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Elton Serra
Publicado em 12 de novembro de 2017 às 05:00
- Atualizado há um ano
O Bahia praticamente garantiu sua permanência na Série A em 2018. Existe um risco de rebaixamento, mas é mínimo, o suficiente para ser descartado. Com cinco jogos até o final do campeonato, o tricolor pode se dar ao luxo de mudar suas pretensões na competição.
Escrevi há alguns meses, aqui neste mesmo espaço, que o Bahia tinha como primeira meta atingir os 45 pontos. Para uma equipe que voltava da Série B, era natural que a prioridade fosse se manter na primeira divisão. Após anos de oscilações, entre rebaixamentos e acessos, era hora de buscar a estabilidade. A partir daí, a depender da situação no Brasileirão, outras metas poderiam se incorporar na difícil caminhada.
O time de Paulo Cézar Carpegiani começou a rodada na nona colocação, cinco pontos distante do Flamengo. O time carioca é o último integrante do G7, faixa da tabela que classifica os clubes para a Copa Libertadores. O Bahia está muito mais próximo dos sete primeiros do que dos quatro últimos. Faltando cinco rodadas para o final da competição, natural que o tricolor comece a ver a Série A como um copo meio cheio.
Sonhar com Libertadores não é utopia. O Campeonato Brasileiro permite isso. Dos 20 participantes, normalmente 12 disputam competições internacionais no ano seguinte. Como a Copa do Brasil, a Copa Sul-Americana e a própria Libertadores designam vagas aos campeões, esse número pode chegar a 15 – ou seja, 75% dos clubes são premiados. Estar entre os primeiros credencia o Bahia a lutar por um objetivo absolutamente factível.
Carpegiani, técnico de perfil bastante controverso, não dá bola para as novas tendências do futebol brasileiro, que tem aprendido a jogar de maneira reativa, com linhas baixas de marcação, pouca posse de bola e muita velocidade nos contra-ataques. Na contramão disso, o comandante do Bahia prefere propor o jogo, marcar no campo do adversário e valorizar a esfera de couro. De certa forma, a ideia de Carpê é positiva e cria um diferencial num campeonato de times muito parecidos. A reação no Brasileirão não é à toa.
Ao lado dos brazucas, dois jogadores que entenderam o espírito de Carpegiani: o argentino Allione e o colombiano Mendoza. O técnico do Bahia me contou, há algumas semanas, que acha a maioria dos atletas brasileiros “relaxados taticamente”. Talvez por isso dê a chance dos dois estrangeiros se destacarem, deixando os badalados Régis e Hernane no banco de reservas. O crescimento do tricolor no Brasileirão passa pelos pés da dupla de alma castelhana e chega aos pés de Edigar Junio, candango que também assimilou rapidamente os conceitos do técnico. Zé Rafael, paranaense da gema, é outro que possui o sangue da raça e da técnica que prega o comandante tricolor.
Esse relacionamento conflituoso com a tática aplicada pela maioria das equipes pode não trazer a Libertadores para o Bahia, mas já foi suficiente para tirar o time das últimas colocações e trazê-lo para a superfície do Campeonato Brasileiro. Não é nenhum pecado nadar em direção à principal competição das Américas com um jogo propositivo e, por muitas vezes, envolvente. Aliás, permita-me dizer: a Liberta não é mais um sonho. É algo que as mãos tricolores podem alcançar. Se o time conseguir manter a consistência jogando na Arena Fonte Nova, onde é imbatível na gestão Carpegiani, e seguir sendo ousado ao visitar seus rivais, se transformará na grande surpresa da Série A.
Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos.