Subúrbio: trem volta a operar com atraso de 2h após suspensão de serviço

14 mil passageiros são transportados por dia; acidente, semana passada, deixou 47 feridos

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  • Eduardo Dias

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 11:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Com duas horas e quarenta minutos de atraso, o único trem que tem servido os 14 mil passageiros diários do sistema de transporte ferroviário, entre a Calçada e Paripe, voltou a operar na manhã desta quinta-feira (7), as 8h40. Desde a colisão de duas composições na última sexta-feira (1º), que deixou 47 pessoas feridas, o serviço funciona  apenas com um trem - dos quatro disponíveis.

Ontem, no entanto, os suburbanos ficaram praticamente o dia inteiro sem o único trem - o sistema funcionou de 6h às 11h, quando parou. Voltou a operar 16h e parou 19h - uma hora antes do encerramento usual. O equipamento estava com avarias mecânicas e foi enviado para reparos na oficina.

O serviço, que percorre 13,5 km, ligando as estações Paripe e Calçada, custa R$ 0,50 e é gerido pela Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Sedur). O valor é oito vezes menor que o ônibus. 

Leia também: Trens que se acidentaram no Subúrbio operavam desde a década de 60 

A assessoria da Sedur informou que a diretoria da CTB está em reunião na manhã desta quinta-feira (7) para buscar soluções reparativas sobre a situação dos trens ferroviários.

Ainda segundo a CTB, os trens encontram-se em manutenção corretiva para que voltem à funcionalidade de maneira eficiente, atendendo às demandas da população. 

A previsão de retorno dos trens envolvidos no acidente é para sexta-feira (8). A CTB diz que está realizando apurações das causas da colisão através de um conselho técnico. O prazo para apontar o que pode ter ocorrido é de dez dias.

A artesã Bernarda Maria Souza, 55 anos, mora em Maragogipinho, município de Aratuipe. Em visita à filha, que mora na Liberdade, ela decidiu encontrar uma amiga em Mirante de Periperi. Para isso, revelou que prefere utilizar o trem como transporte por conta do valor mais baixo e para apreciar a viagem.

"Vi pela televisão o que aconteceu na sexta-feira, o acidente com os trens. Mas não tenho medo, ando sozinha aqui em Salvador, vou e volto sozinha por aqui. Prefiro ir de trem, que é mais barato que o ônibus e também para apreciar a paisagem durante a viagem", contou.

Em caso de uma nova suspensão da operação, Bernarda afirma que vai ser preciso pagar R$ 4 e ir de ônibus. "Se o trem parar de novo como ontem, vou ter que ir de ônibus, não tem outro jeito. Se demorar muito, eu vou no guichê saber o que houve e então sigo minha viagem", completou.  

O Sistema de Trens do Subúrbio de Salvador é formado por uma linha única, que liga o bairro da Calçada, na Cidade Baixa ao Subúrbio da capital baiana - composto por 22 bairros. Trem sucateado que opera no Subúrbio (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) São 10 estações, entre os terminais finais. São elas: Calçada, Santa Luzia, Lobato, Almeida Brandão, Itacaranha, Escada, Periperi, Coutos, Praia Grande e Paripe. Este ano foram transportadas 2,3 milhões de pessoas pelo sistema. Apenas em agosto, foram 332.360 passageiros - recorde do ano. 

O sistema será substituído pelo governo do estado pelo Veículo Leve de Transporte (VLT) do Subúrbio. O projeto prevê a ligação entre o bairro do Comércio, em Salvador, à Ilha de São João, no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Serão 20 kms de extensão, 22 estações e capacidade para transportar cerca de 150 mil usuários por dia. O modelo será do tipo monotrilho, movido à propulsão elétrica, sem emissão de agentes poluentes.

O acidente O choque entre dois trens do Subúrbio Ferroviário de Salvador, que deixou ao menos 47 passageiros feridos, ocorreu por volta de 15h30 de sexta-feira (1º). 

A Secretaria Municipal Saúde (SMS) informou, inicialmente, que 15 vítimas foram atendidas no local. No entanto, às 17h o número foi atualizado para 47 pelo coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Salvador, Ivan Paiva Filho. Ao todo, 23 pessoas delas foram atendidas no local e, por apresentarem apenas escoriações, foram liberadas em seguida.  (Foto: Betto Jr/ARQUIVO CORREIO) Outras 18 receberam os primeiros socorros no local e, em seguida, encaminhadas pelo Samu para unidades de saúde. Houve ainda seis vítimas socorridas por quatro viaturas do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), entre elas duas ambulâncias do 12° Grupamento de Bombeiros Militar (12°GBM/Salvar).

Segundo a SMS, os feridos que não foram liberados foram levados para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Paripe, Adroaldo Albergaria, San Martin e Hospital Ernesto Simões, além do Hospital Geral do Estado (HGE). 

Não houve vítima fatal. Os casos mais graves foram de uma pessoa com suspeita de fratura bacia e outra com suspeita de fratura na clavícula.

Em 2013, um trem climatizado foi entregue pela prefeitura de Salvador - que então operava o sistema. O trem foi disponibilizado após convênio entre a prefeitura e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), assinado ainda durante a gestão João Henrique.

A previsão, à época, era de que dois outros trens climatizados fossem entregues em 90 dias - as entregas dependiam de cronograma do governo do estado, que estava assumindo o comando do serviço. Procurada, a CTB informou, através de assessoria, que o trem climatizado apenas operou por poucos dias, saindo de circulação ainda em 2013.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier