Solidariedade em tempos de pandemia

por Narciso Batista

  • D
  • Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Estamos diante de um quadro de alerta que afeta o mundo inteiro. O coronavírus é, talvez, o maior fator de aflição em dimensões globais dos últimos 30 anos. E, entre todos os impactos sociais que trouxe para a nossa rotina, a prevenção à vida, sobretudo aos que estão nos grupos de risco, é o principal deles. E as pessoas com deficiência intelectual e múltiplas fazem parte desse grupo, mas têm sido pouco lembradas.

Nós, da Rede Apae, estamos atentos aos desdobramentos desta crise, ao tempo em que nos mantemos extremamente preocupados com o dia a dia de nossos assistidos. Mesmo os que estão fora da idade mais arriscada sentem com ímpeto os efeitos desta pandemia. Precisamos tratar de forma diferenciada os que são diferentes. Esse é o princípio da equidade, para proporcionar uma condição mais justa. Não de forma discriminatória ou preconceituosa, mas pautando as soluções com hierarquia de prioridades.

Para os que possuem a Síndrome de Down, por exemplo, que tem como uma de suas características a malformação cardíaca, os sintomas da covid-19 são severos. Mas para os que apresentam Transtornos do Espectro Autista, a distância é o maior dos impactos. Sempre buscamos a inclusão dessas pessoas na sociedade, a integração aos demais grupos, derrubar barreiras e distanciamentos. Hoje, temos a difícil missão de lutar para favorecer o isolamento dessas mesmas pessoas. E não sabemos até quando.

Respeitando as orientações de isolamento, nossas atividades presenciais estão suspensas, a exceção de alguns atendimentos de saúde para pacientes crônicos. Sabemos do quanto a interrupção do tratamento é prejudicial no desenvolvimento da pessoa com deficiência, mas neste momento a prioridade é apoiar as iniciativas para deter a propagação do vírus, protegendo nossos próprios assistidos e seus familiares, como também nossos colaboradores e a sociedade em geral.

Diante do cenário, muitos dos nossos profissionais aderiram ao atendimento remoto, através de chamadas virtuais, a fim de apoiar a gerenciar possíveis quadros de alterações de comportamento e amenizar a interrupção do tratamento. Nós do corpo administrativo também mantemos a agenda de trabalho através de ferramentas de comunicação à distância, com foco no atendimento às demandas urgentes e no planejamento para as conjunturas possíveis.

Convocamos a sociedade para pôr fim a esta crise. Pensando em todos os efeitos negativos da pandemia, precisamos de união. Fiquem em casa, lavem bem as mãos e protejam os mais necessitados. O coronavírus nos traz uma lição que deve ser lembrada todos os dias, a de solidariedade. É essencial cuidarmos um dos outros.Narciso Batista é presidente da Federação das Apaes do Estado da Bahia