Sobre a violência no futebol e o nosso fracasso coletivo

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Publicado em 19 de agosto de 2017 às 05:33

- Atualizado há um ano

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Como se sabe, Botafogo e Flamengo se enfrentaram essa semana na primeira partida pela semifinal da Copa do Brasil. Quem assistiu ao jogo viu uma disputa insossa, nada que mereça grande nota, apenas mais um demonstrativo do nível médio do futebol nacional – isso porque era uma semifinal.

A coisa foi tão sem graça que, no dia seguinte, o fato mais comentado em relação ao clássico foi, infelizmente, mais uma prova de que a humanidade, enquanto ente coletivo, parece mesmo fadada ao fracasso.

Não me entenda mal, caro leitor ou bela leitora. Tenho consciência de que, dentro do raio de alcance de suas ações, muitos indivíduos preservam e propagam atitudes em prol da igualdade, do respeito e do combate aos mais variados tipos de preconceito. Mas, enquanto comunidade, a verdade é que somos grandes perdedores.  

É possível que você tenha visto a cena: um idiota chamado André Luis Moreira dos Santos, botafoguense, foi flagrado proferindo ofensas contra familiares negros do jogador Vinícius Júnior, do Flamengo. Apontando o braço, André Luis, o idiota, repete com ênfase: “Tudo macaco”.

Detido em flagrante e levado para o juizado especial do estádio Nilton Santos, André Luis, o idiota, achou outra frase para repetir: “Vocês vão foder minha vida”. Se foder, eu acho é pouco.

A ciência diz que, na jornada evolutiva dos seres humanos, nosso poder de raciocínio foi se consolidando gradativamente a partir do momento em que erguemos o tronco, enxergamos mais distante e o desenvolvimento do polegar opositor permitiu que dominássemos os artefatos com as mãos.

Em tese, temos o cérebro mais desenvolvido e um poder de cognição que nos distingue de todas as outras espécies animais. Em tese, somos capazes de separar o certo do errado. Em tese, não agimos o tempo todo por instinto, como os primatas que nos deram origem. Dia após dia, vivemos para provar na prática que toda essa tese não serve pra nada. 

Ao longo da nossa jornada, escolhemos ficar agarrados à brutalidade e à selvageria. Pelo visto, não dá mais para ir buscar o que ficou no passado. Daí que somos, coletivamente, reféns de idiotas que fazem da ferocidade e da truculência, física ou verbal, sua expressão mais latente.

No Brasil, um país de população majoritariamente negra, idiotas como André Luis se proliferam e gritam cada vez mais alto. Nos Estados Unidos, idiotas marcham em prol de uma tresloucada “supremacia branca”. Esses são apenas dois exemplos. Não faltam idiotas mundo afora.

A conclusão é triste, mas é real: coletivamente, fracassamos.

Outro vexame Se você acha que, após tantas reviravoltas e atestados de incompetência, a administração do Vitória agora está bem, não se deixe enganar. A aparente paz só tem vez na Toca do Leão porque velhos caciques voltaram a mandar. Ou seja, mudou-se tudo para não mudar nada.

Entre idas e vindas, o Vitória segue entregue aos vexames, a exemplo da publicação de uma foto do deputado Marcell Moraes no site oficial do clube, como se a página fosse o espaço adequado para alavancas políticas personalistas. Mais uma piada.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados