'Tão destruído quanto a minha cidade', diz Mia Couto sobre ciclone em Moçambique

Mortos chegam 354, mas número pode subir para 1 mil

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  • Da Redação

Publicado em 20 de março de 2019 às 19:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação
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O escritor e biólogo moçambicano Mia Couto contou em um e-mail para sua editora em Portugal que se sente destruído e perdido após a tempestade que atingiu sua terra natal. Pelo menos 2,6 milhões de pessoas foram afetadas pela passagem do ciclone Idai em Moçambique, Zimbábue e Malauí, que causou graves inundações e deslizamentos de terra e destruiu milhares de hectares de plantações. Há registros de enchentes em várias comunidades.

"Estou eu quase tão destruído quanto a minha cidade", escreveu Mia, que atualmente mora em Maputo. Segundo a Rádio Notícias, o escritor estava se preparando para lançar este ano um novo livro sobre as suas memórias de infância na cidade de Beira."Estava determinado a ir para a Beira para mergulhar no espírito do lugar e agora, segundo me dizem, quase não há lugar. É como se me tivessem arrancado parte da infância. É como se estivesse a escrever a história de um amigo que, entretanto, morresse", lamentou, dizendo também que ainda não teve notícias de seus amigos que estão em Beira.Devastação Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a tempestade provocou o pior desastre natural a atingir o Hemisfério Sul. O cenário descrito pela ONU é de devastação.

Autoridades dos três países fazem levantamentos sobre mortos, desaparecidos e desassistidos em decorrência da passagem do ciclone  pelo sudeste da África, que deixou um rastro de destruição. No total, são contabilizados 354 mortos, mas o cálculo é que esse número pode subir para 1 mil.

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Integrantes da ONU estimam que os impactos resultem em um dos maiores desastres relacionados a tempestades.

Pelo menos 2,6 milhões de pessoas foram afetadas pela passagem do ciclone, que causou graves inundações e deslizamentos de terra e destruiu milhares de hectares de plantações. Há registros de enchentes em várias comunidades.

O ministro da Terra, Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural de Moçambique, Celso Correia, disse que a operação de resgate vai ser mantida pelos próximos dias. "Temos remédios suficientes, mas o grande desafio é o acesso. Agora estamos usando barcos e helicópteros. Quando tivermos acesso, nosso trabalho será mais fácil."

No montanhoso distrito de Chimanimani, no Zimbábue, na fronteira leste com Moçambique, dezenas de pessoas foram mortas por deslizamentos de terra. No entanto, as autoridades dizem que até 300 pessoas podem ter morrido. Alguns corpos provavelmente foram arrastados pela montanha em direção a Moçambique. Foto: AFP Os esforços de resgate foram prejudicados pela destruição de estradas e quebra de comunicação. Pontes foram destruídas, deixando a maioria das partes das áreas afetadas inacessíveis. Devido às más condições climáticas, helicópteros têm dificuldades para voar.

Países vizinhos prometeram ajuda humanitária a Moçambique, Zimbabué e Malauí. As Forças Armadas da Tanzânia vai colaborar no transporte de 238 toneladas de medicamentos e alimentos.