Spotify fará doação de R$ 3,5 milhões para startup baiana

Faz parte de campanha para valorização de vozes pretas

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  • Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2021 às 09:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O Spotify anunciou a campanha Abra Seus Ouvidos, na segunda-feira (21). A iniciativa convida as pessoas a escutarem o que as vozes pretas têm a dizer.

Com a participação de Ludmilla, Djona, MC Dricka e L7nnon, a campanha apresenta relatos que ilustram a extensão do racismo nas construções da indústria cultural.

O Spotif também anunciou uma doação inédita de R$ 3,5 milhões à organização social Vale do Dendê, aceleradora de impacto social e centro de inovação criada em Salvador, cidade com maior população preta fora da África.

O recurso será usado para investir em pequenos produtores de música e criadores de podcast, com impacto em mais de 500 profissionais da rede desas produtoras. A Vale do Dendê possui hoje 150 empresas aceleradas e já impactou diretamente mais de 800 empresas com seus programas.

Na campanha, a partir das experiÊncias pessoais dos convidados, os ouvintes são questionados: "Você me ouve. Mas você me escuta?". Essa indagação é o fio condutor do filme oficial da campanha, que conta com a voz de Ludmilla, declamando um poema de Kimani, uma poeta de slam da região do Grajú, São Paulo.

"Tem bastante vozes pretas que abrem meus ouvidos. A primeira delas é um ícone pra mim, que é a Beyoncé. Eu amo tudo o que ela representa. A força que vem dela me dá mais coragem pra viver, sabe? A Riahnna também. Tudo que ela faz com a vida dela me inspira demais. Eu também amo escutar a Iza", explica a cantora.

"Se eu fosse fazer uma homenagem, faria para a Rihanna e para a Beyoncé. Elas fizeram eu quebrar muitas barreiras. Antes eu não conseguia me aceitar. Através delas, eu consegui enxergar isso, porque elas são negras, pretas, lindas, e eu falei que também podia ser assim", adiciona MC Dricka.

"Sempre eu vejo muita gente falar isso: 'Ah, o L7 é branco'. Eu me vejo como uma pessoa preta, sim. Tenho sempre que provar que o carro que eu tenho é meu, que o dinheiro que está no meu bolso é meu, que o cordão que eu tenho fui eu que comprei, mas obviamente eu me coloco no meu lugar de passar por situações muito menos contrangedoras que uma pessoa de pele mais escura passa", finaliza L7nnon.

"Escutar a voz dos pretos muda a realidade objetiva. A primeira coisa que muda é no bolso de quem está sendo escutado. E subjetivamente, muda para quem está ouvindo. Se essa pessoa é preta, ela vai se identificar e falar que exige alguém igual", diz Djonga.