Só se vê na Bahia: amigos fazem delivery de acarajé no mar

Magari e Pequeno fazem entrega usando caiaque e cobram o dobro pelo serviço; veja vídeo de Regina Casé e Daniel Cady

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  • Maryanna Nascimento

Publicado em 4 de dezembro de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

Não há meio-termo para falar do Porto da Barra: ou se ama ou se abomina. Lá, se por um lado o som dominical do pagodão incomoda os vizinhos mais conservadores; por outro, os banhistas se apinham na areia com coolers de cerveja. Mas há outro Porto da Barra que nem todo mundo conhece. Um Porto mais gourmet, como resume bem a palavra do momento. Nele, quem manda é quem pode estar em uma das lanchas atracadas a poucos metros da muvuca da areia. Em comum, pasmem, eles degustam exatamente os mesmos quitutes – acarajé, abará, bolinho de estudante, passarinha e tudo que um tabuleiro de baiana dá de direito – de quem está do lado popular. Só que no mar a ‘inflação’ chega a mais de 100%. Famosos de todo Brasil estão entre os clientes de Magari  (Foto: Evandro Veiga) A explicação é simples: “O preço é um pouco mais elevado para que venha suprir o nosso trabalho remando até lá (sic)”, revelou Magari, ou Denilson Francisco Santos. Ele e Pedro Paulo Soares, o ‘Pequeno’ – que na verdade é 20 centímetros mais alto do que Magari, que tem 1,52 m – estão à frente de um negócio esperto. Os dois, de sexta a domingo, alugam um caiaque por um preço camarada (Pequeno diz que quando “dá bom” paga R$ 40 por dia; se “dá ruim”, paga  metade) e usam como meio de transporte para servir o cardápio da baiana a quem está nas lanchas.  Dia de sábado e domingo a gente atende umas 15 lanchas. Cada uma gasta cerca de R$ 150 Denilson Santos, o ‘Magari’Pequeno defende que a ideia do negócio foi dele. “Eu estava andando de caiaque e um cliente da barraca, que nesse dia estava na lancha, pediu pra eu fazer compra de petiscos e cerveja, aí eu fui; na mesma hora outra lancha pediu pra fazer a mesma coisa”, conta como foi o dia do insight.  Já Magari diz que existia um homem que fazia esse serviço, mas “sumiu” e ele ficou à frente do negócio com o amigo. Há mais de cinco anos fazendo o esquema de delivery (compra com a baiana, dá algumas remadas e vende pelo dobro), a dupla diz que em dias de movimento dá para faturar R$ 700, que é dividido. Afinal, um prato com 10 bolinhos de acarajé, por exemplo, custa R$ 15 na areia e R$ 35 no mar.Clientela de luxo 

Quando perguntado sobre a clientela, Magari enche o peito de capoeirista e diz que atendeu famosos como Zé Eduardo, o Bocão, e Igor Kannário. Já Pequeno tem na lista Regina Casé, “as meninas de Silvio Santos: Helen Ganzarolli e outra morena” e o “marido de Ivete Sangalo”, o nutricionista Daniel Cady.

Daniel conheceu Pequeno no mês passado. “Eu estava atracado e, quando vi, tinha um cara vindo com um caiaque: ‘Boa tarde, patrão. Tenho serviço delivery de acarajé, passarinha…’”, relembra. Daniel, que estava faminto e acompanhado do filho que adora acarajé, fez o pedido. Na volta, Pequeno apareceu com a comida na bandeja, cobrou uma taxa extra de entrega, de R$ 5, e, claro, foi filmado pelo nutricionista pois era “a cara da Bahia”. Os famosos agora são eles, Pequeno e Magari.

O CORREIO Empregos & Soluções encerra hoje uma série especial com reportagens sobre as oportunidades que o verão oferece para quem quer empreender e aproveitar as oportunidades da alta estação. Confira todas as matérias aqui.

Dicas para empreender no verão1. Definição de preço: O valor, além de cobrir o custo da mercadoria ou serviço, deve levar em consideração alguns fatores variáveis. No caso de Magari e Pequeno, eles somaram também o trabalho de ter que remar para fazer a entrega, e o poder aquisitivo de seu  público-alvo

2. Pesquisa de mercado: A dupla percebeu que ninguém estava fazendo aquele serviço e apostou nisso. Não deixe de fazer uma pesquisa de mercado para identificar as carências dos consumidores.

3. Dias de baixa: Nem sempre Magary e Pequeno vendem. De segunda a sexta a movimentação de lanchas é quase inexistente, enquanto no final de semana e feriados o mar fica lotado. Analise o comportamento das suas vendas e se planeje para os dias de baixa.4. Atendimento: Independente do poder aquisitivo dos clientes, é preciso ser cortês durante o atendimento. Os meninos são conhecidos pela educação e lábia na hora da venda.5. Diferencial: Existem muitos produtos e serviços iguais no mercado. Quando criar o seu negócio, lembre-se de colocar algum diferencial, afinal o cliente precisa de motivos para comprar na sua mão.6. Contratempo: Já pensou organizar algo que depende do sol e no dia começar a chover? Sempre tenha em mente um plano B.