Suspeito de matar PM trabalhava como manobrista em São Paulo

Delegado diz que acusado "levava uma vida tranquila, como se nada tivesse acontecido"

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  • Bruno Wendel

Publicado em 8 de março de 2019 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução e Evandro Veiga/CORREIO

O único envolvido na morte do policial militar subtenente Fabiano Fortuna e Silva, que ainda estava solto, foi preso nesta quarta-feira (6). O crime aconteceu em setembro de 2017, quando um grupo assaltou e matou o PM dentro do estacionamento do Shopping Paralela.  Michel trabalhava como manobrista e levava vida tranquila (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Michel da Silva Nascimento, 28 anos, trabalhava como manobrista em São Paulo, onde foi preso. Após tomar conhecimento que a vítima do latrocínio (roubo seguido de morte) era um PM, Michel fugiu para casa de parentes, em Jardim Peri, bairro da zona norte paulista, onde foi preso. 

Michel foi apresentado à imprensa na manhã desta sexta-feira (8), no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba. Ele é acusado de ter efetuado o disparado que matou Fortuna - inclusive, circula nas redes sociais um vídeo onde Michel aparece em uma unidade policial, admitindo ter atirado em Fortuna. No entanto, durante a apresentação, Michel negou envolvimento com o crime. A arma usada no assassinato, um revólver calibre 38, ainda não foi localizada.

Michel foi capturado através de um cumprimento de mandado de prisão. A operação contou com equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Bahia, da Polícia Federal e da Polícia Civil paulista. O acusado, que já tem passagem por roubo e integrava a carta 8 de Ouros do Baralho do Crime da Secretaria de Segurança Pública (SSP).  “Ele levava uma vida tranquila, como se nada tivesse acontecido. Foi preso ainda usando a farda do trabalho. Ao contrário da maioria dos bandidos, ele não usava documentos falsos para começar uma nova vida", declarou o delegado Odair Carneiro, coordenador da força-tarefa que investiga a morte de policiais.Além de Michel, outros três envolvidos na morte de Fortuna já estão presos. São eles: Luís Eduardo Santos Ribeiro, conhecido como Chapão (preso em Sergipe), Eduardo Santos Fernandes e Marcelo de Moura, ambos também capturados, julgados e condenados a 28 anos de prisão.

"Encerramos este caso deixando bem claro que não adianta fugir para outro estado. Dois dos autores tentaram se esconder em São Paulo e em Sergipe, mas nós os achamos", declarou delegado Odair Carneiro.

O comandante do Policiamento Especializado (CPE) da PM, coronel Humberto Sturaro, agradeceu o empenho das polícias Civil e Federal. "Este crime, infelizmente, teve um sabor amargo, pois foi contra um dos nossos. Importante salientar que todos os autores acabaram presos", disse o oficial.

Cláudio Viterbo, investigador da PF, por sua vez, enalteceu a integração com as forças estaduais. "Atuamos em diversas ações com a SSP, compartilhando dados e desarticulando organizações criminosas", completou.

Segundo a polícia, Michel fazia parte de uma quadrilha especializada em saidinhas bancárias. Ele e seus três comparsas, de acordo com a polícia, flagraram o PM sacando dinheiro e o seguiram até o estacionamento do Shopping Paralela, onde ocorreu o crime.

Antes da abordagem à Fortuna, a quadrilha já tinha abordado outras quatro pessoas no mês de setembro de 2017. “Eles sempre agiam nas regiões onde há maior concentração de agências bancárias, como Centro Administrativo da Bahia (CAB), Pituba, Barra e também na Região Metropolitana de Salvador (RMS)”, disse o delegado Odair Carneiro.  Foto: Reprodução Relembre o caso Em setembro de 2017, por volta das 15h, o subtenente Fortuna sacou R$ 4 mil na agência do Banco do Brasil, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Marcelo, um dos criminosos, já estava na agência em busca de uma vítima e era aguardado do lado de fora pelos comparsas.

De lá, a quadrilha seguiu Fortuna até o Shopping Paralela, onde a vítima pretendia fazer um depósito em um caixa rápido. No meio do caminho, Michel foi para a garupa da moto pilotada por Chapão.

Já no estacionamento do centro de compras, eles anunciaram o assalto, segundo Odair Carneiro, sem saber que se tratava de um PM. “Quando soube que se tratava do assalto, o subtenente fez um movimento brusco e acabou sendo atingido. Os quatro fugiram sem levar o dinheiro, mas roubaram a arma de Fortuna. O policial ainda tentou pedir socorro e foi levado ao Hospital Geral Roberto Santos, mas não resistiu”, explicou.

O subtenente Fortuna era lotado na 9ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Pirajá) e fazia parte da corporação há 19 anos. Ele era filho único e não era casado.