SSA Mapping explora projeções na fachada do Fórum Ruy Barbosa

Evento fez primeira ação pública ontem, no Dique do Tororó; confira programação

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  • Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 06:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

Uma árvore que escondia dois rostos em suas folhagens fez o público que passava pelo Dique do Tororó na noite de ontem parar para tentar entender o que acontecia.“O que é aquilo?”, “Ui, que susto”, “Você viu? Eles se mexem”, “Olha, que bonito...!”. Entre o espanto e a admiração, quem dedicou alguns minutos a contemplar a paisagem logo entendeu que uma projeção luminosa era a responsável por dar forma àqueles dois rostos - e depois, a outros mais. Caso do empresário Israel Ribeiro, 50 anos, que foi ver com a filha Maria, 6, o que estava acontecendo. “Moro aqui perto, mas só soube hoje que fariam isso aqui. O Dique está precisando de coisas bonitas assim! Nunca vi nada parecido, estou achando muito curioso”, comentou. Já a produtora cultural Fernanda Borges, 40, aguardava ansiosa pelo projeto Symbiosis, que como o próprio nome já diz, aposta na relação simbiótica entre homem e natureza. “Vim pela curiosidade. Projeções nas árvores, como assim? Ainda mais no Dique, um lugar muito especial para mim, forte. Está incrível!”, disse ela, que fez questão de vert tudo diretamente das águas do Dique, do pedalinho. (Foto: Divulgação) Quem também curtiu a experiência (vale se tiver curtido só de ler aqui), pode se preparar que o fim de semana inteiro vai ser dedicado às projeções mapeadas - técnica utilizada para projetar imagens em uma estrutura tridimensional, a qual é previamente mapeada por algum software. “As pessoas ainda não ligam o nome à coisa, mas muita gente sabe o que é. Quando elas vêem vídeos ou fotos, elas se dão conta de que já conhecem e, se não conhecem, ficam impactadas com o efeito. É de encher os olhos”, diz José Enrique Iglesias, diretor técnico do festival SSA Mapping. O evento, cuja primeira ação pública dessa segunda edição aconteceu no Dique, chega ao Campo da Pólvora neste sábado e domingo. Se na estreia, em março do ano passado, foi a fachada do Palácio Rio Branco (Praça Municipal) que serviu de suporte para as projeções mapeadas, agora será a do Fórum Ruy Barbosa.”O festival é itinerante e o grande lance é ocupar espaços públicos cujo movimento costuma cair aos finais de semana. A gente acredita que parte da segurança se cria quando começamos a ocupar, a movimentar esses espaços”, defende Iglesias, ao comentar que já tem um roteiro para os próximos dez anos. “A Bahia tem um patrimônio arquitetônico riquíssimo, como há em poucos lugares do mundo“, complementa.

Tanto assim que chamou atenção de Roberta Carvalho, curadora do evento. Natural de Belém (PA), a artista visual afirma que uma das maiores missões do festival é reviver a memória da cidade. Por isso a escolha do Dique do Tororó, para projetar sua obra Symbiosis, e do Fórum Ruy Barbosa, para abrigar a Mostra Principal. “A técnica do video mapping é muito conectada à arquitetura e temos um conjunto arquitetônico invejável aqui. Esse ano, iremos trabalhar com um prédio muito maior, mais extenso, o que exige uma complexidade técnica maior por parte dos artistas que vão expor suas obras”, explica. Renomados artistas visuais, como VJ Spetto (SP), Bianca Turner (SP), Fernando Velásquez (Uruguai) e VJ Suave (SP), criaram obras exclusivas para o evento. Esse ano, trabalhos de novos criadores serão expostos na Mostra Aberta - que também premiará quatro deles.

Bianca Turner, por exemplo, se inspirou na edificação inaugurada em 1949 e ainda hoje sede de comarcas da Justiça baiana. “Meu trabalho tem a memória como base e, nesse momento político, eu estou olhando muito para trás, para a história do Brasil e o que nos levou a chegar agora. O Campo da Pólvora era chamado de Praça dos Mártires e eu quis fazer essa junção do orixá da Justiça, Xangô, já que estamos em um fórum, com os mártires, relembrando inclusive presos políticos de hoje”, detalha.

Já o baiano VJ Gabiru (presente na Mostra Principal de 2017) trará o Mapping Gregórios, uma obra especial sobre a cidade de Salvador, a ser exibida nos dois dias de projeção. Cada dia será encerrado com uma performance de Interação Música-Imagem, apresentações musicais acompanhadas de projeções mapeadas. No sábado, quem se apresenta é a banda Afrocidade, de Camaçari. Junto com o grupo, quem comanda as projeções é a VJ Ani Haze, artista visual paulista radicada na Bahia. No domingo, a praça será tomada pelo concerto-quebradeira da Sanbone Pagode Orquestra, em uma apresentação amplificada pelas projeções de Roberta Carvalho.

Além da ocupação artística do Campo da Pólvora, o SSA Mapping amplia o diálogo com a cidade através de iniciativas como o Rolés, passeios guiados com roteiros criados especialmente para o festival. O Rolé Prédios de Salvador, que acontece na tarde do sábado, a partir das 16h, passa por edificações simbólicas do Centro Antigo da cidade partindo do Edifício Sulacap. Já o Rolé Gregórios, que acontece no domingo, também a partir das 16h, conduz os participantes por uma viagem pelo Centro Antigo, saindo da Escadaria do Passo e passando por pontos relacionados às poesias satíricas de Gregório de Matos (1636 –1696), o primeiro nome representativo da criação poética feita por brasileiros no Brasil. Foodtrucks, bicicletário, lounge e uma feirinha de impressos e artes visuais são algumas opções a mais para o público que aparecer no Campo da Pólvora.

SERVIÇO Mostra Principal e Mostra Aberta Sábado e domingo, 17h, no Campo da Pólvora, com projeções na fachada do Fórum Ruy Barbosa.

Interação Música-Imagem Sábado e domingo, 21h

Rolé Prédios de Salvador Sábado, 16h, saindo do Edifício Sulacap.

Rolé Gregórios Domingo, 16h, saindo do pé da Escadaria do Passo.