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Armando Avena
Publicado em 15 de março de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Só a economia poderá salvar o governo Bolsonaro. Só um bom desempenho na economia poderá relevar a falta de preparo do presidente para tratar de assuntos relacionados com a educação, os costumes, as relações exteriores e a convivência com a imprensa. Mas, para isso, é preciso que a velocidade na aprovação e implementação das reformas seja maior do que a capacidade do presidente de criar crises que já estão influenciando negativamente o mercado.
A previsão para o crescimento do PIB é de 2% em 2019, mas essa previsão cai pela metade se a reforma da Previdência não for aprovada no primeiro semestre. O problema é que, para crescer 2% ao ano, é preciso incremento forte em cada trimestre e o primeiro trimestre de 2019 já registra crescimento pífio, a exemplo da produção industrial que caiu 0,8% em janeiro, o pior resultado dos últimos 4 meses. A economia brasileira está pronta para crescer e o crescimento de 4% nos investimentos, chamado de Formação Bruta de Capital Fixo, no último trimestre de 2018, demonstra isso.
É a decisão de investir que define a performance da economia, já dizia Keynes, o maior dos economista. Mas o investimento depende do estado das expectativas e elas estão se deteriorando, pois os agentes econômicos começam a duvidar da capacidade de Bolsonaro negociar a reforma da Previdência e passar incólume por todas as crises políticas que ele mesmo cria. Os fundamentos da economia, como câmbio e inflação, estão ajustados, mas não haverá crescimento sustentado sem resolver o déficit do governo, responsável por uma dívida interna que já representa 75% do PIB.
O ministro da Economia apresentou a Proposta de Emenda Constitucional com a reforma da Previdência e deve apresentar nos próximos dias uma proposta de desvinculação das receitas. No relacionado à Previdência, o governo terá de ter enorme capacidade política para não deixar a discussão se estender por todo o ano e tampouco deixar que os deputados desidratem a proposta tornando-a inócua. Já a ideia de desvinculação das receitas tem um vício de origem, pois dos R$ 1,5 trilhão do orçamento 70% referem-se aos gastos com a previdência e ao salário do funcionalismo, ou seja, pouco adianta desvincular receitas sem antes mexer na Previdência e reduzir o tamanho da máquina pública.
A proposta de desvinculação de receitas pode até ser boa, mas sem mexer na Previdência e sem cortar na própria carne vai parecer que o governo quer apenas pôr a mão nos recursos destinados à saúde e educação e aí, adeus apoio político. Sendo assim, o governo deveria jogar todas as suas fichas na reforma da Previdência e o Paulo Guedes, que até agora falou muito e fez pouco, deveria mobilizar sua equipe para implementar outras medidas que não precisam de aprovação do Congresso, mas que podem estimular a economia, especialmente no âmbito da desburocratização, eliminação de custos administrativos, desonerações, etc.
O fato é que só a economia salva o governo Bolsonaro e se os índices de crescimento e redução do desemprego não começarem a apresentar resultados já no segundo semestre e se as crises no âmbito do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios e na família do presidente continuarem, vai ser inevitável a constatação de que o país escolheu novamente alguém despreparado para o cargo.
POLE-POSITION Faltam pouco mais de quinze meses para as eleições para a prefeitura de Salvador e, no quadro atual, a posição do vice-prefeito Bruno Reis é de pole-position absoluta. Reis tem uma boa vantagem competitiva frente a candidatos novos, que ainda teriam de formar uma base em Salvador, enquanto ele vem sendo anunciado há seis anos pelo Prefeito ACM Neto como seu possível indicado para a sucessão e anda colado com o prefeito por toda parte. Além disso, fez um bom trabalho como secretário de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza e agora assumiu a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas, uma das mais importantes da prefeitura. Estando em campanha há tanto tempo, Reis chega a 16% das intenções de votos, segundo recente pesquisa do Instituto Paraná, deixando para trás qualquer postulante que ainda queira construir uma candidatura. É verdade que candidatos que já disputaram o poder municipal, como Alice Portugal e Nelson Pelegrino, também pontuam bem, mas, em ambos os casos, a pontuação reflete muito mais o recall das eleições passadas do que efetiva competitividade. Por outro lado, para apostar num candidato desconhecido ou com pouca visibilidade, o governador Rui Costa, que vai medir forças com o prefeito ACM Neto, já teria que estar discutindo o assunto ou então terá de optar por um nome de peso já conhecido. Por isso, embora a política mude tão rápido quanto as nuvens no céu, nesse momento, Bruno Reis é pole-position.
GLAUBER ROCHA Ontem, 14 de março, o baiano Glauber Rocha, o mais importante cineasta brasileiro, reverenciado em todo o mundo, estaria fazendo 80 anos. Glauber nasceu em Vitória da Conquista, mas veio para Salvador e aqui se iniciou no cinema. Seu pai, Adamastor Rocha, montou a loja O Adamastor, no antigo Palace Hotel, na Rua Chile. Bem que o Fera Palace Hotel, que deu o nome de O Adamastor ao seu restaurante em homenagem ao pai de Glauber, poderia ir mais longe e fazer uma parceria junto ao poder público para viabilizar a criação de um memorial em homenagem ao grande cineasta baiano.
INDÚSTRIA E CONSTRUÇÃO CIVIL O PIB da construção civil na Bahia caiu 3,7% em 2018. Foi a quinta queda consecutiva, já que o último resultado positivo foi em 2013, quando o setor registrou crescimento de 0,9%. Em termos reais, o segmento regrediu ao ano de 2007. Já o PIB da Indústria de Transformação, que vinha caindo há 3 anos seguidos, registrou recuperação em 2018, crescendo 1,5%. Os destaques foram para a produção de bebidas, com incremento de 10% e de automóveis, com crescimento de 8%. Mas a indústria baiana como um todo ainda se ressente da queda na produção extrativa mineral, especialmente petróleo, e da redução na produção da Refinaria Landulpho Alves. Os dados são da SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais.
OS PORTOS DA BAHIA Ocorre nesta sexta-feira o seminário Portfólio de Investimentos nos Portos da Bahia, uma realização da Codeba e do Correio. O setor portuário é fundamental para o desenvolvimento da Bahia. O Porto de Salvador, por exemplo, operado pela Wilson Sons, é responsável por mais de 35% de todo o comércio internacional baiano e está operando uma rede de transporte de cabotagem que viabiliza fretes mais baratos. Já o Porto de Aratu, base do Polo Industrial de Camaçari, é o nosso Suape, mas precisa de novos investimentos e de modernização urgente. O seminário pode ajudar a identificar oportunidades de investimentos e auxiliar a traçar um novo plano portuário para a Bahia.