Somos todos Eva: tutor faz vaquinha de R$ 17 mil para salvar cadela com tumor no cérebro

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  • Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Gil promete ir 'além do infinito' para salvar a 'filha' (Foto: Regiane Ferreira/Divulgação) Em uma noite de novembro do ano passado, o administrador Gil Lopes acordou assustado. Sua buldogue francesa, Eva, se debatia involuntariamente no chão. Levada imediatamente para o veterinário, algumas suspeitas surgiram: convulsão medicamentosa, estresse, entre outras. No início de abril, Gil teve a notícia que não gostaria de receber. Eva está com um tumor no cérebro. O tratamento com radiologia custa quase R$ 17 mil e, para divulgar logo a campanha de arrecadação lançada por Gil, a coluna do Cãogaceiro foi antecipada de sábado para hoje (18).

Poderia ser a história de luta de uma cachorrinha qualquer, mas, neste caso, estamos falando de uma das cadelas mais famosas da Bahia, uma celebridade do mundo pet. Eva, que no Instagram é Eva Bull (@evabull_), tem mais de 86,6 mil seguidores. Espécie de dog digital influencer, após a primeira convulsão Eva passou por um veterinário clínico e depois um neurologista. Nada mudou. Ao longo do mês teve mais duas crises. “Aí entramos com anti-convulsivos”, conta Gil. Mas, faltava um diagnóstico. Eva tem mais de 86 mil seguidores no Instagram (Foto: Reprodução) No Instagram, assim como o Cãogaceiro aqui, Eva fala na primeira pessoa. “Tive uma crise convulsiva que aconteceu do nada. Não há histórico na família. Meus pais decidiram investigar. Até agora já fizemos vários exames e, como não há diagnostico fechado, vamos continuar”, relatou a blogueirinha canina, que passou por raio X, ecocardiograma, ultrassonografia e vários exames de sangue.

A essa altura, Gil já pedia ajuda para pagar os custos dos exames. Até que, após a realização de uma tomografia, foi constatada uma massa encefálica no cérebro da cadelinha. Como se trata de um tumor intracraniano, não é possível realizar biopsia para saber se é maligno ou benigno. É preciso, sim, elimina-lo. E a única opção é fazer radioterapia. A massa estaria localizada em uma região não operável e este tipo de tratamento, conta Gil, só existe em São Paulo. Blogueira canina viajou na cabine do avião (Foto: Divulgação) Gil e Eva embarcaram para a capital paulista no dia 10 de abril. A buldogue, aliás, viajou na cabine do avião, ao lado do tutor. Recebeu autorização da companhia aérea por ter se tornado uma cadela de apoio emocional. “Eu comecei a desenvolver ansiedade e não dormia e nem me alimentava direito justamente depois das convulsões dela. Eu estava entrando em um processo de depressão. Minha terapeuta fez um relatório e, diante do meu quadro, a companhia aérea liberou a viagem”, explica Gil.

Em São Paulo, Eva passou por uma oncologista, quando foi confirmada a existência do tumor. “A veterinária reafirmou que o único tratamento seria a radioterapia”, explicou Gil. “É um tratamento único no país, com um método que só existe nos EUA. É caro, mas tem uma boa eficácia”, observa.

Vaquinha O orçamento do tratamento foi compartilhado por Gil no perfil de Eva. A clínica cobrará R$ 16.573 para submeter a cachorrinha a 20 sessões de radioterapia. Para que o tratamento seja iniciado, será preciso pagar 40% do valor imediatamente. O objetivo de Gil é que 1,7 mil dos seguidores e admiradores de Eva possam doar R$ 10 cada.

Para isso, criou o perfil @somostodoseva no Instagram e lançou uma campanha na Internet. Os doadores podem ajudar através de uma vaquinha virtual. Basta entrar no link www.vakinha.com.br/vaquinha/513516 ou depositando diretamente nas contas correntes da imagem abaixo. Até agora, a vaquinha da influenciadora canina arrecadou quase R$ 9,4 mil. Quando lançou a campanha, o tumor ainda não havia sido identificado e Gil tinha o objetivo de arrecadar R$ 9,5 mil para pagar exames e medicamentos. Campanha 'somos todos Eva Bull' (Foto: Reprodução) Com o novo orçamento, o objetivo da vaquinha ficou mais distante. Sem falar que ela não inclui outros gastos, como medicamentos e passagens aéreas, já que Eva teve que se deslocar para São Paulo, além de estadias e alimentação. “A alimentação dela hoje é natural, uma dieta cetogênica para cães oncológicos. Tenho arcado com esses custos até porque ela é nossa filha e não posso transferir para os outros todas as responsabilidades. Mas, resolvemos fazer a vaquinha a partir do momento que ultrapassamos os nossos limites financeiros”.

O mundo Pet se uniu pela recuperação de Eva Bull. Outros blogueiros famosos, como o Yorkshire Gigio (@gigioespinheira), com mais de 122 mil seguidores, pediu que seus admiradores contribuíssem para a vaquinha. Nesse momento, Eva está sob cuidados de amigos do seu tutor na capital paulista. Gil teve que voltar para Salvador para retomar sua rotina de trabalho e de “pai” de outros três filhos de quatro patas: Adam Bull, Aimée Bull e Naomi Bull. “Tive que deixar ela lá por três motivos. Primeiro porque preciso conseguir o máximo de dinheiro aqui. Segundo porque mais do que nunca preciso do meu trabalho. Terceiro porque tenho outros três cães para cuidar e eles também precisam de mim”.       

Eutanásia “fora de cogitação” Gil afirma que vai “além do infinito” para salvar a sua “filha”. Antes da viagem, visitou junto com Eva a Basílica do Senhor do Bonfim. Ao chegar em São Paulo para exames e tratamento, Gil e Eva foram antes na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, a cerca de 180 quilômetros da capital. “Um momento mágico”. Em todas as postagens, Gil faz um apelo e diz que vai até o fim nessa batalha. Gil e Eva na Basílica de Aparecida (Foto: Divulgação) “Aqui faço um apelo à você que sempre foi nosso parceiro, pois o tratamento custa R$ 17 mil. Sei que posso estar pedindo algo além do seu alcance, mas por minha filha farei o impossível”. Sugerida por algumas pessoas, a eutanásia, diz ele, está fora de cogitação. “Vou lutar até meu último suspiro. Muitos podem não entender, podem até sugerir a eutanásia como já aconteceu, mas isso não faz parte nem da discussão”.

Buldogue ganhou fama com laços em forma de tiara Eva Bull tem como tutores Gil e seu companheiro, o enfermeiro Doro Filho. A buldogue foi adquirida desde que estava na barriga da mãe. “Tivemos que esperar todo o processo de gestação, nascimento e amamentação até ela chegar, com 32 dias de nascida, em uma quinta-feira de Carnaval”. Lacinho em forma de tiara projetou Eva nas redes sociais (Foto: Divulgação) Na verdade, Gil e Doro quase optaram por outra raça. “Pesquisei sobre a raça e queria muito ter um. Mas Doro, meu companheiro, não gostava muito e as pessoas só falavam pra gente sobre o lado negativo do buldogue. Até que fomos a um canil e ele se apaixonou. A partir daí foi só felicidade”. Até mesmo um enxoval foi preparado para a mais nova princesa da casa.

Aliás, o próprio Doro, que antes torcia o nariz para os buldogues, começou a colocar acessórios em Eva, o que foi decisivo para ela se tornar famosa. “Nenhuma fêmea até então usava laços como se fosse tiara. Colocavam só como gravatinha borboleta. A partir do momento que começamos a postar fotos com os laços na cabeça, a nossa página passou a ser repostada por outras grande páginas e Eva recebeu convites para ser embaixadora de marcas Pet".

Tratamento só existe em dois centros veterinários O veterinário oncologista Mario Jorge Melhor, da Clínica Semeve, em Brotas, explica que o tratamento ao qual Eva será submetida só existe em dois centros no país: um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. Trata-se de uma radioterapia específica, executada a partir de um acelerador linear. Feixes de raios ionizantes são aplicados no local do tumor.

“Esse tipo de tratamento tem uma penetração muito maior e possibilita combater esses tumores. Infelizmente, temos poucas alternativas de tratamento de tumores cerebrais no caso dos cães. A radioterapia é uma delas. Uma opção ainda muito custosa. Fico feliz que os tutores da Eva conseguiram se mobilizar para pagar o tratamento”, afirma Mário Jorge, que encaminhou a buldogue para o tratamento radioterápico em São Paulo.

O veterinário observa que as massas encefálicas que envolvem o cérebro impedem a eficácia de uma possível quimioterapia, por exemplo. “Elas são uma barreira para que os quimioterápicos acessem o cérebro. Por isso, o caso de Eva é de radioterapia”. Ele afirma que, em muitos casos, a radioterapia possibilita a regressão dos tumores a níveis quase indetectáveis. “A gente não costuma falar em cura nesses casos, mas em controle”.

O veterinário conta que o problema de Eva inicialmente foi identificado através de sinais clínicos, no caso, as convulsões. O neurologista da clínica Semeve, em Brotas, solicitou então uma tomografia, onde foi identificado o tumor no sistema nervoso central. Dr. Mario então assumiu o caso e, diante da dificuldade e gravidade do caso, indicou o tratamento com radioterapia, que não é uma novidade na medicina humana, mas ainda é rara para os animais.

A veterinária oncologista que vai tratar Eva em São Paulo prefere não dar detalhes do tratamento. Natália Cruz explica que o método radiológico utilizado pela clínica é único na América Latina. "A técnica avançada que utilizamos é o IMRT, que significa radioterapia de intensidade modulada. Concentramos a dose no tumor e poupamos os órgãos adjacentes". 

Nesta quarta-feira, Eva passou pelo chamado “ensaio de tomografia”, quando imagens em 3D do seus crânio são utilizadas para fazer uma espécie de molde da cabeça. Um acessório para imobilizar o paciente e marcar a posição dele no momento da sessão. “É uma espécie de capacete para que a aplicação seja feita no lugar específico, de forma precisa. Com as imagens da tomografia em mãos, um físico calcula a quantidade de radioterapia a ser aplicada”, explica o próprio Gil. Na segunda-feira, começa a luta de verdade. Eva será submetida à primeira sessão do tratamento. Força, guerreira!