Também quero mais craques brasileiros atuando no futebol italiano

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  • Clara Albuquerque

Publicado em 20 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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“Você é jornalista brasileira? E você trabalha aqui em Milão? Mas nem temos mais muitos brasileiros atuando por aqui! Ou temos algum? Ah sim, tem só o Miranda, zagueiro da Inter... eu sinto falta dos jogadores brasileiros, eles são muito simpáticos”, perguntou, respondeu e comentou o taxista italiano que me levou ao San Siro para a partida entre Itália e Portugal, sem que eu conseguisse abrir a boca pra responder ou falar qualquer coisa.

Os 25 minutos seguintes foram ocupados quase que na totalidade por um monólogo do taxista, torcedor da Inter de Milão, sobre dois brasileiros em especial: Adriano, que virou ídolo no clube entre 2004 e 2008, e o goleiro Júlio Cesar, que ficou sete anos em Milão e fez parte do time que conquistou a tríplice coroa, com os títulos da Liga dos Campeões, Campeonato Italiano e Copa Itália. 

Ele me contou que levou Adriano pra casa duas vezes depois uma festa e de um jantar. Na primeira, disse que o atacante estava feliz e parecia sóbrio. Na segunda, já nos últimos meses do jogador na cidade, segundo ele, disse que Adriano parecia triste e que tinha bebido demais. Então, me perguntou onde estava o brasileiro, o que ele estava fazendo. Foi a única hora que falei alguma coisa. Depois, ele passou 15 minutos falando sobre como Júlio Cesar era maravilhoso, educado e querido por todos e que costumava levar familiares do goleiro brasileiro para os jogos.

A Itália não deixou de ser um destino de atletas brasileiros, mas os principais estão atuando em outros mercados europeus. Atualmente, a Inter tem dois jogadores do Brasil, Miranda e Dalbert (esquecido pelo taxista) e o Milan não tem nenhum, mas receberá Lucas Paquetá em dezembro. Do atual grupo da Seleção Brasileira, além de Miranda, Douglas Costa e Alex Sandro, da Juve, são os únicos que atuam aqui na Itália. Anos difíceis, em especial, para a dupla de Milão, afastaram muitos craques, mas alguns passos pra que isso mude já foram dados. 

Apesar de milhares de diferenças, principalmente quando falamos do jogo entre as quatro linhas, na minha visão, perambulando há dois anos em estádios europeus, a Itália é o país que mais se parece com o Brasil quando falamos de futebol. A forma de torcer, de encarar certas situações, de viver o futebol fora de campo e até o comportamento da imprensa. A verdade é que assim como taxista saudoso, eu também gostaria de voltar a ver mais craques brasileiros atuando por aqui. 

às claras A partida do Brasil, hoje, diante de Camarões, será a primeira, desde que Tite assumiu o grupo, diante uma seleção africana. Dos 31 jogos com o técnico no comando, 16 foram contra sul-americanos e o aproveitamento é muito bom: 13 vitórias, 2 empates e uma derrota, no amistoso de junho de 2017, para a Argentina. 

A Seleção ainda não enfrentou um europeu desde a saída da Copa do Mundo (com uma derrota pra Bélgica) e tenta que os amistosos agendados para março de 2019 sejam contra seleções europeias. Isso é cada vez mais importante. E cada vez mais difícil. A Nations League, nova competição da Uefa, que está tendo sua última rodada da fase de grupos neste intervalo internacional, está sendo um sucesso. Jogos de alta competitividade pra ocupar a agenda dos europeus. O buraco entre o futebol dos continentes é cada vez maior.

Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa