Stephen King retorna ao horror em romance escrito com o filho

Na trama de Belas Adormecidas, as mulheres somem do mundo, transformando o planeta numa terra de machos alfa

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  • Doris Miranda

Publicado em 14 de novembro de 2017 às 15:54

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Pense aí, rapidinho, o que seria do mundo, essencialmente, machista, violento e opressivo, se todas as mulheres desaparecessem da face da Terra? O mestre do terror, o escritor americano Stephen King, 70 anos, pensou tanto no assunto que produziu seu novo livro baseado nesse cenário apocalíptico: o suspense Belas Adormecidas (Companhia das Letras | R$ 45 | 728 páginas), o primeiro que  Stephen assina com o filho caçula Owen King. A história recria o conto de fadas da Bela Adormecida pelo viés do sobrenatural. Uma mulher misteriosa chega a uma cidade do interior (do Maine, certamente, estado natal do escritor e onde se passam quase todas suas histórias) e, rapidamente, provoca muita confusão. Explode uma fábrica de drogas ilícitas e mata dois traficantes com as próprias mãos num acesso de fúria. Mesmo agradecido pelo feito, o xerife do local não vê saída, a não ser prender Evie Black. Depois do encarceramento, uma inexplicável doença do sono acomete todas as outras mulheres da região - e do mundo também. Quando dormem, as vítimas da estranha doença são envoltas num casulo e, se acordadas, revelam uma ferocidade sem precedentes. A primeira mulher, porém, continua presa, acordada e com o poder de despertar as companheiras em estado bestial. Sozinhos e desesperados, os homens se dividem entre os que fariam de tudo para proteger as mulheres adormecidas e aqueles que querem aproveitar a crise para instaurar o caos. Quem explica a origem da trama é Owen King, 40 anos: “Um dia, perguntei ao meu pai o que achava da ideia de um livro em que, num dia qualquer, todas as mulheres do mundo não acordassem. Eu queria que ele escrevesse, ele se recusou. Ficamos com a ideia nos rondando por um tempo e então veio a ideia de escrevermos juntos. Mas não tínhamos ainda personagens, era só uma ideia engraçada.” Stephen, que já vendeu mais de 400 milhões de livros, autor de 56 romances e 200 contos, completa: “Owen já tinha uma coisa bem mais formatada, que é a combinação da ideia das mulheres que não acordam com o cenário de uma prisão feminina. Pensamos também em colocar a prisão numa cidade pequena, porque o que aprendi na escola, nas aulas de literatura, é que um microcosmo reflete o macrocosmo. Você pode usar um lugar pequeno para falar de tudo”, diz Stephen, que este ano teve três filmes adaptados de histórias suas: It: A Coisa nos cinemas e outros dois na Netflix, 1922 e Jogo Perigoso - há dias, houve a confirmação do remake de Cemitério Maldito, com lançamento previsto para 2019. E se a história fosse invertida, com homens dormindo? “Impossível. Vejo os homens agressivos, confrontadores. Uma briga louca de machos alfa. Se todos os homens dormissem, acho que as mulheres trabalhariam muito bem juntas. Não haveria confronto, não haveria história”.