Sindicato de atletas e Uefa criticam juiz que não coibiu racismo

Para entidades, árbitro deveria até ter suspendido jogo devido a cânticos contra zagueiro francês-senegalês

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  • Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2018 às 17:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marco Bertorello/AFP

O FIFPro e a Uefa criticaram nesta sexta-feira (28) o árbitro Paolo Mazzoleni por falhar ao não adotar protocolos antirracismo após sons imitando macaco serem dirigidos ao zagueiro Kalidou Koulibaly, do Napoli, durante a derrota da equipe por 1x0 para a Inter de Milão, quarta-feira (26), no San Siro, pelo Campeonato Italiano. 

O FIFPro, o sindicato mundial de jogadores, e a entidade gestora do futebol europeu também disseram que os abusos racionaus destinados ao defensor, que nasceu na França e tem pais senegaleses, na quarta-feira, eram "inaceitáveis" e "não têm lugar no futebol."

As duas organizações apoiaram a ação imediata tomada pelo tribunal disciplinar do Campeonato Italiano, que decidiu que os próximos dois jogos da Inter em casa devem ser disputados com os portões fechados, e incluiu um fechamento parcial do San Siro para um terceiro jogo como mandante do clube. 

"O FIFPro e a Uefa estão muito preocupados com este incidente racista inaceitável e o que parece ser uma falha em respeitar o protocolo antirracismo de três etapas amplamente conhecido", disseram as entidades em um comunicado conjunto nesta sexta-feira.

"Koulibaly foi alvo de cânticos racistas e, apesar dos anúncios feitos pelo alto-falante do estádio, os cantos não pararam. Além disso, parece que a comissão técnica do Napoli já havia informado o árbitro várias vezes dos cânticos racistas. A FIFPro e a Uefa apoiam as autoridades do futebol italiano em qualquer medida adicional que será tomada para combater o racismo nos estádios com o que a FIFPro e a Uefa têm uma política de tolerância zero."

Koulibaly foi expulso aos 36 minutos do segundo tempo, após receber dois cartões amarelos em sequência rápida, o segundo por aplaudir de modo sarcástico Mazzoleni depois de ser advetido pela primeira vez. Além disso, Koulibaly foi suspenso por dois jogos - um pelo cartão vermelho e outro por ironizar o árbitro.

Após o jogo, o técnico do Napoli, Carlo Ancelotti, ameaçou retirar seu time de campo da próxima vez que um de seus jogadores for alvo de cânticos racistas. Ele pediu várias vezes para o jogo contra a Inter ser interrompido após os cantos e anúncios alertando os torcedores que isso aconteceria foram feitos, mas não se tomou outras ações. 

O primeiro passo do protocolo antirracismo da Uefa diz que "se o árbitro estiver ciente de um comportamento racista sério, ou for informado dele pelo quarto árbitro, ele deve, como primeiro passo, parar o jogo e pedir a realização de um anúncio de que o público desista imediatamente de tal comportamento racista."

O segundo passo explica que "se o comportamento racista não cessar uma vez jogo reiniciado, o árbitro suspenderá a partida por uma período de tempo, e pedirá às equipes para irem aos vestiários". 

"Se a conduta racista não terminar depois que o jogo tiver reiniciado, o árbitro deve abandonar definitivamente a partida como último recurso. O delegado da Uefa ajudará o árbitro, através do quarto árbitro, para determinar se o comportamento racista parou, e qualquer decisão de abandonar o jogo só será tomada depois de todas as outras possíveis medidas foram implementadas e o impacto do abandono do jogo na segurança dos jogadores e do público for avaliado", diz o último protocolo.

Técnicos também criticam Também nesta sexta (28), os técnicos do Milan e da Inter de Milão condenaram o caso de racismo. "Eu condeno o que aconteceu sem qualquer 'se' ou 'mas'. É o momento de dizer um basta ao racismo e à discriminação", disse o técnico da Inter, Luciano Spalletti. "Enfatizo a atitude dos nossos jogadores, que tem sido exemplar. O nosso clube ama a diferença e ama tudo que vem em nossa direção."

O treinador ponderou que os atos racistas não são dominantes na torcida da equipe. "É importante não penalizar a maioria dos torcedores, que vêm ao estádio com alegria, amor e sentimento. Paralisar o jogo em caso de cânticos racistas pode ser uma solução, mas agora precisamos fazer algo a mais". Spalletti disse aceitar a sanção imposta à Inter. "Jogar no San Siro com os portões fechados? Lamentamos não poder jogar diante de nossos torcedores, mas se esta decisão for utilizada em nome de uma batalha maior, nós a aceitamos."

Técnico do Milan, Gennaro Gattuso também criticou o caso e atribuiu o episódio a "quatro imbecis". "Acho que é justo paralisar o jogo, mas também temos que entender que estamos falando de quatro imbecis, e não do estádio todo. Não é a primeira vez que isso acontece. Precisamos de respeito", declarou.