Suspeito de matar PM vivia em imóvel de luxo no Nordeste de Amaralina; veja

A casa, sem reboco, foi localizada pela polícia nesta sexta-feira (15) e tinha até adega

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  • Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2018 às 09:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/SSP-BA

Elias é procurado pelas forças de segurança da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) Foto: Divulgação SSP-BA O muro sem pintura e sem reboco e a porta parcialmente quebrada não davam pistas. Mas, por dentro, estava uma casa de luxo – com direito a adega e espaço construído em conceito aberto. Mais do que um imóvel de alto padrão, a casa, localizada no Nordeste de Amaralina, escondia um dos três traficantes mais procurados da Bahia. 

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), o imóvel era usado por Marcelo Henrique Menezes dos Santos, o Elias Pinto, suspeito de liderar a quadrilha responsável pela morte do cabo Gustavo Gonzaga da Silva, 44 anos, assassinado e torturado no sábado (9). A casa foi encontrada pela polícia na manhã desta sexta-feira (15). 

A casa fica na Rua Baixa da Paz, na Santa Cruz, e foi localizada após denúncias anônimas. Assim, equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Batalhão de Choque e da Superintendência de Inteligência da SSP-BA estiveram no local e encontraram desde documentos pessoais de Elias até fotos e itens do Corinthians, time que ele torce. 

"Este criminoso saiu do presídio no indulto de Natal, no ano passado, não retornou e continua comandando o tráfico de drogas, determinando mortes, roubos, entre outras práticas ilícitas. É o tipo de marginal que não merece progressões de pena ou qualquer tipo de benefício. Vamos pegá-lo novamente", afirmou o secretário da Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa, em nota divulgada pela assessoria do órgão. 

Elias está foragido, mas quem tiver informações sobre ele pode fazer uma denúncia através dos telefones 190 ou 3235-0000 (Disque Denúncia da SSP).

Ele havia sido preso em 21 de novembro de 2012. O acusado, que também é conhecido por Pinto, é apontado pela polícia como o gerente do tráfico no Boqueirão. A facção Comando do Boqueirão (CB) representava, na época que ele foi preso, um grupo com prestígio e poder na localidade da Santa Cruz.

Elias é um dos nomes fortes do Comando da Paz O grupo criminoso ganhou força há um ano no complexo do Nordeste de Amaralina, apesar das três Bases Comunitárias (inauguradas em setembro de 2011) e de uma Companhia da Polícia Militar. O CB foi fundado por um dos ex-integrantes do alto escalão do Comando da Paz (CP) que, atualmente, domina o esquema do tráfico na região. 

Além de Elias, atual comandante da região do Boqueirão, o CP tem na sua composição a atuação de Caique, que é indicado com o gerente. De orfão abandonado na infância e 'aviãozinho' na adolescência, ele hoje é o braço direito de Val Bandeira, chefão do CP que está preso Caíque, 25, é suspeito de envolvimento em vários homicídios, diz polícia  (Foto: CORREIO/Reprodução) Ainda moleque, Antônio Caíque Santos Oliveira teve o destino igual ao de muitos outros meninos largados à própria sorte no Complexo do Nordeste de Amaralina, região formada por quatro comunidades carentes de Salvador. Foi cooptado pelo tráfico, que começou nas funções de 'aviãozinho' e olheiro e que, na adolescência, se exibia com um fuzil que pesava mais do que seu corpo franzino.

A diferença é que a maioria dos meninos que cresceu junto com Caíque não chegou à sua idade – porque foi morta pela polícia ou por rivais –, e tampouco à sua posição – isso em relação aos que ainda vivem. Com 25 anos, Caíque é um dos gerentes da CP, grupo criminoso que controla o tráfico nos bairros que formam o complexo: Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho.

Caíque é um dos olhos e gatilho de Joseval Bandeira, o Val Bandeira, que mesmo cumprindo pena Unidade Especial Disciplinar (UED), no Complexo Penitenciário da Mata Escura, continua mandando na região do Nordeste. Val Bandeira, o chefão do Comando da Paz, quase foi solto no ano passado (Foto: Reprodução) No sábado (9), a polícia matou no final de linha da Santa Cruz um dos homens ligados à facção. Trata-se de um traficante conhecido como Budigo que, segundo a SSP, também teve envolvimento com a morte do cabo da Polícia Militar Gustavo Gonzaga. Antes de ser executado, o policial foi torturado por traficantes da área onde Caíque comanda, na última sexta-feira (8). O corpo foi mutilado. Cabo PM Gonzaga foi assassinado com requintes de crueldade da sexta(Foto: Reprodução) Depois da morte do policial, Salvador e Região Metropolitana amargaram o final de semana mais violento do ano: 30 homicídios, todos de homens, a maioria com idades entre 15 e 29 anos e moradora de bairros periféricos. Os casos são investigados pelo DHPP. A própria SSP também diz avaliar se parte das mortes ocorreu por retaliação ou ação de grupos de extermínio com policiais envolvidos.

O CORREIO revelou com exclusividade a existência da quadrilha CB, em setembro de 2012. Nessa época, Caíque não era mais um garoto. Era um homem respeitado no bando. “No final da adolescência, Caíque teve autorização da cúpula do CB para montar sua primeira boca. Daí foi ganhando respeito, pegando o gosto de matar os rivais e usuários que deviam e inocentes desavisados de outros bairros que circulavam na região do Nordeste”, contou um policial.

A ascensão de Caíque veio com a chegada do CP no complexo do Nordeste de Amaralina, dois anos depois. “Ele já era um dos homens importantes do CB e, quando o CP chegou, todos os grupos criminosos se aliaram à facção. Nisso, ele se tornou um dos gerentes do CP”, contou o agente.