2018 às 19:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

Servidores trabalham na retirada de móveis das casas (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Sete imóveis usados como residência foram interditados pela Defesa Civil do Salvador (Codesal) depois que uma das casas desabou parcialmente na comunidade do Alto da Sereia, entre o Rio Vermelho e a Ondina, na noite desta segunda-feira (7). As causas do acidente ainda serão investigadas, mas segundo especialistas, a ação da maré, o sobrepeso no terreno e a construção de forma irregular são as causas mais prováveis para o desmoronamento.

O engenheiro Leonel Borba, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea), contou que as casas foram erguidas em um terreno argiloso com rochas, e que esse tipo de solo não é muito comum em Salvador.

“Quando esse tipo de solo fica úmido, a argila se transforma em lama e, conforme a força da água, vai se desprendendo. Isso termina descalçando as pedras e, por isso, elas rolam. Ele não é muito comum em Salvador, e naquela região a ação do mar interfere bastante”, explicou Borba. Desabamento aconteceu durante a noite (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Ele afirmou que o terreno pode ser usado para a construção de imóveis, mas seria preciso fazer a contenção das pedras e as casas não poderiam estar tão próximas da beira do barranco.

A doméstica Iracema Lima, 44 anos, era dona da casa que desabou. Ela contou que uma semana antes do desmoronamento, apareceu uma rachadura no piso entre a sala e o quatro. Disse ainda que um dia antes, durante uma faxina, percebeu que as postas estavam empenadas, as janelas inclinadas e que algumas peças do piso estavam soltas.

“A gente nunca pensa que isso poderia acontecer. Construímos em cima de rochas. Eu achava que era seguro, mas não era. Perdi, praticamente, tudo, até minha TV. Ela custou R$ 2 mil e ainda estou pagando. É muito triste perder as coisas assim”, disse. Iracema escapou por pouco (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Leonel contou que quando o piso fica desnivelado ou apresenta rachaduras é um indício de recalque, ou seja, de que uma parte da casa está mais funda que a outra. Isso compromete a estrutura do imóvel e pode provocar desabamento. Quem precisar de uma vistoria pode acionar a Codesal pelo telefone 199.

Já o diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macedo, informou que os sete imóveis foram interditados - entre eles o que desabou parcialmente - pois há risco de novos deslizamentos.

“O desabamento pode ter acontecido por uma série de fatores como a ressaca do mar, o sobrepeso provocado por reformas dos imóveis e também pelo descarte irregular de água usada na lavagem de roupas no barranco”, mencionou. Casa foi 'engolida' pelo barranco (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Contenção Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), desde 2013, foram realizadas 47 obras de contenção na cidade. O investimento foi de R$ 54,6 milhões. Outras 10 obras estão em andamento, como a da Rua Candinho Fernandes, em Fazenda Grande do Retiro, com 8.500 m² de área. O recurso dessas dez intervenções é de R$ 42,4 milhões.

Outras 51 estão com projeto pronto, em fase de captação de recursos. Está prevista a entrega, ainda este ano, das obras de contenção no Barro Branco, Rua da França (7 de abril), na Praça Wilson Lins (Pituba) e na orla do Costa Azul, além do início de outras 12 obras de contenção. Um dos sete imóveis interditados (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Já o Governo do Estado disse que o Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais contempla 107 áreas da cidade. Em 35 localidades elas já foram concluídas, contemplando uma área total de mais 60 mil metros quadrados e a estabilização de 130 painéis com a aplicação de diversas técnicas, entre elas, solo grampeado, cortina atirantada e alvenaria de pedra.

O investimento total previsto é de R$ 211 milhões - recursos oriundos dos ministérios das Cidades e da Integração Nacional, além de recursos próprios estaduais para a execução de obras de contenção de encostas e complementares de urbanização, drenagem e acessibilidade, incluindo pavimentação, passeios, praças, escadarias, guarda-corpo e canaletas. Fiscal interdita uma das casas (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Balanço A Codesal informou que desde 2016 implantou 88 geomantas na cidade. Até as 16h56 o órgão tinha recebido 98 ocorrências.

Foram 11 alagamentos de imóvel, 37 ameaças de desabamento de imóvel, uma ameaça de desabamento de muro, 16 ameaças de deslizamentos de terra, uma ameaça de queda de árvore, uma árvore caída, seis avaliações de imóveis alagados, três desabamentos parciais, 13 deslizamentos de terra, quatro infiltrações e quatro orientações técnicas. Não há registro de feridos.

A Codesal permanece com o plantão 24 horas atendendo às solicitações pelo telefone gratuito 199.