Sucesso do Afro Fashion Day inclui evento na agenda cultural da Bahia

A programação incluiu oficinas de maquiagem e turbantes, e um desfile com 40 modelos vestindo peças de marcas baianas

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  • Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2015 às 08:41

- Atualizado há um ano

No Dia Nacional da Consciência Negra, o professor Anativo Oliveira, 43 anos, perguntou ao filho João Victor, 12, como a data havia sido trabalhada na escola onde o garoto estuda. “Ele me disse que ninguém nem tocou no assunto”, contou o pai, decepcionado. A saída encontrada por Anativo para mostrar ao filho a importância desse dia  para a etnia de ambos foi levar o garoto ao Afro Fashion Day, evento promovido durante todo o dia de ontem pelo CORREIO, para celebrar a cultura negra.

A programação do evento, que foi realizado na Praça da Cruz Caída, no Centro Histórico, incluiu concorridas oficinas de maquiagem e turbantes, estandes  com produtos de vestuário e artesanato, venda de quitutes baianos e um desfile com 40 modelos e artistas vestindo peças produzidas por marcas baianas. “É uma grande comemoração do Dia da Consciência Negra e de Salvador, que é uma cidade totalmente inclusiva. Todo mundo tem sua semana da moda e a nossa tinha que ser afro”, afirmou Sergio Costa, diretor executivo do CORREIO e idealizador do projeto. (Foto: Arisson Marinho/Correio) Artistas O ator Érico Brás, que apresentou o desfile, afirmou que  o  evento marca uma nova época na nossa história. “O CORREIO está de parabéns por incentivar iniciativas de empreendedorismo da população negra. Isso  é de extrema importância”, comentou. O cantor Ninha, que desfilou durante o Afro Fashion Day, chamou a atenção para a importância de encarar a data como um momento não só de celebração, mas também de reflexão  sobre a condição  do negro nos dias de hoje. “Esse evento tem tudo a ver com nós, negros. Hoje é um dia em que devemos parar e refletir sobre tudo que acontece com o negro. Somos rejeitados em determinadas coisas, mas iniciativas como essa, do CORREIO, podem ajudar na mudança”, considerou.Apesar de já ter desfilado anteriormente, Lincoln Sena, vocalista da banda Duas Medidas, afirmou que o simbolismo da data fez  com que o desfile de ontem ganhasse um significado especial. “Já tinha feito alguns trabalhos como modelo, mas hoje é um momento especial, uma data simbólica. Estou com as pernas tremendo”, admitiu o rapaz, que ressaltou a importância da participação da população em atividades relacionadas à cultura negra. “O que a gente precisa é estar se organizando e participando. As ideias já existem, mas precisam ser cada vez mais apoiadas”, defendeu.Já Denny, vocalista da Timbalada, ressaltou o caráter universal do Afro Fashion Day, que, ao valorizar os negros, contemplou  a população do país. “Esse evento e esse dia são importantes para pessoas que não conhecem ver os negros lindos desfilar. Não é um evento de negros, é um evento de baianos, de brasileiros”, resumiu.

Adile Reis, secretária-executiva da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), chamou a atenção para a oportunidade que o evento proporcionou à população em ver  artistas e modelos negros como protagonistas de um desfile. “Essa é uma oportunidade importante para os negros, principalmente as mulheres, entenderem que elas podem ocupar todos os espaços sociais”, declarou Adile, que representou o governo do estado, que apoiou o evento.  A secretária municipal de Reparação, Ivete Sacramento, representou a prefeitura, que também apoiou o Afro Fashion Day. Vida LongaPela empolgação dos modelos e artistas e também do público, que lotou o desfile e participou ativamente das oficinas e dos estandes, o Afro Fashion Day terá vida longa. “Uma iniciativa como essa já era para ter acontecido há muito tempo. A nossa cultura é muito forte, temos muito potencial”, afirmou o cantor Tony Salles, vocalista da banda Parangolé, outro participante  do desfile. Segundo Sergio Costa, a intenção é dar continuidade ao evento nos próximos anos. “A gente espera que seja um evento que entre no calendário da cidade”, concluiu.