Somos dependentes do acaso

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  • Darino Sena

Publicado em 5 de dezembro de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Bahia dependia apenas de si pra subir na última rodada da Série B do ano passado, mas perdeu pro Atlético-GO. Não fosse a improvável vitória do Oeste sobre o Náutico, em Recife, onde o tricolor estaria agora?

Domingo (3), o Vitória também só precisava vencer, jogando em casa, pra se manter na elite. Mas perdeu de virada pro Flamengo e só escapou da degola graças ao gol de Túlio de Melo, da Chapecoense, no último minuto contra o Coritiba.  O Coxa acabou “herdando” do Leão a última vaga entre os rebaixados.

Dois acontecimentos fortuitos garantiram o Ba-Vi na primeira divisão do ano que vem. Essa dependência do acaso mostra o quão frágil é o tal planejamento dos dois maiores clubes do futebol da Bahia. Muita coisa tem que mudar.

O tricolor deve perder a espinha dorsal do time pra próxima temporada. Jean está de malas prontas pro São Paulo. Renê Júnior já assinou por dois anos com o Corinthians. Allione teve o retorno solicitado pelo novo técnico do Palmeiras, Roger Machado. Zé Rafael é especulado em vários clubes. Edigar Junio teria propostas do Vasco e do Villarreal, da Espanha.

Em meio às iminentes saídas, o clube vai anunciar a contratação de Nino Paraíba pra posição que sofreu com a irregularidade de Eduardo em 2017 – a lateral direita. Nino já passou pelo Vitória e não deixou saudade. Este ano, fez um campeonato razoável pela rebaixada Ponte Preta. É o nível de contratação de quem quer brigar por uma vaga na Libertadores ou pra não cair em 2018?

Vágner Mancini e Santiago Tréllez foram os maiores responsáveis pela manutenção do Vitória na primeira divisão. Apesar de não ter conseguido fazer o time render em casa, Mancini organizou o time pros jogos fora e conseguiu a melhor campanha da história do clube como visitante em campeonatos brasileiros. Sem o treinador, o Vitória não brigaria pra não cair. Lutaria apenas pra não ser lanterna.

Santiago Tréllez chegou ao clube sob total desconfiança. Quase ninguém tinha ouvido falar dele por aqui, incluindo este colunista que vos escreve.  Mas, ao entrar em campo, o centroavante mostrou o grande diferencial em relação aos jogadores do seu biotipo e posição – a velocidade. Característica que encaixou perfeitamente na estratégia de contra-ataque utilizada fora de casa. Com Tréllez, o contragolpe rubro-negro garantiu superioridade numérica contra os adversários, pontos e gols cruciais. O gringo, que chegou no meio do campeonato, foi responsável por 20% dos gols do time no Brasileirão – 10.

Tréllez quase jogou a temporada brilhante pelo lixo no Ba-Vi da Fonte Nova, por descontrole emocional. No Ba-Vi, teria proferido ofensas racistas contra Renê Júnior. Pediu desculpas, mostrou a foto do pai negro como argumento e gravou vídeo de arrependimento. Em campo, rodadas depois, mostrou ter aprendido parte da lição. Ao levar dedadas de Rodrigo, da Ponte, em vez de reagir, se conteve diante constrangedora situação, viu o zagueiro ser corretamente expulso e marcou dois gols na virada determinante pra evitar o rebaixamento. David pode ter sido o melhor, mas Tréllez foi o jogador mais decisivo do Vitória na temporada.*Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras