'Só me mexi para consertar a calça', diz universitário acusado de estupro

Estudante de Design Gráfico Douglas Mendes Lopes, 30, foi expulso

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  • Tailane Muniz

Publicado em 14 de novembro de 2017 às 14:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Preso em flagrante desde o final da tarde de sexta-feira (10), acusado de se masturbar na frente de duas colegas de faculdade, o estudante de Design Gráfico da Universidade Salvador (Unifacs), Douglas Mendes Lopes, 30 anos, negou ter cometido o crime. O suspeito afirmou que não conhece as vítimas, de 19 e 22 anos, e que havia passado na sala das jovens para conseguir dinheiro de transporte."Se elas têm o depoimento delas, eu tenho a minha defesa. E eu digo com convicção que não fiz isso. Eu estava na sala apenas ajeitando a minha calça, mas o que acontece é que quando uma mulher fica sozinha com um homem, qualquer coisa ela já pensa que é assédio. Eu só me mexi pra consertar a calça, ela achou que eu tava atacando", disse Douglas à imprensa, demonstrando nervosismo.De acordo com a Polícia Civil, uma das vítimas disse, em depoimento, que o suspeito colocou o pênis para fora e começou a se masturbar no corredor das salas, próximo ao banheiro. A outra jovem afirmou que ele cometeu o ato de se masturbar dentro da sala de aula.

Ao ser questionado sobre o que fazia em uma sala que não era a sua, por volta de 18h - antes do início das aulas -, ele afirmou que estava de passagem. "É que às vezes eu não tenho dinheiro de transporte, costumo pedir aos colegas, foi isso. Mas não houve nada, eu juro", reiterou. 

Conforme relato das vítimas, no entanto, um dos assédios ocorreu no Campus Avenida Tancredo Neves (CTN), onde Douglas cursava o primeiro período de Design Gráfico, e outro ocorreu no campus da Avenida Paralela, onde ele alegou frequentar por ter uma namorada que estudava lá. O acusado também disse que mora com a mãe em Brotas e não tem filhos.

O caso mais recente, de acordo com a Polícia Civil, aconteceu na sexta-feira (10), quando a Unifacs acionou a polícia e Douglas acabou preso em flagrante no CTN.

"A menina da Paralela inventou que eu estava perseguindo ela, isso não existe. Não conheço nenhuma das duas, jamais faria isso, tenho uma pessoa", acrescentou o suspeito. O CORREIO não teve acesso à integra dos depoimentos das vítimas. Douglas Mendes Lopes foi expulso da Unifacs (Foto: Marina Silva/CORREIO) Investigação "Foi uma ação conjunta entre a Unifacs, que deu total apoio às vítimas, e a Polícia Civil. Já havia uma investigação interna apurando o primeiro caso e, então, pegamos ele. Outras duas pessoas ainda devem vir prestar queixa contra ele, ligaram e se identificaram como alunas da Unijorge, onde ele também estudou", afirmou a titular da 16ª Delegacia (Pituba), delegada Maria Selma Lima. 

Segundo a delegada, Douglas não tem passagem pela polícia e negou o crime em interrogatório. "Ele parece um maníaco. Negou tudo, não assumiu uma vírgula do que as vítimas relataram. Acontecia sempre distante das outras pessoas, sempre nesse horário, por volta de 18h, antes das aulas", salientou. O suspeitou disse à imprensa que cursava o primeiro período na instituição, de onde foi expulso no dia do crime.

A Unifacs informou que tomou conhecimento sobre as denúncias de assédio sexual durante a semana passada. "A instituição apurou os fatos, dando apoio aos alunos e familiares envolvidos na situação, com acompanhamento integral de profissionais das áreas jurídica e de serviço social", afirmou a instituição, por meio de nota.

Ainda de acordo com a universidade, Douglas foi expulso após uma sindicância interna e a apuração por parte dos órgãos públicos legais. "A Universidade Salvador repudia qualquer ato de assédio e violência de gênero dentro e fora da instituição. Encorajamos todas as mulheres vítimas de abuso a denunciarem", acrescenta.

Douglas teve a prisão convertida em preventiva, nesta terça-feira (14), e vai ser encaminhado para a Cadeia Pública, no bairro de Mata Escura, em Salvador - onde vai responder por estupro. A pena para este crime varia de seis a dez anos de prisão. De acordo com a Polícia Civil, Douglas debochou do trabalho da polícia, chegando a falar que logo estaria solto. “Ele se enganou", disse a delegada.

Maria Selma contou também que outras três pessoas fizeram contato com a delegacia, por telefone, e contaram que tem informações sobre Douglas. Os depoimentos foram agendados para os próximos dias. 

Veja nota na íntegra:"A Universidade Salvador esclarece que tomou conhecimento sobre as denúncias de assédio sexual ocorridos durante a semana passada. A instituição apurou os fatos, dando apoio aos alunos e familiares envolvidos na situação, com acompanhamento integral de profissionais das áreas jurídica e de serviço social. Após a instalação de sindicância interna da universidade e a apuração por parte dos órgãos públicos legais, o aluno foi expulso da instituição.  A Universidade Salvador repudia qualquer ato de assédio e violência de gênero dentro e fora da instituição. Encorajamos todas as mulheres vítimas de abuso a denunciarem. Reforçamos que a Unifacs preza pela segurança dos seus alunos e colaboradores e ressaltamos que mantemos um Comitê da Diversidade, Direitos Humanos e Cultura da Paz, organizado por professores e membros da sociedade civil, que tem como objetivo promover e implantar uma Política Institucional, em consonância com o Pacto Universitário de Educação em Direitos Humanos e com a Política da Diversidade da Prefeitura de Salvador, educando e combatendo atos como este."