Taxistas fazem carreata contra liminar que libera Uber em Salvador

Permissão da Justiça para que motoristas do aplicativo circulassem na capital foi dada no Carnaval deste ano

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  • Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2017 às 09:45

- Atualizado há um ano

Foto: Nilson Marinho/CORREIOCerca de 300 taxistas saíram em carreata na manhã desta quarta-feira (24) em um protesto contra a liberação da Uber em Salvador. A categoria se reuniu na Avenida Bonocô e, por volta das 9h, começou o ato em direção ao Tribunal de Justiça da Bahia, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). O trânsito na região do Ogunjá, retornando para o sentido Paralela, ficou lento.

Os taxistas ocuparam as duas faixas da via e foram acompanhados por agentes da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador). Durante o Carnaval deste ano, uma liminar da Justiça deu permissão para o motoristas circularem com o aplicativo.

Os taxistas chegaram a ocupar três faixas da Av. Paralela, deixando o trânsito lento na região. A orientação dos agentes da Transalvador era de que os manifestantes ocupassem apenas duas faixas. O congestionamento chegou até a Avenida Carybé, segundo a Transalvador, e teve cerca de dois quilômetros.

"As entidades e os sindicatos enxergam que a liberação da Uber é uma concorrência desleal. Pagamos todos os nossos impostos em dia, cumprimos todas as regras exigidas pela prefeitura e fazemos vistorias anuais", reclamou Ademilton Paim, presidente da Associação Geral dos taxistas (Aget) durante o ato. Foto: Nilson Marinho/CORREIO"O aplicativo chega ao país, começa a circular e todas as exigências ainda continuam sendo cobradas apenas para os taxistas", ponderou. A intenção da categoria era pressionar o judiciário para que se julgue a situação de forma favorável para os motoristas de táxi.

"Essa é a terceira vez que a audiência para a derrubada da liminar é cancelada. Pedimos compreensão do poder público e do Tribunal de Justiça para avaliar a nossa situação. A liminar, que permite que a Uber circule na capital foi concedida em fevereiro sem ser levado em consideração que o aplicativo é um transporte clandestino", completou Ademilton Paim. Segundo os taxistas, uma audiência sobre o tema estava marcada para hoje às 11h no TJ-BA.

Procurada pelo CORREIO, a assessoria de comunicação do Tribunal informou que o processo está na pauta do Pleno, que acontece hoje. Mas o desembargador José Olegário Caldas pediu vistas - ou seja, o processo continua em pauta mas não será apreciado hoje. 

Queda de rendaDe acordo com Carlos Alberto, presidente do Sindicato Taxistas Auxiliares Salvador  (Simateb), depois da chegada do aplicativo na capital, o rendimento dos taxistas caiu cerca de 70%. A expectativa, segundo os organizadores, é que até o fim do protesto cerca de 2 mil trabalhadores se juntem à carreata.

Durante o protesto, os taxistas fizeram um homenagem ao ex-taxista Carlos Alberto Pinho, que se suicidou na tarde desta terça-feira (23). Todos os veículos estão com a inscrição de 'luto'.

"Quase não durmo mais em casa, desde que a Uber começou a circular, tenho dobrado todos os dias. Passo dias e noites trabalhando e não consigo ver resultado. Ontem, por exemplo, fiz duas corridas. Enquanto o aplicativo só aceitava cartão, ainda dava pra conseguir alguma corrida. Antes eu consiga fazer até 12 corridas", reclama o taxista Luiz Carlos Nascimento, 58 anos.

PrefeituraSegundo o secretário de Mobilidade Urbana de Salvador (Semob), Fábio Mota, a liminar que seria julgada nesta quarta foi apresentada pela prefeitura em fevereiro. Ele reclamou que a liberação do Uber está dificultando a fiscalização de transportes clandestinos na cidade.

"Recorremos da decisão judicial (que garantiu o funcionamento do Uber) em fevereiro e estamos aguardando que a liminar seja julgada. A liberação do serviço está prejudicando a fiscalização porque todos os motoristas abordados dizem ser Uber, além de ser um risco para a população porque não sabemos quem são esses motoristas nem temos como fiscalizar as condições dos veículos que eles estão usando", afirmou.

O secretário disse que a prefeitura vai continuar considerando o serviço do Uber como clandestino até que o projeto que regulamenta o transporte remunerado individual por meio de aplicativos, no Brasil, seja votado no Senado. A matéria determina as regras para essa atividade em todo o país e foi aprovado pela Câmara dos Deputados, em abril deste ano.

Desde que o Uber chegou em Salvador, em abril de 2016, até fevereiro de 2017, as equipes da prefeitura apreenderam 258 veículos que atuavam pelo aplicativo.