Só se vê aqui: Salvador é cenário de cinema

Soteropolitano adora se ver na telona. Por isso, selecionamos dez filmes e séries que se passam na capital baiana

  • Foto do(a) author(a) Doris Miranda
  • Doris Miranda

Publicado em 29 de março de 2018 às 09:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Dizem que baiano não nasce, estreia. Deve ser por isso, então, que o povo de Salvador adora ver o próprio brilho na telona do cinema. Dá risada ao ouvir o baianês - e critica quando o sotaque é forçado. E, se por acaso, estava presente no momento da gravação, conta pra todo mundo - como se fosse estrela da obra em questão. 

No início da semana, quando começaram as gravações de Segundo Sol, próxima novela das nove da Globo, foi a vez do povo da Feira de São Joaquim fazer figuração - e se divertir - ao se deparar com Giovanna Antonelli andando pelas ruas da feira. Uns se diziam admirados com a beleza da atriz, outros se sentiam dentro da novela.

Segundo Sol, que deve estrear em maio, depois de O Outro Lado do Paraíso, vai contar a história de Beto Falcão (Emílio Dantas), que foi uma grande estrela do axé na década de 90 mas entrou em decadência com o recuo do gênero musical. Em 1999, ele é dado como morto e a notícia faz com que as vendas de seus disco disparem. Refugiado em uma cidade litorânea da Bahia, Falcão assume outra identidade e se apaixona pela personagem Luzia (Antonelli).

A novela é escrita por João Emanuel Carneiro, com direção artística de Dennis Carvalho e direção geral de Maria de Médicis. A produção tem o baiano Vladimir Brichta no elenco, além de Adriana Esteves, sua esposa, e Deborah Secco.  

Antes de Segundo Sol entrar na programação, filmes e, mais recentemente, séries não faltam para que se veja a Salvador de cada um. Tem aquela do Centro Histórico, mostrado em O Pagador de Promessas, Dona Flor e Seus Dois Maridos e Quincas Berro D'Água. Tem filme que se passa no Comércio e na Feira de São Joaquim, como em Cidade Baixa e Capitães da Areia.

E ainda têm produções que se passam no Carnaval, como Ó, Paí Ó e O Canto da Sereia. Há também a Salvador mais urbana, do jeito que se vê no dia a dia, como a série produzida pelo canal HBO, Destino: Salvador. 

Para marcar o aniversário de Salvador, o CORREIO listou dez filmes/séries  em que a capital baiana é a personagem principal. Vale rever e assistir pela primera vez, se for o caso. Alguns são premiados e imperdíveis. Outros somente distração das boas. Confira:

Pagador de Promessas (Anselmo Duarte/1962):

Ganhador da Palma de Ouro em Cannes, o clássico é baseado na peça homônima de Dias Gomes (1922-1999) e estrelado por Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo (1922-1994) e Norma Bengell. Na trama, que tem como cenário principal a escadaria da Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo, onde Gerônimo fez shows durante anos e que está reaberta para o público após 16 anos com as portas cerradas, Zé do Burro (Villar) tenta conseguir permissão do padre para entrar no templo e cumprir a promessa que fez a Santa Bárbara, em um terreiro de candomblé: caso seu burro se recuperasse, ele iria dividir sua terra igualmente entre os mais pobres e carregaria uma cruz de sua terra até a igreja da santa que concedeu o milagre.

Veja o fime completo:

Dona Flor e Seus Dois Maridos (Bruno Barreto/1976 e Pedro Vasconcelos/2017):

A história criada por Jorge Amado  (1912-2001) é tão boa que além da irretocável versão original de Bruno Barreto, estrelada por Sonia Braga, José Wilker (1944-2014) e Mauro Mendonça Filho, a trama que gira em torno do triângulo amoroso de Flor com Vadinho e Teodoro ganhou outra versão no ano passado com Juliana Paes, Marcelo Faria e Leandro Hassum, esta mais puxada na comédia e no erotismo, um tanto mais explícito. A trama, quase todo, mundo minimamente ligado em cinema e literatura, conhece. Flor é uma professora de culinária, casada com o boêmio Vadinho. Quando ele morre, ela se casa novamente com Teodoro, um cara muito formal. Quando o espírito zombeteiro de Vadinho retorna, Flor não resisite e se joga num relacionamento a três. Nos dois filmes dá pra ver um bocado o Pelourinho e o Centro Historico de Salvador, em versões antes e depois da reforma.

Confira os dois trailers e veja as diferenças:

Milagre do Candeal (Fernando Trueba/2004):

Documentário do diretor espanhol acompanha o pianista cubano Bebo Valdés (1918-2013) em viagem a Salvador para verificar como a música e as religiões de matriz africana. O filme marca o encontro de Valdés com Carlinhos Brown. No filme, há cenas muito legais de Brown no Candeal, onde são apresentados os projetos sociais criados pelo artista baiano, e no Carnaval de Salvador. O Milagre do Candeal ganhou o Prêmio Goya de melhor documentário e pra quem curte música de boa qualidade é ótima pedida.

Cidade Baixa (Sérgio Machado/2005): A Feira de São Joaquim, maior feira livre de Salvador e uma das mais famosas do Brasil, serviu como um dos cenários do triângulo amoroso entre uma prostituta e dois amigos que trabalhavam realizando transporte marítimo. Entre as dificuldades do relacionamento de Deco (Lázaro Ramos), Naldinho (Wagner Moura) e Karinna (Alice Braga), o filme mostra o cotidiano dos moradores da região do Comércio em seus casarões decadentes e a lida com a prostiuição e a violência urbana. Ádmirador de Jorge Amado, Sérgio Machado criou uma versão muito pessoal de Dona Flor com seu Cidade Baixa, que tem atuações espetaculares do trio de atores principais.

Ó Pai Ó (Monique Gardenberg/2007):

Da peça do Bando de Teatro Olodum nasceu o filme e, em seguida, a série de telvisão Ó Pái Ó - esta, na verdade, um  novo corte do longa original. A trama, puxada por Lázaro Ramos, Wagner Moura, Dira Paes e pelos atores do Bando, situa o público no coração do Pelourinho antigo, em pleno Carnaval, quando os moradores de um decadente cortiço se preparam para a folia. No pano de fundo, a história mostra flagrantes de racismo e desigualdade social. Risadas frouxas e baianidade na veia estão garantidas em atuações memoráveis de Lázaro e Wagner.

Quincas Berro D'Água (Sérgio Machado/2010):

O Centro Histórico, as casas de prostituição da Ladeira da Montanha e a Praça Castro Alves são alguns dos locais onde Quincas Berro D’Água (Paulo José), o rei dos vagabundos, viveu suas histórias que sempre envolviam mulher, festas e bebedeira. É Sérgio Machado pretando mais uma vez homenagem à Salvador de Jorge Amado. Mas, nem se iluda: sua obra é muito autoral. Tão quanto o trabalho de Paulo José como o velho Quincas. Tudo começa quando Quincas morre no dia de sua festa de 72 anos, para desespero dos amigos que tinham preparado uma comemoração.  Mas, para a trupe do malandro, a morte foi apenas um detalhe. Antes do protagonista ser enterrado, seus amigos resolvem levar o corpo para a última noite na boemia.  

Capitães da Areia (Cecília Amado/2011):

Novamente, as ruas do Centro Histórico, do Comércio e do Subúrbio Ferroviário são alguns dos pontos da capital baiana por onde o grupo meninos liderados por Pedro Bala descobre as belezas e os desafios de uma vida marcada pela pobreza e abandono. O Terminal Marítimo de Plataforma, a estação de trem e as ruínas de construções antigas, localizados no Subúrbio Ferroviário, retratam uma Salvador pouco conhecida até para muitos soteropolitanos, mas muito viva nas páginas do livro criado por Jorge Amado em 1937 . A festa de Iemanjá e a praia do Rio Vermelho também ganham destaque na boa trama dirigida por Cecília Amado, neta de Jorge..

Depois da Chuva (Cláudio Marques e Marília Hughes/2013):

Um filme delicado sobre o processo de transformação de adolescentes em jovens adultos foi o que os cineastas Cláudio Marques e Marílis Hughes, que são casados e pais do pequeno Tião, fizem em Depois da Chuva. A trama se passa no início dos anos 1980, fim da ditadura, pouco antes das Diretas, quando o jovem Caio (Pedro Maia, em seu primeiro e promissor trabalho) descobre no meio da militância o primeiro amor. Com ele, vemos uma Salvador mais naturalista, urbana, que se revela no Colédio Central, nos trlhos do Subúrbio Ferroviário e no pôr do sol do Solar do Unhão.  Vencedor de três prêmios no Festival de Brasília, Depois da Chuva é imperdível.

Destino: Salvador (HBO/2017):

Terceira temporada da série Destinos, produzida pelo canal fechado HBO, mostra diversas facetas da capital baiana em vários episódios que revelam de forma documental a rotina da cidade, pelo olhar de estrangeiros quu vieram morar em Salvador. Dirigida por Fábio Mendonça, as crônicas giram em torno de temas como adaptação, amor, violência, barreiras culturais e diferenças religiosas.

O Canto da Sereia (Globo/2013):

Estrelada por Ísis Valverde, a série dirigida por George Moura e Patrícia Andrade conta a história de uma estrela da axé music, a Sereia, que vive cercada de admiradores, mimos e dramas existenciais. No auge do sucesso, em pleno Carnaval, na Praça Castro Alves, ela é assassinada. E a trama, que tem João Miguel, Marcos Palmeira e Fabiula Nascimento no elenco, volta no tempo para desvendar o mistério do crime. Enquanto tenta descobrir quem matou Sereia, o público lembra de como era o Carnaval de Salvador no auge da axe music. A trilha sonora é muito afetiva para quem viveu o período e a atuação do baiano João Miguel é impagável.

Próxima novela das nove, Segundo Sol se passa na Bahia e estreia em maio

Próxima novela das nove, escrita por João Emanuel Carneiro, Segundo Sol se passa na Bahia. Em Salvador, mas também em outras regiões do estado, como no Sul. Com estreia prevista para maio, no lugar de O Outro Lado do Paraíso, a história conta a saga de Luzia (Giovanna Antonelli), mulher simples e batalhadora que terá sua vida virada do avesso após se apaixonar por Beto Falcão (Emilio Dantas).

Ao longo da trama, Luzia percorre uma longa jornada para reescrever a própria história e reunir a família, despedaçada em decorrência de uma série de armações criadas por Karola (Deborah Secco), namorada de Beto, e Laureta (Adriana Esteves), figura poderosa da cena noturna de Salvador. “A novela é um drama familiar, a luta dessa mulher para recompor sua família e sua vida. A grande força dessa história são os laços familiares e a chance que todos nós merecemos de começar de novo”, pontua o autor, João Emanuel Carneiro.

Desde o último domingo (25), equipe e elenco já estão gravando em soteropolitano. Depois do início dos trabalhos no Rio de Janeiro, ao longo do mês de fevereiro, as primeiras gravações na Bahia aconteceram em Porto Seguro e Arraial D'Ajuda, no Sul do estado. Viraram cenário lugares  emblemáticos da região, como o Marco do Descobrimento, no Centro Histórico de Porto Seguro, e a praia do Espelho, em Trancoso Emílio Dantas e Giovanna Antonelli são protagonistas de Segundo Sol, próxima novela das 21h (foto/João Cotta/TV Globo)

A trama - A história volta no tempo e para na Salvador de 1999. No histórico Santo Antônio vive a família Falcão, onde mora  Beto (Emilio Dantas), um dos quatro filhos de Dodô (José de Abreu) e Naná (Arlete Salles), que fez fama como estrela de axé, mas há cerca de três anos experimenta o gosto amargo do esqueimento. Agora, a família tira o sustento do bar de caranguejo que fica no mesmo imóvel onde mora, mas corre o risco de perder a casa por conta da má administração da carreira de Beto por Remy (Vladimir Brichta), o irmão “ovelha negra”.

Para ajudar a pagar parte das dívidas, o cantor aceita fazer um show em Aracaju, quando o destino lhe prega uma peça: o avião em que iria embarcar cai no mar e Beto é dado como morto. Pela inesperada comoção nacional, o cantor é convencido por Remy e pela namorada Karola (Deborah Secco) – com quem o relacionamento está bastante estremecido – a não se revelar e a passar um tempo na fictícia ilha de Boiporã, paraíso com poucos habitantes, próximo a Salvador. Assim, sob identidade secreta, terão tempo para ganhar dinheiro com a situação e recuperar a casa da família.   É neste momento conturbado que Beto conhece Luzia (Giovanna Antonelli), marisqueira que, abandonada pelo marido, cria sozinha um casal de filhos pequenos. Luzia também  tem talento para a música  e os dois se apaixonam e logo fazem planos de casamento, sem que ela saiba a verdadeira identidade do cantor, que se apresenta como Miguel. Mas o casal acaba separado, Luzia é obrigada a deixar os filhos no Brasil e fogir para a Europa.

Quando o tempo passa, 20 anos depois, Luzia volta para tentar reunir sua família despedaçada, sem imaginar que Miguel, o grande amor que não conseguiu esquecer, é o famoso cantor Beto Falcão. Junto com a família, Beto sustenta até hoje a farsa de sua morte e anda infeliz com os rumos que a vida tomou. Com sua morte, as músicas que consagrou na época da axé musica lhe renderam fortunas, pois passaram a tocar muito. Mas ele também mantém aceso o amor por Luzia e fica ensandecido quando descobre que a marisqueira, agora uma DJ de sucesso, está em Salvador e fará de tudo para encontrá-la.