Suspeito de matar irmãos em Dom Avelar aparece em foto na cena do crime

Família prestava socorro quando Alan passou de moto: 'voltou pra se certificar'

  • Foto do(a) author(a) Tailane Muniz
  • Tailane Muniz

Publicado em 18 de novembro de 2018 às 12:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Leitor CORREIO

A imagem representa a cena de horror vivida pela família Souza, na última segunda-feira (12), no bairro de Dom Avelar, em Salvador. A foto, feita por um morador da Rua dos Franciscanos, e obtida com exclusividade pelo CORREIO, mostra a tentativa de socorro aos irmãos Rodrigo Cruz de Souza, 35 anos, Marcos Antônio Cruz de Souza, 43, e Clóves Cruz de Souza, 49.  Com a mesma blusa preta com a qual se entregou à polícia, e calça jeans, Alan passa de moto. Carro leva baleados (Foto: Leitor CORREIO) Dois deles, Clóves e Marcos, morreram no local. Rodrigo foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde permanece internado, em estado "delicado". O ataque, que foi presenciado pelos pais dos três, chocou a família da vítima por mais um detalhe: um dos suspeitos, o mecânico Alan Silva Menezes dos Santos, 30, aparece na cena do crime cerca de dez minutos depois dos disparos.

De acordo com as investigações preliminares da Polícia Civil, Alan cometeu o crime acompanhado dos irmãos, os também mecânicos Carlos Luís Menezes dos Santos, 22, e Luís Carlos Menezes dos Santos, 26. A motivação: o sumiço de uma chave de fenda. Os seis irmãos se conheciam desde a infância.

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Sobrinha das vítimas, a estudante Caroline de Souza, 21, diz não se conformar com a "frieza" de Alan que, segundo ela, chegou a ameaçar outras pessoas no momento em que a foto foi tirada. "Ele matou, os irmãos [de Alan] pegaram o carro e fugiram com o resto da família. Ele voltou para se certificar", comentou com o CORREIO."Mais que isso, ele ameaçou as pessoas que estavam tentando dar socorro. Dá pra ver meu tio Rodrigo no banco de trás, as pernas de tio Marcos. Só tio Clóves não aparece, porque ele está próximo ao pneu, não dá pra ver ", completou a jovem.Os suspeitos se entregaram à polícia dois dias após o crime, na quarta-feira (14), acompanhados de dois advogados. Como já tinham mandado de prisão temporária em aberto, foram levados para o Complexo Penitenciário de Mata Escura.  

Veja abaixo o vídeo do dia da apresentação dos suspeitos. Alan usava a mesma roupa:

Presos temporariamente Para ela, o fato de Alan, que aparece na foto usando a mesma camisa [farda de sua oficina] que se apresentou à polícia, ter retornado à cena do crime é um indício de que ele estava "disposto a matar". "Isso não sou eu quem digo, ele disse a um vizinho: 'se carregar esse aí, eu vou meter bala, e levantou a camisa, exibindo a arma", completou. Alan (no meio), ao lado dos irmãos Luís Carlos e Carlos Luís, presos pelo duplo homicídio (Foto: Divulgação/SSP-BA) O CORREIO procurou a Polícia Civil, que informou que o titular da 2ª Delegacia de Homicídios (DH) do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Guilherme Machado, ainda não solicitou que a prisão temporária seja convertida para preventiva. Guilherme tem o prazo inicial de 30 dias para concluir as investigações. Os irmãos Clóves e Marcos, mortos a tiros, trabalhavam juntos há mais de 20 anos (Fotos: Reprodução) Sobrevivente não sabe da morte de irmãos Perto de completar uma semana, o duplo assassinato é, afirma a sobrinha das vítimas, motivo de "muita dor e revolta". "Meus avós estão inconformados. Vivem dopados e cheios de problemas de saúde. Para nós, a morte seria pouco para eles. Esperamos que, pelo menos, permaneçam presos por muito, muito tempo". A sobrinha das vítimas disse, ainda, que Rodrigo, o tio que sobreviveu, vai passar por uma cirurgia delicada na região da garganta, além de ter apresentado dificuldades respiratórias. "Ele está consciente, mas não sabe que os dois [Marcos e Clóves] morreram. A bala entrou pelo queixo e atingiu o pescoço dele, por isso a cirurgia é delicada. 

Segundo Caroline, Rodrigo foi baleado por Alan ao tentar intervir no ataque contra os irmãos, baleados primeiro. "Só foi tentar socorrer meus outros tios. Atiraram contra ele várias vezes, vizinhos viram, mas só três tiros pegaram. Nossa dor é enorme, porque eles não voltam mais", lamentou a estudante.

Marcos e Clóves foram enterrados juntos, no Cemitério Bosque da Paz, sob forte comoção. Enterro das vítimas levou multidão ao cemitério Bosque da Paz, na terça-feira (Foto: Almiro Lopes/Arquivo CORREIO)