Sexo durante a gravidez: tudo o que você precisa (e quer) saber

Tabu para muitos casais grávidos, é permitido em quase todos os casos

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 11:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração: Morgana Miranda/CORREIO

O sexo pode virar um tabu até para as pessoas mais bem resolvidas com o assunto - é só adicionar uma gravidez ao tema. Seja por um tipo de medo de machucar o bebê ou até pelas mudanças físicas e psicológicas que aquele casal está passando, a atividade pode acabar ficando esquecida. E aí pode vir um período bem longo de abstinência sexual: nove meses mais pós-parto.Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração, tecnologia, pets, bem-estar e as melhores coisas de Salvador e da Bahia: Mas calma! Se você está grávida - ou planeja ficar em breve -, isso não precisa acontecer, ok? Pelo contrário! “Na verdade, a prática da relação sexual é recomendada para a maioria das gestantes”, garante Flávio Pereira, ginecologista obstetra e professor na Unifacs. 

“Em toda relação de prazer, há liberação de vários hormônios e neurotransmissores. A mãe, se sentindo bem, provavelmente irá compartilhar esse bem-estar com seu bebê”. O sexo é indicado para a maioria das grávidas (Foto: Shutterstock/Reprodução) Uma dessas substâncias é a ocitocina, conhecida como o ‘hormônio do prazer’.

“Na relação sexual e no momento do orgasmo, tanto a mulher quanto o homem o liberam. Ele estimula a ejeção do leite - quando acontece a lactação mais lá na frente - e também pode instigar a contração uterina, algo benéfico quando se quer o incentivar o trabalho de parto em pacientes com pós-datismo (gestação prolongada que ultrapassa 42 semanas)”, fala Sabrina Carvalho, ginecologista e também professora na Unifacs.

Inocentes Esqueça a idea que o sexo e o orgasmo podem ser culpados por abortos ou partos prematuros. Durante a gravidez, a atividade só não é recomendada para mulheres que “em qualquer fase, apresentarem sangramentos e contrações ou que estiverem em ameaça de parto prematuro”, pontua o médico obstetra José Carlos Jesus Gaspar, conselheiro do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb). A atividade sexual não é culpada por partos prematuros (Foto: Shutterstock/Reprodução) Ah, aquela preocupação de machucar o bebê também pode ser descartada. “Na relação sexual, o pênis só vai até a vagina, no máximo encosta no colo uterino. O bebê está bem acima do colo, dentro da membrana, no líquido amniótico, e é justamente essa bolsa que protege o bebê de quaisquer traumas - tanto quando a mãe encosta a barriga em algum lugar ou esbarra em alguém, como também durante a relação sexual”, explica Sabrina.

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Sem vontade Ainda que não haja problemas para a criança  - e que possa até fazer bem para ela -, tem mulher que ainda fica sem vontade de transar quando está grávida. Foi o caso da industriária Sherazade Lira, 29. “Eu fiquei sem vontade - principamente quando a barriga estava maior e dava para ver o bebê se mexendo... Meu marido ficava implorando, dizia ‘pelo amor de Deus!’”, lembra.

Ela não está sozinha. Um estudo canadense entrevistou  1.049 mulheres para saber sobre sexo durante a gravidez. Dessas, 56% relataram sentir uma diminuição no desejo enquanto estavam gestantes. De acordo com Gaspar, a libido nesse período, de fato, varia de mulher para mulher. “Algumas relatam redução, enquanto outras falam em aumento”. Em um estudo canadense, 56% das gestantes disseram ter o desejo de sexo diminuído (Foto: Shutterstock/Reprodução) Desse outro lado, está a farmacêutica Cleidiane Conceição, 32 anos. Ela não somente continuou com o sexo, como também indica para outras grávidas. Para ela, a época ideal foi no início da gestação.

“Acredito que é a melhor fase de experimentação do sexo. Primeiro porque você tem consciencia de que, depois, sua vida vai mudar drasticamente. E também por causa das mudanças que ocorrem no seu corpo. Pelo menos para mim, eu comecei a me sentir mais sexy, mais confiante, e ainda não tinha aquela alteração drástica que ocorre no fim da gestação e que, às vezes, te deixam um pouco indisposta”, relembra Cleidiane.

“Com o passar da gestação, continuei me sentindo sexy, mas as mudanças no corpo me deixavam um pouco mais indisposta. E também tinham os hormônios, que vão se modificando e nos levando um pouquinho para o caminho da maternidade. Ainda assim, a gente continuou fazendo. Mas foi uma fase com um pouco mais de carinho, de aconchego, do que de sexo selvagem”, ri. O sexo não machuca o bebê (Foto: Shutterstock/Reprodução) A favorita Há uma posição melhor para as grávidas na hora do sexo? Para a fisioterapeuta pélvica e sexóloga Paula Milena, isso dependerá da época que aquela mulher estará na gestação. “Do primeiro trismestre até o início do segundo não tem a questão da posição. A mulher mantém as posições que ela prefere na  vida ‘normal’”, comenta.

Já quando a barriga vai crescendo... “Aí a mulher tende a preferir uma posição  mais confortável e que exija menos dela a relação.  O xodó das gestantes é de ladinho ou de quatro”, garante. “O mais importante é que essa mulher consiga se descobrir e potencializar sua sexualidade para a gestação, consiga se soltar, se libertar, para que a posição lhe dê prazer e segurança”.

Depois do parto Após o nascimento do bebê, aí sim é indicado um resguardo sexual, de, aproximadamente, um mês. “Esse é o período indicado, seja para casos de parto normal ou cesárea”, indica José Carlos Jesus Gaspar. Nessa fase, há a produção do hormônio prolactina, que, favorecendo o aleitamento, diminui bastante a libido e a lubrificação vaginal.  Após o nascimento do bebê, é indicado um resguardo sexual de um mês, aproximadamente (Foto: Shutterstock/Reprodução) Mas vai além dessa questão - envolve também a nova rotina daquele casal. “A mãe está mais preocupada com o bebê que com o sexo. E o pai também tem muito a fazer, cuidar, trocar fralda... Eles, então, ficam menos ligados mesmo na atividade sexual”.