Suspeito de estuprar sobrinha na Mata Escura é liberado pela polícia 

Segundo investigação, não houve flagrante

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 3 de setembro de 2018 às 10:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

Nataliano da Cruz Rocha, 27 anos, suspeito de abusar sexualmente da sobrinha de 14 anos, foi liberado da Delegacia Especializada de Crimes contra a Criança e o Adolescente (Dercca) na última quinta-feira (30), quando a família da vítima montou um plano para denunciar o ato. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (3) pela Polícia Civil, que afirmou em nota que “a vítima disse que, embora fosse abusada sexualmente por muito tempo, naquele dia não aconteceu contato sexual”. Segundo a assessoria da polícia, sem o flagrante, não foi possível pedir à Justiça a prisão do suspeito.

A mãe da vítima, Cíntia Oliveira, explicou que a adolescente vai passar pelo exame de corpo de delito nesta segunda-feira (3) para dar prosseguimento às investigações. Quanto à liberação do suspeito, a mãe afirma que há revolta. “Estamos dentro da lei e só queremos proteger minha filha”, disse.

Esposa do suspeito, Joseane Oliveira, 25, não esconde a mágoa com o acontecimento. Ela contou ao CORREIO que brigou com a família em nome do relacionamento com Nataliano. O namoro entre ela e Natan, como o suspeito é conhecido, começou quando ela tinha 13 anos e nunca foi bem visto pela família. 

Inicialmente, os pais de Joseane não queriam que ela namorasse “na porta” por conta da idade, mas o relacionamento seguiu firme e ela engravidou da primeira filha aos 16 anos. A relação entre Natan e a família de Joseane ficou ainda mais conturbada quando ele agrediu a esposa, caso que foi perdoado por ela, mas não pela família.

“Larguei minha família com 13 anos para ficar com ele. Minha mãe e meu pai não deixavam o namoro e eu saí de casa. Engravidei com 16 anos. Ainda é o homem que eu amo, mas depois de uma sacanagem dessa não tem nada que me faça perdoar. Ele já me traiu com várias outras mulheres e eu superei, mas é uma criança que está em jogo e eu tenho duas crianças [frutos do relacionamento entre os dois] em casa. O que eu não quero com minha filha, eu não quero pra filha de ninguém”, desabafa Joseane.

Família montou estratégia para revelar suspeita Na última quinta-feira (30), a família da adolescente flagrou Nataliano da Rocha Cruz sem roupas no quarto da garota de 14 anos. O caso aconteceu no bairro da Mata Escura, em Salvador.

A mãe da jovem descobriu os abusos apenas três dias antes, através de conversas que leu em uma das redes sociais da vítima e, junto com a avó, articulou um plano para conseguir fazer o flagrante.

Segundo Raimunda Oliveira, avó da adolescente, a garota mudou o comportamento de forma brusca nos últimos meses. Além das notas baixas na escola, percebeu que ela estava mais agressiva, conversava pouco e passava boa parte de seu tempo trancada no quarto, sem querer sair de casa.

A preocupação com a mudança repentina fez a mãe dela, a balconista Cíntia Oliveira, 31, acessar as redes sociais da filha para saber com quem ela falava e qual o teor das conversas. 

Sem consentimento Foi aí que ela descobriu que seu cunhado Nataliano enviava mensagens para sua filha tentando marcar encontros com a menina. A primeira reação foi de revolta e desconfiança a respeito do comportamento da filha. Cíntia largou o trabalho e voltou para casa, onde conversou com a adolescente, que contou à mãe que as relações nunca foram consentidas e já aconteciam desde março de 2017. Na época, a garota tinha acabado de completar 13 anos.

Desde quinta-feira (30) o CORREIO tenta falar com o suspeito, mas ele ainda não foi localizado para apresentar sua versão.

***Veja onde buscar ajuda em casos de violência doméstica: Cedap (Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa) – Atendimento médico, odontológico, farmacêutico e psicossocial a pessoas vivendo com HIV/AIDS. Endereço: Rua Comendador José Alves Ferreira, nº240 – Fazenda Garcia. Telefone: 3116-8888.  Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan) – Oferece atendimento jurídico e psicossocial a crianças e adolescentes vítimas de violência. Endereço: Rua Gregório de Matos, nº 51, 2º andar – Pelourinho. Telefone: 3321-1543/5196.  Cras (Centro de Referência de Assistência Social) – Atende famílias em situação de vulnerabilidade social. Telefone: 3115-9917 (Coordenação estadual) e 3202-2300 (Coordenação municipal)  Creas (Centro de Referência Especializada de Assistência Social) – Atende pessoas em situação de violência ou de violação de direitos. Telefone: 3115-1568 (Coordenação Estadual) e 3176-4754 (Coordenação Municipal)  Creasi (Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso) – Oferece atendimento psicoterapêutico e de reabilitação a idosos. Endereço: Avenida ACM, s/n, Centro de Atenção à Saúde (Cas), Edifício Professor Doutor José Maria de Magalhães Neto – Iguatemi. Telefone: 3270-5730/5750.  CRLV (Centro de Referência Loreta Valadares) – Promove atenção à mulher em situação de violenta, com atendimento jurídico, psicológico e social. Endereço: Praça Almirante Coelho Neto, nº1 – Barris, em frente a Delegacia do Idoso. Telefone: 3235-4268.  Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) – Em Salvador, são duas: uma em Brotas, outra em Periperi. São delegacias que recebem denúncias de violência contra a mulher, a partir da Lei Marinha da Penha.  Deam Brotas – Rua Padre José Filgueiras, s/n – Engenho Velho de Brotas. Telefone: 3116-7000.  Deam Periperi – Rua Doutor José de Almeida, Praça do Sol, s/n – Periperi. Telefone: 3117-8217.  Deati (Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso) – Responsável por apurar denúncias de violência contra pessoas idosas. Endereço: Rua do Salete, nº 19 – Barris. Telefone: 3117-6080.  Derca (Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente) Endereço: Rua Agripino Dórea, nº26 – Pitangueiras de Brotas. Telefone: 3116-2153.  Delegacias Territoriais – São as delegacias de cada Área Integrada de Segurança Pública. Segundo a Polícia Civil, os estupros que não são cometidos em contextos domésticos devem ser registrados nessas unidades. Em Salvador, existem 16 (http://www.policiacivil.ba.gov.br/capital.html).  Disque Denúncia – Serviços de denúncia que funcionam 24 horas por dia. No caso de crianças e adolescentes, o Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos oferece o Disque 100. Já as mulheres são atendidas pelo Disque 180, da Secretaria de Políticas Para Mulheres da Presidência da República. Fundação Cidade Mãe – Órgão municipal, presta assistência a crianças em situação de risco. Endereço: Rua Prof. Aloísio de Carvalho – Engenho Velho de Brotas.  Gedem (Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher do Ministério Público do Estado da Bahia) – Atua na proteção e na defesa dos direitos das mulheres em situação de violência doméstica, familiar e de gênero. Endereço: Avenida Joana Angélica, nº 1312, sala 309 – Nazaré. Telefone: 3103-6407/6406/6424.  Iperba (Instituto de Perinatologia da Bahia) – Maternidade localizada em Salvador que é referência no serviço de aborto legal no estado. Endereço: Rua Teixeira Barros, nº 72 – Brotas. Telefone: 3116-5215/5216.  Nudem (Núcleo Especializado na Defesa das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar da Defensoria Pública do Estado) – Atendimento especializado para orientação jurídica, interposição e acompanhamento de medidas de proteção à mulher. Endereço: Rua Pedro Lessa, nº123 – Canela. Telefone: 3117-6935.  Secretaria Estadual de Políticas Para Mulheres Endereço: Alameda dos Eucaliptos, nº 137 – Caminho das Árvores. Telefone: 3117-2815/2816.  SPM (Superintendência Especial de Políticas para as Mulheres de Salvador) – Endereço: Avenida Sete de Setembro, Edifício Adolpho Basbaum, nº 202, 4º andar, Ladeira de São Bento. Telefone: 2108-7300.  Serviço Viver – Serviço de atenção a pessoas em situação de violência sexual. Oferece atendimento social, médico, psicológico e acompanhamento jurídico às vítimas de violência sexual e às famílias. Endereço: Avenida Centenário, s/n, térreo do prédio do Instituto Médico Legal (IML) Telefone: 3117-6700.  1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar – Unidade judiciária especializada no julgamento dos processos envolvendo situações de violência doméstica e familiar contra a mulher, de acordo com a Lei Maria da Penha. Endereço: Rua Conselheiro Spínola, nº 77 – Barris. Telefone: 3328-1195/3329-5038. *Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier.