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Adaptada da obra teatral Ricardo III, de William Shakespeare, a peça discuti questões sobre pessoas com deficiência
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2022 às 10:00
Neste mês, chega ao circuito artístico o espetáculo Solo. Adaptada da obra teatral Ricardo III, de William Shakespeare, a peça tem o objetivo principal de discutir questões voltadas para as pessoas com deficiência.
Seja com o foco em pautas voltadas para acessibilidade conflitos internos da personagem central, o desejo é trazer um olhar contemporâneo para o texto de Shakespeare, lançando novas abordagens sobre a montagem de clássicos do teatro. A exibição acontece em formato remoto, através da plataforma Youtube, de sexta a domingo, entre os dias 15 e 24 de abril, às 20h, na modalidade pague quanto puder.
A diretora Walerie Gondim conta que a ideia inicial era juntar algumas obras de Shakespeare e adaptá-las. No entanto, quando a equipe se deparou com Ricardo III e começou a discuti-lo, sentiu algo diferente, principalmente quando notaram que o intuito de juntar um texto clássico com a presença de um corpo com deficiência em cena seria alcançado com uma profundidade maior partindo desta obra.
Leia também: Teatro Cego traz a Salvador espetáculo em que as pessoas passam 50 minutos no escuro É a partir desta percepção que o grupo ainda constatou que Ricardo III é o único protagonista com deficiência do autor. Esta característica acabou sendo algo relevante e que merecia um destaque maior, fazendo com que a seleção do texto fosse confirmado.
“Hoje a peça tem textos de Shakespeare e textos meus e a gente coloca Ricardo numa espécie de divã, como se ele estivesse se questionando sobre ele próprio, sobre sua identidade”, explica.
Desta maneira, que tem no elenco Dudu Oliveira, Solo é um monólogo de 25 minutos. O texto conta com um tratamento especial, totalmente pensado para a linguagem de teatro-web.
Os enquadramentos, a montagem e a encenação estão operando em serviço da composição do ator, bem como em suas movimentações e perspectivas. A busca da direção e do elenco é colocar o espectador imerso nesta atmosfera e em todo o universo de Ricardo.
Para realizar tal intento, Dudu conta que todo o processo de criação do espetáculo foi preenchido de cuidado e pesquisa. O intérprete acredita que a mescla em comunicar mensagens fundamentais para a sociedade, sem ser expositivo é o traço mais marcante da composição desta obra.
Como artista e uma pessoa com deficiência, ele enxerga uma relevância forte da sua presença no palco, atuando em uma peça tão renomada de Shakespeare. “Solo é uma contracultura viva. Para mim, é muito importante ser a boca e a expressão que dá corpo a esse grito, para que eu e outros como eu vejamos onde podemos, queremos e precisamos estar”.
Além disso, completando o ciclo de atividades do projeto, também serão ofertadas três rodas de conversa, que contarão com artistas e profissionais como Edu O., bailarino, professor e performer e Ednilson Sacramento, jornalista e consultor de acessibilidade cultural.
Os temas das conversas são: O Trabalho de Artistas Com Deficiência Nas Diferentes Linguagens; Acessibilização de Espaços e Conteúdos Culturais e A Representação de Corpos com Deficiência no Teatro e no Cinema. Todos os bate-papos contam com acesso gratuito e serão apresentados no Instagram @solo.espetaculo.
Solo conta com acessibilidade para toda a plateia, disponibilizando áudiodescrição, tradução em LIBRAS e legenda descritiva. Já as rodadas de conversa possuem tradutor de LIBRAS.