Tá tudo dominado

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Publicado em 18 de agosto de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Por alguns momentos, o Bahia até demonstrou que poderia estragar a festa palmeirense, mas não rolou. No final das contas, as semifinais da Copa do Brasil serão disputadas por Flamengo, Corinthians, Cruzeiro e Palmeiras. Um saco.

Pela lógica mercantil que vem dominando o futebol daqui e de alhures, não dá pra correr muito disso aí não. Noves fora alguma surpresa inesperada, o que teremos daqui pra frente no torneio que outrora dava esperanças a times com menos grana é esse previsível roteiro: os times com o caixa mais gordo vão sempre disputar o título, assim como já acontece no Campeonato Brasileiro.

O detalhe é que, este ano, o patrocínio da Copa do Brasil estourou o cofre e as premiações são altíssimas: R$ 50 milhões para o campeão e  R$ 20 milhões para o segundo colocado, isso sem falar em quantias menores – mas bem atraentes - para quem foi eliminado no caminho.

Daí que se abre uma engrenagem cíclica, difícil de ser rompida: quem já tem mais grana vai disputar o título que agora dá mais grana, para chegar com mais grana ainda nos próximos torneios e impedir que os quebrados cheguem perto da grana.

É simplesmente absurdo que os times que disputam a Libertadores (onde chegam muito por causa da grana) entrem em fase tão adiantada da Copa do Brasil e, mesmo assim, pelas regras do sorteio, não possam se enfrentar logo de cara. Tudo é feito para favorecer amplamente quem já está montado no dinheiro, deixando uma gretinha para outros clubes tentarem passar.

Iniciativas deste tipo só podem partir, claro, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), um espaço dominado pela patifaria. Além disso, como cartola é uma estirpe que, via de regra, só pensa em seu clube (e/ou no seu bolso), a tendência é que o abismo financeiro se alargue com o passar dos anos e o futebol nacional efetivamente competitivo seja reduzido a um encontro de compadres. O resto que se exploda.

Há, entretanto, um ponto a observar: o que vemos agora em plano nacional deveria ensinar algo aos grandes clubes do Nordeste, Bahia e Vitória inclusos, cujos dirigentes vivem resmungando com o pires na mão quando têm que enfrentar as equipes mais fortes do Sul e Sudeste, mas, no âmbito regional, já ensaiam agir igualzinho e criar uma espécie de casta superior nordestina. A contradição é um mal epidêmico.

Aprendi desde cedo com minha avó, dona Deinha, que felizmente segue firme e (semi) forte quase aos 90: esse pessoal só quer venha a nós, ao vosso reino nada.

Sacanagem única Por falar em elitismo, a Conmebol finalmente anunciou o que tanto queria: final da Taça Libertadores em jogo único, com sede rotativa.

Numa canetada, chutam pra escanteio todo o contexto sul-americano, dos pontos de vista social, econômico, cultural, desportivo e até mesmo de mobilidade para adotarem uma medida que só atende a cartolas, grandes grupos midiáticos, políticos e megaconstrutoras que logo vão dar um jeito de botar estádios abaixo para reconstruí-los no “Padrão Final da Libertadores” -  com dinheiro público, claro.   

E o torcedor (ou hincha) apaixonado? Ah, o torcedor que se lasque.