Tarantino reúne Brad Pitt e Leo DiCaprio em filme de pouca inspiração

'Era Uma Vez em... Hollywood' homenageia a indústria do cinema dos anos 60 e também a trágica e bela atriz Sharon Tate

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  • Hagamenon Brito

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tarantino dirige os astros Leonardo DiCaprio e Brad Pitt no set de seu novo filme, que já faturou US$ 104 milhões nos EUA (Foto/Divulgação)

Poucas vezes um filme celebrou o passado - para o bem e para o mal na maior parte das suas 2h41 de duração - com tanta extravagância quanto Era Uma Vez em... Hollywood (Once Upon a Time in...Hollywood). Em boa interpretação, Brad Pitt é Cliff Booth, dublê e amigo do ator de faroeste Rick Dalton, vivido por Leonardo DiCaprio (Foto/Divulgação) Mas estamos falando de Quentin Tarantino, 56 anos: o cineasta americano tem a audácia de se deleitar com a violência e festejar o inacreditável com um toque pop muito próprio. Afinal, ele matou Hitler há dez anos em Bastardos Inglórios.

No seu nono filme (ele prometeu dirigir apenas dez), Tarantino volta no tempo novamente e faz um fantasioso (e imprudente) revisionismo histórico do assassinato a facadas da atriz Shaton Tate, grávida de quase nove meses, por seguidores do psicopata Charles Manson (1934-2017).

Bromance - São os últimos dias da Era de Ouro de Hollywood nos anos 1960, e o ator de seriados de TV Rick Dalton (Leonardo DiCaprio, sem brilho) e seu dublê Cliff Booth (Brad Pitt em boa atuação) lutam para encontrar trabalho dentro de uma indústria em rápida transformação.

Ao longo dos anos, Cliff evoluiu de dublê para motorista e amigo de Rick Dalton. Os dois viajam juntos, bebem juntos, visitam sets cinematográficos juntos e, às vezes, fumam maconha, relaxam e assistem à TV juntos. Enfim, um "bromance".

Rick Dalton também é vizinho de Roman Polanski (O Bebê de Rosemary) e admira a esposa do diretor polonês , Sharon Tate (a luminosa Margot Robbie), então uma estrela em ascensão em Hollywood e sem saber onde sua carreira a levará. Margot Robbie interpreta a atriz Sharon Tate, assassinada a facadas em 1969 por seguidores do psicopata Charles Manson (Foto/Divulgação) A história começa em 1969, a Guerra do Vietnã está em alta velocidade, a contracultura hippie está à beira de ser ouvida e o soft rock psicodélico conquista as paradas com sucessos de Paul Revere & The Raiders, José Feliciano e Vanilla Fudge.

Com o auxílio luxuoso do diretor de fotografia Robert Richardson (A Invenção de Hugo Cabret, Bastardos Inglórios), Quentin Tarantino fabrica a virada dos anos 60/70  com fantasia, música pop (até de forma excessiva e aleatória) e uma sensação esmagadora de nostalgia, optando inclusive por mais imagens do que diálogos, diferentemente da maioria dos seus filmes.

Tarantino ama a indústria do cinema e a cultura pop derivada de Hollywood. Todos sabemos disso e a tonelada de imagens de arquivo no filme reafirma esse afeto. Desta vez, porém, a homenagem deixa a desejar,  sobretudo pelo roteiro que, na maior parte do tempo, se preocupa mais em oferecer diversão do que sentido ao espectador.

Parecendo cada vez mais um cachorro correndo atrás do próprio rabo, Tarantino repete seus maneirismos e referências num longa-metragem de quase três horas que só tem um ponto alto, justamente no final, quando a homenagem a Sharon Tate revela-se leviana.

Brincar com a imagem de Bruce Lee, recriando o ícone das artes marciais como um palhaço arrogante, já é algo sem graça, mas usar uma das chacinas mais brutais e famosas da história dos Estados Unidos de modo fantasioso e impreciso é uma ideia irresponsável.

COTAÇÃO: Regular

Veja o trailer de 'Era Uma Vez em... Hollywood'

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